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Para Amazon, não basta ter rapidez, é preciso gerar menos impacto ambiental

No Brasil, gigante do e-commerce tem parceria com transportadora “To Do Green", dona de frota de carros elétricos

Giovanna Sutto

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Para reforçar medidas relacionadas à sustentabilidade, a Amazon aposta em uma frota de veículos completamente elétrica para zerar suas emissões de carbono até 2030 no transporte de mercadorias em cidades consideradas estratégicas para o negócio, como Rio de Janeiro e Curitiba, no Brasil; Bogotá e Medellín, na Colômbia; Quito, no Equador; Cidade do México, capital do México; e em Bengaluru, Delhi, Mumbai e Pune, na Índia.

As ações devem começar ainda neste ano, com investimento inicial de US$ 10 milhões, e estão sob o guarda-chuva da “Laneshift”, iniciativa de logística com emissões zero, que é desenvolvida pelo “The Climate Pledge” e pelo “C40 Cities”. O primeiro é um acordo global, criado pela varejista americana em 2019, para atingir emissões zero até 2040 entre 443 empresas participantes, como Visa, IBM, Heineken, Microsoft e Uber. O segundo é um grupo de cidades empenhadas em limitar o aquecimento global a 1.5˚C — do Brasil fazem parte São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Salvador.

O “Laneshift” busca substituir os veículos de carga rodoviários das empresas por alternativas elétricas, além de incluir melhorias na infraestrutura de rotas nas cidades selecionadas. O projeto foi anunciado em setembro e ainda conta com poucos detalhes sobre seu funcionamento.

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Mas o que fez a companhia americana investir na sustentabilidade do segmento de transporte? O caminho parece óbvio, primeiro, pela importância do setor na operação da varejista, que busca encurtar o tempo do pedido à entrega da mercadoria ao cliente com menor impacto ambiental no momento em que o mundo discute os efeitos das mudanças climáticas.

Essa discussão é acompanhada pelo InfoMoney no “Delivering The Future”, evento global da Amazon realizado nesta semana na sede da empresa em Seattle, nos EUA*. “A Amazon é uma empresa de comércio eletrônico, entretenimento, provedora de nuvem, supermercado e muito mais — e estamos tornando a sustentabilidade uma prioridade em todos os nossos negócios”, diz Kara Hurst, líder global de sustentabilidade da Amazon.

Na visão da executiva, a sustentabilidade é uma das medidas conhecidas no enfrentamento dos eventos climáticos extremos registrados nos últimos anos em diferentes localidades. “Enchentes, oceanos mais quentes, incêndios. As pessoas estão sentindo na pele os efeitos das mudanças climáticas. Seja saúde para comunidade, um ar mais limpo, ou qualquer outro motivo, as pessoas já buscam por mais sustentabilidade. Por isso, reduzir pacotes ou usar ingredientes mais saudáveis, por exemplo, é oferecer melhor experiência ao cliente e isso vai se refletir na escolha da nossa plataforma para compras”, avalia.

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Para Hurst, a principal forma de transformar negócios em operações mais sustentáveis passa pela colaboração entre companhias e indústrias, a exemplo do investimento no Laneshift para transportes terrestres. “Não conseguimos fazer sozinhos e nem conseguimos estar em todos os lugares. Ao trabalhar com parceiros de serviços de entrega, por exemplo, continuamos a descarbonizar a nossa rede de transporte, transformando a frota e as operações, enquanto procuramos novas soluções de eletrificação e exploramos métodos de entrega alternativos”, explica.

No Brasil, por exemplo, a Amazon tem uma pequena iniciativa, em parceria com a transportadora “To Do Green”, com entregas “last mile” (até a casa do consumidor) feita por veículos elétricos em sete cidades do estado de São Paulo: Sorocaba, Votorantim, Taubaté, Mogi das Cruzes, Ribeirão Preto, Bauru e São José do Rio Preto.

As dinamarquesas Maersk, empresa de transporte de contêineres, e a Orsted, petrolífera estatal, trabalham em conjunto, no âmbito do “The Climate Pledge”, para ofertar aos clientes opções ecológicas em toda a cadeia de fornecimento, incluindo o Maersk ECO Delivery, que utiliza óleo de cozinha residual em vez de combustíveis tradicionais no transporte marítimo.

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Vista do escritório da Amazon, em Seattle (Giovanna Sutto/InfoMoney)

Sustentável e rentável

No rastro da sustentabilidade, a varejista americana sabe que há um ímã que fisga consumidores preocupados com o meio ambiente e que atrelam suas decisões de compra em empresas com medidas que reduzem os impactos ao planeta em suas operações.

E as medidas nem precisam ser mirabolantes. Udit Madam, vice-presidente de transportes da Amazon, diz que no “Amazon Day” dos Estados Unidos deste ano foi oferecida a opção de o cliente receber múltiplas compras dentro de uma única caixa. “Isso resulta em menores emissões de carbono ao reduzir o número total de caixas utilizadas e viagens feitas”, pontua Madam.

Essa pequena iniciativa, segundo Madam, gerou uma economia de 190 milhões de caixas só nas operações da Amazon nos Estados Unidos. A medida também foi colocada em prática nos mercados de Alemanha, França, Reino Unido e Índia.

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Para reduzir os resíduos ao máximo, a empresa está promovendo outra ação, chamada de “Enviamos na embalagem do produto”, na qual o cliente pode optar por receber a compra sem a embalagem extra da Amazon.

De acordo com Madam, em 2022, 11% de todos os pacotes enviados globalmente pela empresa não continham embalagens de entrega adicionais da Amazon. “Pacotes menores e mais leves ocupam menos espaço durante o transporte e resultam em menos emissões de carbono na entrega. Desde 2015, reduzimos o peso da embalagem por remessa em 41%, evitando mais de 2 milhões de toneladas de desperdício de material”, complementa o executivo.

Outra medida ativa é a possibilidade de o cliente escolher produtos dentro da Amazon que estão na prateleira do “The Climate Pledge Friendly”. O site da varejista destaca produtos que atendam aos padrões de sustentabilidade definidos no acordo.

“O cliente cada vez mais quer informação sobre o que compra. E a sustentabilidade pode significar coisas diferentes para cada pessoa: não testar em animais, não ter produtos químicos, entre outros. Ao facilitar esses dados oferecemos conveniência com informação e isso pode ampliar as vendas”, reforça Kara Hurst.

*Repórter viajou a convite da Amazon

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.