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A Reforma do Imposto de Renda injetará dinheiro no varejo, mas o potencial desse movimento se traduzir em caixa seguirá esbarrando no custo financeiro elevado pelos juros ainda altos em 2026. Essa foi uma das mensagens tiradas de uma coletiva de imprensa do Magalu que aconteceu na última segunda-feira (08) em São Paulo.
“Existe uma dicotomia. Por um lado, sabemos que vai haver uma demanda. O ano que vem é eleitoral e, além da reforma do Imposto de Renda, existe o vale-gás e várias outras medidas que aquecem o consumo”, afirmou Fred Trajano, CEO do Magalu. Que completou: “É difícil acreditar que não vai ter consumo aquecido em ano eleitoral, mas ao mesmo tempo a gente não consegue cravar. Eu esperava uma queda de juros esse ano, que não aconteceu”.
A preocupação levantada pelo executivo é que, mesmo com à injeção de demanda esperada em 2026, considerando que 11 milhões de famílias deixarão de pagar Imposto de Renda – disponibilizando mais de R$ 40 bilhões à economia – os juros seguirão em patamar elevado, mesmo com potenciais cortes, e continuarão ferindo o resultado financeiro da companhia, como aconteceu nesse ano.
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“Não existe problema de demanda, de receita. A grande dificuldade é converter essa receita em resultado. O que está acontecendo é que o custo de capital é tão alto que a despesa financeira tem comido o resultado das companhias. O lucro bruto das vendas é comido pela despesa financeira. Vender não é o problema, mas converter a venda em resultado é o grande desafio num país que tem a maior taxa de juros do mundo mesmo com a inflação controlada”, avaliou.
O executivo compartilhou a expectativa de que o início do ciclo de corte dos juros inicie em janeiro e caia abaixo de 11% até final do ano, o que manteria o juro brasileiro como o “mais alto do mundo”, de acordo com o CEO, mas ainda assim representando um cenário mais otimista comparado ao último Boletim Focus, cuja previsão da Selic para 2026 aumentou de 12% para 12,25% ao ano.
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Em linha, Luiza Helena, presidente do conselho administrativo do Magalu, também teceu suas críticas aos níveis atuais de juros. “Não tem razão para os juros estarem nesse patamar. Temos os níveis de emprego bom, saímos do mapa da fome. Duas coisas trazem mercado: a renda e o crédito. A renda vem do emprego, que está bom, e o crédito… Não tem inflação. É que colocaram uma meta de inflação de 3% e ficam buscando isso independente de tudo. Eu sei que vão me criticar, falar que eu não sei o que déficit público, mas a verdade é que estão acabando com a pequena empresa. Para gente é mais fácil, mas não para quem é pequeno”.
Mas visão ponderada não anulou todo o otimismo histórico dos Trajano. “Minha tia sempre falava que é na crise que cresce. Se o bolo é o mesmo, vamos pegar o pedaço de alguém que está sobrando”, finalizou Luiza Helena.