Inflação dos ovos e o conceito de oferta x demanda, segundo o fundador da Mantiqueira

Leandro Pinto foi o convidado do sexto episódio do podcast Raiz do Negócio, parceria entre InfoMoney e The AgriBiz

Felipe Siqueira

O fundador da Mantiqueira, Leandro Pinto, em participação no podcast Raiz do Negócio, sua estrada entre o campo e a Faria Lima, parceria entre InfoMoney e The AgriBiz (Foto: Reprodução/RDN)
O fundador da Mantiqueira, Leandro Pinto, em participação no podcast Raiz do Negócio, sua estrada entre o campo e a Faria Lima, parceria entre InfoMoney e The AgriBiz (Foto: Reprodução/RDN)

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O Brasil e o mundo enfrentaram uma alta nos preços dos ovos, especialmente entre o final do ano passado e o início de 2025. Internacionalmente, se usou o termo “eggflation”, por conta do peso do produto nos respectivos índices de inflação de cada país.

Em entrevista ao Raiz do Negócio, sua estrada entre o campo e a Faria Lima, um podcast do InfoMoney em parceria com The AgriBiz, o fundador da Mantiqueira, Leandro Pinto, afirmou que isso aconteceu por conta da soma de alguns fatores, especialmente no quesito oferta x demanda.

Oferta x demanda

Resumidamente, o conceito de oferta x demanda explica que, quanto maior a demanda e menor a oferta, maior será o preço de um bem. O inverso também é válido.

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Isso acontece porque, quanto mais pessoas desejam o mesmo item – e este se encontra, por qualquer que seja o motivo, com disponibilidade limitada -, o valor a ser cobrado tenderá a ser maior, por conta, justamente, deste alto interesse. E, quando se tem um desequilíbrio em uma dessas partes – seja na oferta ou na demanda -, o preço será afetado.

E foi justamente esse ponto que sofreu um revés nos últimos meses. A demanda por ovos no mundo tem sido crescente. E, recentemente, casos de gripe aviária começaram a estourar em diferentes países. Os Estados Unidos, por exemplo, tiveram que importar a commodity brasileira para, justamente, resolver essas questões: falta de ovos por contaminações de aves e consequente aumento nos preços.

O Brasil também passou pela gripe aviária, mesmo que afetado em uma escala muito menor. “Se eu diminuo a produção por um problema sanitário, vai gerar falta. Várias vezes, nós, produtores de ovo, colocamos uma nota de R$ 20, de R$ 50, dentro de uma caixa de ovo, para poder entregar ao consumidor (com prejuízo ou lucro menor). Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca nunca acabe.”

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A dinâmica de mercado

Leandro salienta que o mercado tem “curvas longas” de adaptação. Não necessariamente uma ação consegue influenciar toda a cadeia em curto prazo.

“O ciclo da galinha é muito longo, de cerca de dois anos”, explicou. Para além disso, uma galinha poedeira, com condições de ajudar a abastecer a granja, demanda uma preparação de, ao menos, seis meses. Portanto, mesmo quando há falta no mercado, o processo de substituir as aves infectadas por outras em situação saudável não é tão simples.

“Não é uma coisa que você fala assim: ‘eu vou regular o mercado, ligando uma máquina ou desligando’. Nós estamos falando de coisas vivas”, finalizou.