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Indústrias voltam a reduzir previsão para a produção brasileira de soja

Abiove passa a projetar 156,1 milhões de toneladas, menos que no ciclo 2022/23

Fernando Lopes

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Os problemas climáticos que afetaram lavouras de soja em diversos polos do país, sobretudo nas fases de plantio e desenvolvimento, levaram a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) a novamente reduzir sua estimativa para a colheita do grão no país nesta safra 2023/24. O volume foi ajustado para 156,1 milhões de toneladas, ante as 160,3 milhões previstas em dezembro e as 158,7 milhões calculadas pela entidade para o ciclo 2022/23.

De acordo com a projeção mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgada no início do mês passado, a produção chegará a 155,3 milhões de toneladas, ante 154,6 milhões em 2022/23. Diversas consultorias privadas já trabalham com números ainda menores, e a expectativa no mercado é que a Conab promova um novo corte em sua estimativa no relatório sobre a safra que será divulgado na quinta-feira.

Nas contas da Abiove, a área plantada com a oleaginosa cresceu de 44,1 milhões para 45,2 milhões de hectares da temporada passada para a atual, enquanto a produtividade média das lavouras deverá recuar de 3.575 quilos por hectare para 3.455. Fortes chuvas prejudicaram o potencial produtivo na região Sul, mas o problema principal é no Centro-Oeste, onde o calor e as precipitações irregulares estão gerando forte quebra de safra.

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Em Mato Grosso, que lidera a produção brasileira de grãos, o rendimento médio das plantações deverá diminuir 15,2%, para 52,81 sacas de 60 quilos por hectare, conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea/Famato). O órgão estima que a área plantada permaneceu estável em relação ao ciclo anterior, em 12,1 milhões de hectares, e com isso prevê que a colheita no Estado vai atingir 38,4 milhões de toneladas.

O Imea realçou, em relatório divulgado ontem, que a quebra de safra vem sendo acompanhada por redução de preços e prêmios, conjunção que certamente prejudicará a renda dos agricultores. Em Mato Grosso, a saca de soja foi negociada na semana passada, em média, por R$ 94,91, 3,75% menos que na semana anterior e menor patamar em três anos. Já os prêmios no porto de Santos recuaram 20,6% na comparação semanal.

Com a evolução da colheita, já concluída em 40% da área plantada em Mato Grosso, a expectativa é de novas quedas de preços domésticos. Na bolsa de Chicago, principal referência para as cotações internacionais, a tendência é também de pressão, tendo em vista a confortável relação global entre oferta e demanda, em parte garantida pela recuperação da produção da Argentina.

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Em linha com o cenário de queda das cotações internacionais, a Abiove prevê que a tonelada de soja em grão exportada pelo Brasil sairá, em média, por US$ 470 em 2024, ante US$ 523 no ano passado. A entidade projeta que serão embarcadas 99,2 milhões de toneladas este ano, ante 101,9 milhões em 2023, e, com isso, calcula que a receita dos embarques cairá de US$ 53,2 bilhões para US$ 46,6 bilhões.