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Casas Bahia: recuperação extrajudicial não deve ultrapassar 40 dias; veja condições

Segundo CEO da varejista, mercado tinha "percepção equivocada" sobre cenário da empresa

Iuri Santos

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Frente a um processo que descreve como “virtualmente aprovado”, o Grupo Casas Bahia (BHIA3) entende que todo o processo de sua recuperação extrajudicial não deve ultrapassar 40 dias. Contados os sete dias para juízo do pedido, a homologação não deve demorar mais que um mês, embora o prazo limite seja de 60 dias. “Com a pré-aprovação dos credores, em um processo simples, deve demorar de 30 a 40 dias. Pode haver um atraso, mas essa é a nossa previsão”, disse em teleconferência o CEO da companhia, Renato Franklin, na manhã desta segunda-feira (29).

Anunciado na véspera, o acordo reestrutura R$ 4,1 bilhões em dívidas e já foi aprovado pelo Bradesco (BBDC4) e pelo Banco do Brasil (BBAS3), principais credores da companhia. Com uma aprovação de 55%, acima do limite mínimo de 50% definido para esse instrumento, o acordo deve prosperar rapidamente, avaliam analistas. O valor total corresponde a quatro emissões de debêntures e CCBs (cédulas de crédito bancário) emitidos nos últimos anos.

O que acontece a seguir

Com a renegociação, as dívidas serão concentradas em uma debênture com duas séries. Na série um estão 37% dos créditos, totalizando R$ 1,5 bilhão, enquanto na segunda ficam os outros 63%, com R$ 2,6 bilhões a receber. Neste último grupo, há duas classificações: a de “parceiros” e “não parceiros”. Os credores parceiros têm a opção de conversão da dívida em equity em uma janela de 18 a 36 meses. O risco de diluição de acionistas foi uma das preocupações de analistas entre ontem e hoje.

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Poderão optar pela conversão os credores parceiros que mantenham as atuais condições de negociação para suas linhas que não estejam dentro dos R$ 4,1 bilhões negociados — isso é, não façam parte das quatro debêntures nem dos CCBs — ou que invistam novos recursos na companhia.

“Por constituir um valor mobiliário conversível, essas novas debêntures da série 2 estarão sujeitas ao direito de prioridade dos atuais acionistas da companhia. Eles poderão optar por subcrevê-las durante uma janela de cinco dias úteis entre o lançamento e a liquidação da oferta”, explicou o CFO do grupo Casas Bahia, Elcio Mitsuhiro. “O direito de prioridade poderá ser distribuído proporcionalmente à participação dos acionistas no capital social da companhia”, continua.

Sem mudanças nos planos

A negociação das dívidas ocorre em meio a um plano de transformação da empresa, do qual resultou a recente troca do nome do grupo de Via para Grupo Casas Bahia. Após o avanço da recuperação extrajudicial, que lida com o problema da estrutura de capital, a companhia agora pode dedicar esforços aos ganhos operacionais do plano. “O reperfilamento dá tempo hábil para podermos trabalhar e permitir o foco do management na operação da companhia”, disse Franklin.

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O CEO diz que a estratégia não muda. O foco continua na transformação operacional e no plano de transformação, com prazo para ser finalizado em 2024, deixando para 2025 em diante apenas algumas melhorias incrementais.

Segundo a varejista, começa um novo ciclo de crescimento que prioriza CRM (ferramentas de relacionamento com clientes), captura de margens com precificação mais dinâmica e espaço para a abertura de novas lojas, em que deve haver maior monetização com retail media.

Desde que começou o plano, a companhia reduziu R$ 1,2 bilhão em estoques e migrou 23 categorias para o marketplace. Em 2023, demitiu 8,6 mil funcionários e fechou 55 lojas, além de 4 sublocações de centros de distribuição.

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Na avaliação do executivo, o mercado tinha uma “percepção equivocada” sobre o cenário e não tinha dimensão do apoio dos credores ao plano desenvolvido pela empresa.

Iuri Santos

Repórter de inovação e negócios no IM Business, do InfoMoney. Graduado em Jornalismo pela Unesp, já passou também pelo E-Investidor, do Estadão.