PwC ensina “resiliência” a contratados da Geração Z para poderem aceitar críticas

Consultoria considera que esses jovens profissionais estão ansiosos para ter sucesso, mas a pandemia pode ter deixado lacunas em habilidades essenciais

Emma Burleigh Fortune

PWC está ensinando profissionais da Geração Z a lidarem com as dinâmicas do trabalho (Foto: Patricio Nahuelhual/Getty Images/The New York Times Licensing Group)
PWC está ensinando profissionais da Geração Z a lidarem com as dinâmicas do trabalho (Foto: Patricio Nahuelhual/Getty Images/The New York Times Licensing Group)

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A geração Z costuma ser rotulada como uma geração “preguiçosa” de trabalhadores, sem ambição de subir na hierarquia corporativa. Mas, segundo a PwC do Reino Unido, o verdadeiro desafio não é a motivação — é a resiliência. Esses jovens profissionais estão ansiosos para ter sucesso à sua maneira, mas a pandemia pode ter deixado lacunas em habilidades essenciais. Por isso, a consultoria do grupo das “Big Four” está tomando a iniciativa de oferecer treinamento em “resiliência” a seus novos contratados.

“Muitas vezes nos chama a atenção que os graduados que chegam até nós — que passam em todos os testes cognitivos que aplicamos — nem sempre têm resiliência”, disse recentemente ao The Sunday Times Phillippa O’Connor, diretora de pessoas da PwC do Reino Unido. “Eles nem sempre têm as habilidades humanas que queremos mobilizar no trabalho com os clientes para os quais os direcionamos.”

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“Nós realmente dobramos a aposta, especialmente com os formandos deste ano”, continuou O’Connor. “Estamos fazendo uma série de treinamentos separados nos primeiros seis meses com a gente, focados de fato em resiliência e em algumas dessas habilidades de comunicação.”

A executiva descreveu resiliência como a capacidade de lidar com as dinâmicas do trabalho cotidiano — especialmente pressão, críticas ou situações delicadas. Essa habilidade, afirmou, é particularmente crucial em um ambiente de negociação, no qual administrar desafios é uma parte “central” da função.

Segundo O’Connor, muitos trabalhadores mais jovens simplesmente não tiveram a oportunidade de desenvolver esse músculo durante a pandemia, quando os confinamentos interromperam a educação e as primeiras experiências no ambiente de trabalho que normalmente ajudariam a formar essa competência.

Mas, ao oferecer esse treinamento especial, a PwC está garantindo que os talentos que ocuparão suas 1.300 vagas de graduação abertas no Reino Unido neste ano — que receberam cerca de 47 mil candidaturas — estejam bem preparados para ter sucesso.

A Fortune procurou a PwC para comentar.

Empresas estão oferecendo treinamentos especiais à geração Z

O treinamento em “resiliência” da PwC é apenas um exemplo de como empregadores vêm se mobilizando para garantir que a geração Z esteja pronta para ter sucesso no mercado de trabalho.

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Em 2023, outra gigante das “Big Four”, a KPMG, ofereceu instruções adicionais a seus contratados da geração Z. A empresa disponibilizou treinamento para seus talentos recém-formados, preocupada com a dificuldade deles em se adaptar à vida profissional — especialmente no que diz respeito às “soft skills”, como fazer apresentações, trabalhar em equipe e gerenciar projetos.

A diretora de pessoas da startup de proteção de dados Cohesity, avaliada em US$ 1,5 bilhão, Rebecca Adams, também tem defendido uma maior coesão entre gerações.

No início deste ano, a executiva liderou um esforço para capacitar gestores a administrar jovens profissionais, afirmando que a geração Z responde de forma diferente ao feedback: “Eles querem saber o porquê, o como — querem feedback constante”.

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Por outro lado, ela descreveu ter de ensinar “coisas básicas” a jovens funcionários que deixariam seus colegas da geração X boquiabertos.

“Como eu organizo minha agenda? Você realmente precisa aceitar o convite da reunião”, explicou Adams à Fortune em setembro. “Não dá para simplesmente sair da reunião em que você está porque tem outra acontecendo ao mesmo tempo.”

Organizações filantrópicas também estão se mobilizando para resolver as armadilhas profissionais da geração Z.

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A Radical Hope é uma organização sem fins lucrativos que ajuda a equipar estudantes universitários com habilidades essenciais, incluindo comunicação, destreza interpessoal e inteligência emocional.

Ela começou como um projeto-piloto na Universidade de Nova York em 2020, depois que especialistas observaram “níveis elevados de ansiedade, estresse e depressão” entre os estudantes nos anos anteriores — e já se espalhou para 75 campi universitários.

Liz Feld, CEO da Radical Hope, espera que os jovens treinados da geração Z se tornem habilidosos nas competências “que todos nós aprendemos crescendo no convívio do dia a dia em casa”.

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Até mesmo coisas pequenas, como conversa fiada, podem ser um desafio para esses jovens esperançosos que buscam um dia ter sucesso no ambiente de trabalho.

“Eles não vão perguntar a alguém: ‘Você quer ir ao restaurante universitário jantar, quer ir tomar uma cerveja, quer dar uma caminhada, quer tomar um café?’”, disse Feld à Fortune, acrescentando que, se alguém diz “não”, a confiança deles desmorona. “Eles internalizam tudo. A rejeição cara a cara é o que eles temem.”

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