Estratégias de líderes para evitar burnout e trazer energia às equipes no fim do ano

As últimas semanas de dezembro ficam sobrecarregadas de prazos e obrigações de última hora; semana anual de fechamento evita isso

armandopereira Frans van Loef Harvard Business Review

A semana anual de fechamento é um ritual simples, mas poderoso, para evitar acúmulos no fim de ano (Foto: Freepik)
A semana anual de fechamento é um ritual simples, mas poderoso, para evitar acúmulos no fim de ano (Foto: Freepik)

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Todo janeiro, executivos esperam começar o ano com energia e foco. Ainda assim, com frequência, as equipes voltam do recesso de fim de ano exaustas em vez de renovadas. Em vez de se sentirem recarregados, funcionários relatam cansaço, trabalho inacabado e até tensão em casa por terem trabalhado durante as festas.

Esse é o paradoxo da produtividade de fim de ano: as últimas semanas de dezembro, quando a energia está mais baixa, ficam sobrecarregadas de prazos, reuniões e obrigações de última hora. Pesquisas mostram que 41% das pessoas vivenciam níveis elevados de estresse nesse período, o que leva à ineficiência, à continuidade do trabalho fora do expediente e ao burnout.

Leia também: Você sabe identificar se sua equipe está sobrecarregada de trabalho?

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O paradoxo não diz respeito apenas à produtividade; ele também envolve a memória. Psicólogos chamam isso de efeito pico-fim: as pessoas avaliam uma experiência em grande parte por como ela termina.

Se o ano se encerra em caos, os funcionários se lembram de todo o ano como exaustivo, não importa quão equilibrados tenham sido os meses anteriores. Essa memória distorcida se estende até janeiro, minando a motivação e o impulso.

A semana anual de fechamento

Com base no meu trabalho com equipes executivas, introduzi um ritual simples, mas poderoso, para mudar essa dinâmica: a semana anual de fechamento.

Pense nisso como um pit stop da Fórmula 1. Os carros não vencem correndo sem parar; eles vencem porque os pit stops os mantêm competitivos.

A semana de fechamento é o pit stop organizacional que previne o burnout, cria encerramento e prepara o terreno para um novo começo.

O princípio é simples: feche pendências, não abra novas. Quando você conclui tarefas, seu cérebro consegue tirá-las da atenção ativa, liberando espaço mental. Quando abre novas atividades, você sobrecarrega a memória e cria estresse.

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Ao fechar pendências agora e adiar novas, você gera o espaço mental, a sensação de realização e a energia coletiva que tornam um verdadeiro fechamento de ano significativo.

Como iniciar o ritual da semana de fechamento

Aqui está um passo a passo prático para aplicar a semana de fechamento na sua organização, junto com exemplos de clientes meus que iniciaram o ritual com sucesso. (Os nomes foram alterados para preservar a privacidade.)

Defina expectativas. Prepare o terreno para o sucesso. Comece explicando à sua equipe por que você está introduzindo esse novo ritual: reduzir o estresse, proteger a energia e começar o novo ano revigorado. Em seguida, estabeleça estes parâmetros durante a semana de fechamento da equipe:

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Priorize concluir em vez de começar. Dê à equipe permissão para identificar o que realmente precisa ser finalizado e o que pode ser adiado. Grande parte da atividade frenética nas organizações é falsa urgência: ocupação que não leva a progresso significativo.

Proíba a maioria das reuniões. Anne, uma cliente minha, implementou um veto a reuniões, e sua equipe liberou mais de 40% do tempo.

Incentive respostas automáticas de ausência (fora do escritório). Eis um exemplo de como uma resposta automática pode soar: “Obrigado pela sua mensagem. Estou priorizando trabalho focado neste momento, à medida que nos aproximamos do recesso de fim de ano, e posso demorar mais para responder aos e-mails. Voltarei a checar minha caixa de entrada com mais regularidade na segunda-feira, 5 de janeiro”.

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Identifique quais tarefas priorizar durante a semana. As quatro perguntas a seguir ajudarão você e os membros da equipe a identificar onde concentrar a atenção. Perguntem a si mesmos:

1. Quais decisões de “porta de duas vias” vocês vêm adiando?

A Amazon popularizou o conceito de “portas de duas vias”: decisões que podem ser revertidas, se necessário. Muitas vezes, elas são adiadas sem necessidade.

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Steve, um executivo de vendas, vinha postergando duas decisões desse tipo: uma sobre um membro da equipe que não estava atendendo às expectativas e outra sobre descontinuar um produto em queda. Durante a semana de fechamento, ele finalmente teve a tranquilidade para agir em ambas. O alívio foi imediato.

2. Quais tarefas inacabadas lhe dariam a maior sensação de satisfação quando finalmente concluídas?

Aqui vão outros dois exemplos de clientes para ilustrar o quanto faz diferença focar tempo e energia em algo que você queria riscar da lista.

Mia, chefe de gabinete, enfrentava milhares de e-mails sem resposta. Em vez de se arrastar por eles, ela apagou tudo o que tinha mais de três meses (com triagem por IA para exceções). O alívio foi imediato, e o ganho de energia a levou para o novo ano.

Julia, vice-presidente de marketing, e seus colegas lidavam com o caos nos canais de comunicação. Sete ferramentas diferentes de mensagens eram usadas de forma intercambiável.

Ela se comprometeu a reduzi-las para três, com diretrizes claras para cada uma. A semana de fechamento lhe deu o espaço mental de que precisava para preparar a proposta para a primeira reunião da liderança em janeiro.

3. Qual conversa atrasada você vem adiando?

Muitos líderes procrastinam conversas que esperam ser desconfortáveis. A semana de fechamento é o momento de enfrentá-las.

Lillian, fundadora de uma marca de consumo em rápido crescimento, enfrentava um dilema. Seu diretor de compras e merchandising se destacava ao gerenciar as demandas da expansão acelerada, mas parecia consumido pelo ritmo do dia a dia.

O pensamento estratégico sobre como a área deveria ser organizada para os próximos anos vinha sendo adiado. Lillian hesitou em levantar o tema — afinal, o executivo e sua equipe já estavam sobrecarregados.

Mas, ao reconhecer que o crescimento futuro dependia de construir capacidade organizacional agora, ela sabia que precisava ter a conversa.

A semana de fechamento finalmente lhe deu o tempo necessário para falar com o colega, e acabou sendo uma conversa muito construtiva, que levou a uma nova abordagem proativa para o crescimento estratégico.

4. Quais reuniões, relatórios ou atividades poderiam ser eliminados ou radicalmente reduzidos no novo ano?

Uma das atividades mais energizantes da semana de fechamento é descarregar tarefas que drenam tempo para criar espaço para novas áreas de foco ou para intensificar as existentes. Com muita frequência, reuniões e relatórios rotineiros avançam automaticamente para o novo ano sem serem questionados.

Patrick, líder de uma unidade de negócios, revisou todas as reuniões rotineiras agendadas para janeiro com sua assistente.

Eles identificaram em quais ele poderia se retirar, em quais participaria apenas sob demanda e onde a frequência ou a duração poderiam ser reduzidas. O resultado: uma redução de 30% no tempo gasto em reuniões rotineiras.

Kevin, gerente de uma unidade de produção farmacêutica, havia concordado com sua equipe executiva em ajustar a pauta de uma reunião quinzenal — todos sentiam que havia tempo demais dedicado a questões do dia a dia e pouco ao crescimento do negócio.

A semana de fechamento lhe deu tempo para refletir e, junto com um membro-chave da equipe, ele redigiu uma nova pauta, ajustou a lista de participantes e definiu a duração das reuniões daqui em diante.

Celebre o ritual

Para consolidar a semana de fechamento como um ritual estratégico, encerre com celebração. Reúna a equipe, compartilhe os três principais fechamentos da semana e destaque um aprendizado-chave. Em seguida, pergunte:

Em uma escala de 1 a 5, como você está indo para as festas em comparação com o ano passado?

(5 = significativamente melhor, menos estressado; 1 = mais estressado.)

Essa reflexão simples reforça o valor do ritual e constrói impulso para o ano seguinte.

Por que fechar importa mais do que começar

A maior parte dos conselhos de liderança sobre produtividade se concentra em como começar um novo ano. Mas começos são moldados por encerramentos.

Se você fecha o ano de forma diferente, com resolução e reflexão intencionais, permite que a equipe termine com sensação de realização e comece revigorada, não sobrecarregada por pendências.

Introduzir um novo ritual não apenas muda a experiência de fim de ano; pesquisas em diferentes áreas mostram que rituais são vitais em momentos de transição e podem oferecer significado, encerramento e energia coletiva.

A semana anual de fechamento é um desses rituais. Ela transforma o paradoxo da produtividade de fim de ano em um momento de renovação.

Ao fechar pendências, enfrentar decisões atrasadas, descarregar trabalho rotineiro e celebrar conquistas, líderes podem garantir que suas equipes entrem em janeiro não exaustas, mas energizadas.

Frans van Loef é coach executivo baseado em Amsterdã e especialista em gestão da capacidade humana nas organizações.

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