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Evertec finaliza compra da Sinqia, mas mantém a gestão da brasileira

CEO da empresa de Porto Rico quer que a Sinqia entre no mercado de pagamentos e continue trajetória bem-sucedida de M&As

Lucas Sampaio

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A Evertec (NYSE: EVTC) anunciou na noite desta quarta-feira (1º) a conclusão da aquisição da Sinqia (SQIA3), uma das “queridinhas” da Bolsa brasileira, pouco mais de três meses após o anúncio da proposta. Mas, apesar da compra, o deal é encarado pela empresa de Porto Rico muito mais como uma fusão, afirma o CEO Mac Schuessler ao IM Business.

O C-level será mantido em um primeiro momento, assim como o nome da empresa e a sua equipe de M&As. A empresa brasileira comprou 24 empresas desde sua oferta pública inicial de ações (IPO), em 2013, e viu seu valor de mercado passar de cerca de R$ 90 milhões para mais de R$ 2 bilhões em dez anos. O CEO da Evertec diz que a Sinqia tem uma trajetória de sucesso e uma marca forte no Brasil, por isso não faria sentido uma mudança de rumo no momento.

“Estamos tratando como uma fusão, para ter o melhor das duas culturas. Não queremos desacelerar a Sinqia, nosso objetivo é exatamente acelerar seu crescimento”, afirma o executivo, que elogia os sócios-fundadores da empresa brasileira, Bernardo e Luciano — que continuarão à frente da gestão.

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A aquisição será também uma via de mão dupla: a Sinqia passará a oferecer, para os seus quase mil clientes, as soluções de tecnologia da Evertec – principalmente de meios de pagamento. Ao mesmo tempo, a empresa de Porto Rico poderá ampliar sua oferta de produtos em outros países da América Latina, oferecendo as soluções da companhia brasileira aos seus clientes no Uruguai, no Chile, na Colômbia, no México e em outros mercados em que atua.

A Sinqia, que era listada na B3 e deixará a Bolsa brasileira com a conclusão do negócio, oferece softwares para bancos, consórcios, fundos de pensão e gestoras no país, além de serviços de consultoria. Já a Evertec é listada na Bolsa de Nova York (Nyse) e atua principalmente com processamento de pagamentos em 26 países, com clientes como o Mercado Livre, o Santander e o iFood, mas tinha uma presença ainda pequena no Brasil.

Agora, vai montar um grupo de trabalho para avaliar quais produtos da brasileira podem ser “exportados” e quais podem ser incorporados aqui, mas as empresas já buscam soluções que já possam ser alvo deste “intercâmbio”. “Temos sinergias nas duas direções. Em 2024 vamos criar um roadmap de produtos [da Sinqia] para exportar para toda a América Latina”.

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O vice-presidente da Sinqia, João Carlos Bolonha, diz que as empresas já estão testando algumas soluções da Evertec com o Pix, como por exemplo uma espécie de “Pix cross-border”. “Ao combinarnos produtos, 1 + 1 pode dar 3. Não necessariamente precisamos levar um produto de um lugar para o outro, mas podemos colocá-los juntos”, afirma o executivo, que trabalhou no Google antes da Sinqia e chegou a ser diretor do Google Cloud na América Latina.

Ex-Google, João Carlos Bolonha será mantido como vice-presidente de Sinqia após a compra pela Evertec

A empresa porto-riquenha ofereceu R$ 2,4 bilhões para comprar a brasileira em julho – um prêmio de 20% sobre o seu valor de mercado na época. Schuessler afirma que um dos motivos da aquisição é poder usar a geração de caixa da Evertec para permitir à Sinqia acelerar a sua estratégia de crescimento orgânico, com investimentos em novos produtos, e também inorgânico, via aquisições.

“Como CEO, posso fazer 4 coisas: pagar dividendos aos acionistas, fazer recompra de ações, investir na companhia e comprar outras empresas”, afirma Schuessler. “A Evertec tem muito fluxo de caixa, então pretendemos comprar muitas empresas no Brasil”.

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Lucas Sampaio

Jornalista com 12 anos de experiência nos principais grupos de comunicação do Brasil (TV Globo, Folha, Estadão e Grupo Abril), em diversas funções (editor, repórter, produtor e redator) e editorias (economia, internacional, tecnologia, política e cidades). Graduado pela UFSC com intercâmbio na Universidade Nova de Lisboa.