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Emergência climática pressiona estratégias de comunicação corporativa

62% dos consumidores desconfiam de ações de sustentabilidades divulgadas pelas empresas, apontou, no Aberje Trends, a gerente de Comunicação da Basf para América do Sul, Ornella Nitardi

Anna França

Parte do dinheiro vai para o enfrentamento a desastres ambientais, como as enchentes no Rio Grande do Sul. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Parte do dinheiro vai para o enfrentamento a desastres ambientais, como as enchentes no Rio Grande do Sul. Foto: Ricardo Stuckert/PR

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Falar sobre seus projetos de ESG acabou se tornando comum entre empresas. Mas o avanço das mudanças climáticas, com crescimento das emergências pelo mundo, acabou colocando uma pressão maior do que a esperada pelo mundo corporativo e influenciando o trabalho de comunicação das companhias. O desafio foi debatido no painel “Caos climático e a COP30: como as mudanças climáticas já estão influenciando o trabalho dos comunicadores e das áreas de ESG”, da 9ª edição do Aberje Trends, em São Paulo.

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A comunicação corporativa corre riscos tanto ao usar informações que criam uma “maquiagem verde” nos dados da empresa para comunicar as ações, o chamado greenwashing, quanto ao fazer o oposto, ficar em silêncio para não ser acusado de fazer poucos esforços na área, que vem sendo chamado greenhushing, ou “silêncio verde”.

“É preciso ter muito cuidado com essas ações, porque o consumidor hoje está mais crítico e não aceita qualquer tipo de informação sobre sustentabilidade”, disse a gerente sênior de Comunicação Corporativa da Basf para a América do Sul, Ornella Nitardi, durante do Aberje Trends.

Segundo a executiva, os dados são muito importantes para desenhar novas narrativas, especialmente para uma fabricante de produtos químicos. Só para exemplificar, ela diz que 62% dos consumidores, apesar de atentos ao impacto ambiental, desconfiam das ações de sustentabilidades divulgadas pelas empresas.

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Por isso, a Tetra Pack tornou a sustentabilidade um pilar estratégico globalmente e apostou no desenvolvimento de novas embalagens e na reciclagem. O trabalho vai além da comunicação. Há 25 anos, a empresa apoia cooperativas de reciclagem no Brasil, além de investir R$ 26 milhões em Pesquisa e Desenvolvimento no País para manter o cuidado com a natureza, recuperando inclusive uma floresta de araucária. “Não queremos só compensar carbono, mas sim deixar um legado no País e poder mostrar resultados”, explica Michele Gassi, gerente de Comunicação da Tetra Pak.

Para Bruno Rossini, diretor sênior na 99, mostrar resultados é um dos grandes desafios para uma empresa digital. Mesmo assim a companhia – que hoje faz parte do grupo chinês Didi, presente em 18 países com mais de 5 milhões de motoristas – decidiu quantificar suas ações para poder embasar a comunicação.  “Somos um dos maiores ecossistemas de mobilidade urbana no Brasil e sabemos o impacto que temos no meio ambiente, com uso de energia fóssil, gerando poluição e gases de efeito estufa. Reconhecemos isso e há três anos começamos a quantificar e trabalhar para reduzir o aquecimento global ampliando a frota de carros elétricos”, afirma.

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Questionado pela mediadora Pâmela Vaiano, diretora de Comunicação Corporativa do Itaú Unibanco, se a COP30 deve ser a grande vitrine para as ações voltadas à sustentabilidade, todos concordaram. Desde que foi anunciada, a COP30 já está influenciando todo o trabalho das áreas de ESG e de comunicação das empresas.

Anna França

Jornalista especializada em economia e finanças. Foi editora de Negócios e Legislação no DCI, subeditora de indústria na Gazeta Mercantil e repórter de finanças e agronegócios na revista Dinheiro