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Digitalização não é “apocalíptica” para produtoras de caixas eletrônicos, defende Diebold Nixdorf

Umas das maiores empresas do segmento do mundo, empresa pretende dobrar capacidade de fábrica em Manaus

Iuri Santos

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Há quatro anos, correntistas brasileiros tiveram uma das principais provas da digitalização do sistema financeiro nacional: o lançamento do Pix. Rapidamente, “fazer um Pix” virou “transferência”, e o instrumento se tornou o principal meio de pagamento no país. Essa agenda de inovação ainda deve resultar no Drex, moeda digital que se encontra em fase de testes. Mas nada disso assusta a Diebold Nixdorf, uma das principais produtoras de caixas eletrônicos (ATM) do mundo. “Olhamos com muita atenção para esse movimento de digitalização, mas ele não é tão apocalíptico como alguns pregam”, diz Elias Rogério da Silva, presidente da companhia no Brasil.

A centenária empresa de tecnologia para o sistema financeiro tem no Brasil seu terceiro maior mercado, onde tem participação, calcula, de 55%. O número vem andando de lado, e é uma espécie de teto para a companhia. “Enquanto os bancos consolidam seu tamanho, muitas vezes com cortes no número de agências, temos crescido em cooperativas de crédito. Com essa equalização, conseguimos ‘zerar’ o que perderíamos com os fechamentos”, afirma Rogério da Silva ao IM Business.

Dados do Banco Central apontam para uma queda de 26% no número total de Postos de Atendimento Eletrônico de instituições financeiras desde julho de 2016, quando eles passaram a ser registrados separadamente no sistema de dados (o cálculo considera dependências com um ou mais terminais). Mesmo diante desse cenário, a Diebold Nixdorf garante estar melhorando seus resultados operacionais e, apesar de não revelar valores, diz que seu faturamento cresce a uma taxa de dois dígitos.

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Com o número de ATM vendidas patinando, o aumento do ticket médio das máquinas é o que puxa as receitas para cima, aponta o presidente da empresa no Brasil. Seus 140 mil caixas eletrônicos na região são trocados, em média, a cada sete anos, e as renovações de modelos, com novas tecnologias, permitem a valorização do equipamento. Recursos como a chamada “reciclagem de notas” (utilização de cédulas depositadas por um correntista no saque do próximo) e o “depósito inteligente” (leitura automática de valores depositados e atualização rápida do saldo) são algumas das inovações nos modelos mais recentes.

Investimentos de valor não revelado estão em curso para a expansão da fábrica da empresa em Manaus. A ideia é que a capacidade de produção da planta seja duplicada para atender a demanda de países hispanófonos da América Latina. “Devido a problemas na cadeia de produção global que enfrentamos na pandemia, decidimos transformar Manaus em um polo de pesquisa e desenvolvimento”, diz o executivo. “Os investimentos são para suprir necessidades não só do Brasil, mas demandas do México para baixo, que anteriormente eram atendidas pelas fábricas da China e da Alemanha”, afirma.

A empresa não nega que a digitalização está transformando os hábitos de uso de ATM pela população, mas vê o maior impacto em transações não relacionadas ao dinheiro — essas sim, avalia, têm migrado para plataformas digitais, sobretudo o mobile. “Se olhamos os dados do Banco Central, o dinheiro não está ‘acabando’. Pelo contrário. O volume de meio circulante tem crescido na economia”, realça Rogério da Silva. Ele descreve o Brasil como uma “cash society”, ou seja, um país em que as transações são majoritariamente feitas por meio de dinheiro em espécie.

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Desde o lançamento do Pix, em fevereiro de 2020, até março deste ano, a quantidade de cédulas e moedas em circulação cresceu. O total de notas foi de 6,62 bilhões para 7,49 bilhões, enquanto as moedas circulantes passaram de 27,15 bilhões para 30,7 bilhões.

Outros fatores além da própria cultura, no entanto, interferem nesse número, como o nível de informalidade do país em que a moeda circula e o crescimento da economia. Um executivo com longa carreira internacional em bancos ouvido pelo IM Business concorda que o dinheiro físico não deve desaparecer, mas diz que “a tendência é que, a cada cinco anos, haja menos”.  

A Diebold Nixdorf tem buscado aumentar sua relevância também no mercado de “self checkout” (autopagamento) em varejistas, como no grupo Carrefour. Hoje, essa vertical representa 35% do faturamento total da companhia no mundo. “É um mercado em expansão, e queremos ser cada vez mais relevantes no Brasil”, aponta Rogério da Silva. Somado a isso, a empresa também explora o que chama de “mercados adjacentes” a seu ramo tradicional, com terminais para pagamento em casas lotéricas, por exemplo.

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Após entrar com um pedido de Chapter 11 (espécie de recuperação judicial dos Estados Unidos) para a reestruturação da sua dívida, que durou menos de 90 dias, a operação global da Diebold Nixdorf viu a maioria de seus indicadores subirem no quarto trimestre de 2023 frente ao mesmo período de 2022. A empresa passou de um prejuízo de US$ 42,4 milhões para um lucro operacional de US$ 55,5 milhões. O prejuízo líquido de US$ 152 milhões virou lucro líquido de US$ 27,5 milhões, e a receita subiu 7%, para US$ 1,03 bilhão.

IM Business

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