Conteúdo editorial apoiado por

Descarbonização e segurança alimentar: Arábia Saudita reforça suas intenções de investimento no Brasil

Ministro de Investimentos do reino conversou com executivos e gestores sobre as oportunidades de sinergia entre os dois países

Rikardy Tooge

Guilherme Benchimol e o ministro de Investimentos da Arábia Saudita, Khalid A. Al-Falih (Divulgação)

Publicidade

A Arábia Saudita está disposta a aumentar seus investimentos no Brasil e em diferentes setores, com olhar especial para negócios envolvendo transição energética. Essa foi a mensagem transmitida pelo ministro de Investimentos da Arábia Saudita, Khalid A. Al-Falih, durante o evento “Welcome Saudi Arabia”, promovido nesta segunda-feira (31), pela XP.

“Estamos trabalhando para alavancar as oportunidades que existem no Brasil. Vemos mineração e os créditos de carbono como iniciativas que vão ajudar a descarbonizar a economia global. A Arábia Saudita tem o compromisso de ser carbono zero, é uma transição que vai demandar muito investimento e tem fit com o Brasil”, analisou Al-Falih, durante o evento que reuniu mais de 300 executivos e gestores dos dois países, além do ministro dos Transportes, Renan Filho.

O ministro saudita lembrou do acordo de US$ 3,4 bilhões anunciado na semana passada entre Vale (VALE3) e o PIF (Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita, em inglês) para que a mineradora brasileira avance com seu negócio de metais básicos, utilizados amplamente na produção de baterias para carros elétricos.

Continua depois da publicidade

Com a economia fortemente atrelada ao petróleo, o ministro da Arábia Saudita explica que a estratégia voltada à transição energética não significa um abandono da commodity. Al-Falih aponta que os sauditas podem ganhar em agregar valor ao petróleo como substituto de itens duráveis, como plástico e concreto, por exemplo.

Executivos e profissionais do mercado se reuniram em São Paulo para ouvir os planos do Guilherme Benchimol e o ministro de Investimentos da Arábia Saudita, Khalid A. Al-Falih (Divulgação)

Outra pauta de interesse do governo da Arábia Saudita no Brasil, prossegue Khalid A. Al-Falih, é na segurança alimentar. O fundo soberano para o tema, Salic, que investiu R$ 1,6 bilhão recentemente na BRF (BRFS3) e é acionista relevante também na Minerva (BEEF3). Neste sentido, o ministro de Investimentos entende que a agropecuária seguirá sendo um ativo estratégico para os aportes do reino.

“A segurança alimentar é um tema importante para nós e queremos tornar a Arábia Saudita um polo para a segurança alimentar. Vemos oportunidade em transporte e logística e construção de silos. Por outro lado, queremos melhorar a logística para a exportação de nossos fertilizantes”. O ministro lembrou que o plano estratégico do país prevê cerca de US$ 3 trilhões até 2030 nos mais diversos setores da economia.

Publicidade

Ainda no contexto da descarbonização e segurança alimentar, Al-Falih destacou ainda a importância de Brasil e Arábia Saudita como “potências” que estão emergindo no novo contexto global — percepção que ganhou ainda mais força com a Guerra na Ucrânia, que mostrou a importância dos dois países no fornecimento de petróleo e grãos, respectivamente . “Um dos pilares da nova ordem mundial é a ascensão do Sul Global. Isso nos coloca como bons parceiros geopolíticos e acreditamos que discussões como essas nos ajudam a encontrar novos modelos de parceria para endereçarmos os nossos desafios”, acrescentou.

Guilherme Benchimol e o ministro de Investimentos da Arábia Saudita, Khalid A. Al-Falih (Divulgação)

Por outro lado, Al-Falih vê que o Brasil poderá ajudar os sauditas na expansão do mercado de capitais do reino. Atualmente, o reino tem um mercado estimado em US$ 2,4 trilhões, o nono maior do planeta. “A entrada de capital internacional será importante para nós. Convidamos todos – gestores de ativos, bancos de investimento, venture capital…– a investirem no nosso país. Queremos criar um polo internacional para trading e negociação de crédito de carbono”.

Guilherme Benchimol, fundador e chairman da XP Inc., exaltou a importância da interação entre executivos brasileiros e sauditas e prevê que o mercado de capitais deverá se interessar cada vez mais pela Arábia Saudita. “Estamos otimistas em abrir um escritório em Riad e fazer o que fazemos no Brasil lá também”, completou.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br