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Depois de quase ser suspensa, assembleia de credores aprova plano de recuperação da Americanas

Credores questionaram mudanças na proposta da varejista apresentada durante a assembleia

Equipe InfoMoney

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A assembleia geral de credores (AGC) da Americanas aprovou na noite desta terça-feira (19) o plano de recuperação judicial da varejista. A decisão teve adesão de 91,14% dos votantes. Houve mudanças e introdução de novas cláusulas na proposta, em relação ao que foi protocolado nos autos no último dia 27 de novembro, o que estendeu a sessão por mais de seis horas. A varejista diz que as alterações foram “pontuais”, mas a assembleia, que começou as 14h (horário de Brasília) quase foi suspensa por esse motivo. Os credores pediram mais tempo para avaliar as mudanças, mas apenas 10,85% dos participantes foram a favor da suspensão da sessão.

A sessão foi instalada com quórum de 97,36% dos credores da classe 3, sem garantias, o que inclui fornecedores e bancos. Eles têm maior exposição à dívida da varejista – R$ 49,9 bilhões dos R$ 50,9 bilhões. Foram esses os credores que votaram na assembleia hoje. “O plano de recuperação judicial não alterou as condições de pagamento das classes 1 [créditos trabalhistas] e 4 [créditos de microempresas ou de pequeno porte]. Essa é a razão de termos apenas a classe quirografária”, explicou Bruno Rezende, do escritório de advocacia Zveiter, administrador judicial.

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O plano, que chegou à assembleia com o aval de representantes de mais de 50% da dívida, prevê a capitalização de R$ 24 bilhões, sendo que o trio de acionistas irá colocar R$ 12 bilhões no caixa da companhia – cerca de R$ 1,5 bilhão já está nos cofres da empresa por meio de um financiamento DIP (“Debtor in Possession”, em inglês, linha para empresas em RJ) antes do acordo –, enquanto os bancos vão converter R$ 12 bilhões de crédito em ações da Americanas.

“Esse PRJ é uma peça sofisticada e foi minuciosamente pensado para endereçar a complexidade da dívida e as particularidades da operação da Americanas”, afirmou Leonardo Coelho, CEO da Americanas, antes da apresentação do plano aos credores, feita pela CFO da empresa, Camille Faria.

Já se passaram onze meses desde o anúncio de inconsistências contábeis, que revelaram um rombo de R$ 42,5 bilhões na empresa. Os cinco maiores credores da varejista – Bradesco, Santander, BTG Pactual, Itaú e Safra, que possuem cerca de R$ 16,5 bilhões a receber da varejista – assinaram o documento que seriam avaliados na assembleia de hoje. Banco do Brasil, Caixa, Banco Votorantim, ABC Brasil e fundos administrados pelo BTG e Itaú também são algumas das instituições que aderiram preliminarmente ao plano de apoio à reestruturação (PSA, na sigla em inglês).

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No PSA, a Americanas também reforçou a intenção de promover as vendas da Hortifruti Natural da Terra (HNT) e da Uni.co. Os recursos levantados com as alienações serão destinados para o pagamento antecipado de dívidas (o chamado “cash sweep”) e, caso a cifra ultrapasse R$ 1 bilhão, o restante será aplicado para financiar as operações da companhia.

O documento diz ainda que outras Unidades Produtivas Isoladas (UPIs) não-listadas inicialmente, como a operação de lojas físicas e e-commerce, poderão vir a ser negociadas.

Já para dívidas trabalhistas e de micro e pequenos empreendedores, a Americanas se compromete a fazer o pagamento integral do crédito. Para outras classes, também receberão a dívida completa credores com até R$ 12 mil a receber. Quem tiver valor maior que R$ 12 mil receberão uma oferta de R$ 12 mil, renunciando ao valor excedente a receber.

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Por fim, serão destinados até R$ 8,7 bilhões para pagamento de seus credores financeiros, por meio de um leilão reverso com funding de até R$ 2 bilhões e o pagamento antecipado com desconto de R$ 6,7 bilhões em recursos. A previsão é que, ao final do processo de recuperação judicial, a Americana esteja com uma dívida bruta de R$ 1,87 bilhão.

Veja, a seguir, as mudanças contidas no plano de recuperação judicial apresentado hoje: