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COP 30 é crítica para o futuro do planeta, diz ‘mãe’ do desenvolvimento sustentável

Gro Brundtland avalia que Brasil pode servir para mobilizar o mundo contra mudanças climáticas

Iuri Santos

Gro Harlem Brundtland (Foto: Divulgação/United Nations Foundation)
Gro Harlem Brundtland (Foto: Divulgação/United Nations Foundation)

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O sucesso da COP 30 sediada em Belém (PA) será crítico para o futuro do planeta, e o Brasil pode servir para mobilizar o mundo para lidar com a crise climática. É o que defende a ex-primeira ministra da Noruega, ex-diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Gro Brundtland.

Em um painel do evento de agronegócio GAFFFF, realizado nesta sexta-feira (6) em São Paulo, Brundtland defendeu que “o sucesso de eventos multilaterais que acontecerão nos próximos meses será crítico para o nosso futuro em comum”, em referência à realização da Cúpula dos BRICS, em julho, e da COP 30, em novembro, no Brasil.

“Compartilhamos um planeta solitário e frágil. Nosso futuro em comum e o futuro das próximas gerações está ameaçado se persistirmos com modelos políticos e econômicos que falham”, disse. “Precisamos nos unir nesse objetivo em comum para atingir um futuro sustentável.”

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Brundtland foi a precursora do conceito de desenvolvimento sustentável, quando elaborou em 1987 o relatório Our Common Future (Nosso Futuro Comum), como presidente da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU.

O “Relatório Brundtland”, como ficou conhecido, sugeria uma estratégia que aliasse desenvolvimento e meio ambiente. O debate sobre o tema na Assembleia Geral da ONU, em 1989, foi o combústivel para a a organização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. A Eco 92 seria realizada em 1992, no Rio de Janeiro.

Para Brundtland, o relatório sobreviveu ao tempo mesmo quase 40 anos depois de ter sido escrito. “Você pode lê-lo hoje e seguir as recomendações e o mundo e o futuro vão melhorar. É interessante ver que, na verdade, por essas quase quatro décadas, as mensagens continuam majoritariamente as mesmas”.

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Um novo problema, no entanto, são as mudanças causadas no mundo pela internet e pelas redes sociais. São questões que, naquele momento, teriam sido levadas em conta: “como a informação se espalha hoje, inteligência artificial, tudo que a internet permitiu”.

“O que nós vimos nos últimos cinco anos é que há países e políticos desejando que a desinformação seja utilizada para seus próprios propósitos. Então, nesse sentido, o problema do negacionismo ou compartilhamento de desinformação tem aumentado também”, disse.

Bioeconomia e produção alimentar

Brundtland afirma que os sistemas de alimentação são o principal motivador da perda de diversidade. “A forma como empacotamos e distribuímos alimentos é responsável por 30% das emissões de gases do efeito estufa. A transição para a produção alimentar regenerativa precisa apoiar pescadores, fazendeiros e aqueles cuja vida depende desses recursos”, disse.

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O Brasil, em sua visão, está reabrindo portas para investimentos internacionais e financiamento — atrás apenas da China em termos de número de empregos dentro do setor de energia renovável. O potencial econômico da Floresta Amazônica e práticas agrícolas sustentáveis são algo muito maior do que qualquer prática de reflorestamento. Pode criar uma bioeconomia de US$ 8 bilhões por ano.”

Iuri Santos

Repórter de inovação e negócios no IM Business, do InfoMoney. Graduado em Jornalismo pela Unesp, já passou também pelo E-Investidor, do Estadão.