Conteúdo editorial apoiado por

Com negócios em expansão nas áreas de grãos e ovos, Ricardo Faria avalia diversificação

Granja Faria e Insolo já faturam R$ 5 bilhões no total, e agora empresário quer investir em biocombustíveis    

Fernando Lopes

Publicidade

O empresário Ricardo Faria terá motivos para comemorar nas festas de fim de ano. Embalado por crescimento orgânico e aquisições, o faturamento conjunto das duas empresas controladas por sua holding RCF Capital, que atuam nos segmentos de ovos (Granja Faria) e grãos (Terrus), está aumentando cerca de 70% no atual exercício, para R$ 5 bilhões. E para as duas frentes de negócios as perspectivas são positivas, o que tem inclusive alimentado planos de diversificação. Com parceiros, Faria agora avalia investir em biocombustíveis, em conversações que estão em andamento.

GRANJA FARIA

O avanço mais expressivo é o da Granja Faria. Com as aquisições, este ano, de 100% da BL Ovos e de 60% da Katayama Alimentos, a receita da companhia deverá dobrar em relação a 2022 e alcançar R$ 3 bilhões. Foram dois negócios de peso, que se somaram à demanda doméstica aquecida e ao incremento das exportações e consolidaram a Granja como a maior produtora de ovos do país, incluindo ovos para indústrias, férteis e comerciais, vendidos no varejo. Com a Katayama, destacou Faria em encontro com jornalistas nesta segunda-feira, a empresa assumiu a liderança em São Paulo, maior Estado consumidor do país..

Continua depois da publicidade

“Mesmo depois de 15 aquisições, conquistamos pouco mais de 10% do mercado brasileiro de ovos, o que demonstra que a pulverização continua grande e que ainda há muitas oportunidades para continuarmos como consolidadores”, disse o empresário. Na área de ovos comerciais, a Granja Faria disputa a liderança com a Mantiqueira Brasil, e o empresário revelou que ainda quer avançar sobretudo nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, sem tirar o pé dos centros urbanos do país em geral. “Podemos chegar a uma participação de 25% nos próximos dez anos”, afirmou.

Ricardo Faria, fundador da Granja Faria (Divulgação)
Ricardo Faria, controlador da Granja Faria (foto: Divulgação)

A companhia conta atualmente com 25 granjas e uma produção de 16 milhões de ovos por dia, entre férteis (4 milhões) e comerciais (12 milhões). São quase 15 milhões de galinhas. Todas as produtoras de ovos férteis são criadas livres de gaiolas, e o mesmo acontece com cerca de 1 milhão de aves produtoras de ovos comerciais. “O ano que vem será bom para a Granja Faria, embora com margens menores, mas teremos menos emoções do ponto de vista de aquisições”, disse Faria. A empresa é listada na B3, embora não tenha ações negociadas na bolsa, e, no momento, um IPO não está nos planos. “Meu olho não brilha com essa ideia”, afirmou.

TERRUS

Continua depois da publicidade

Para a Terrus, que produz de grãos na região de Cerrado conhecida como Matopiba (confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), Ricardo Faria projeta aumento de 40% do faturamento nesta safra 2023/24, para aproximadamente R$ 2 bilhões. A área ocupada pela empresa deverá crescer de 140 mil hectares, em 2022/23, para 230 mil hectares neste ciclo, cujo plantio começou em outubro, e a soja vai puxar o incremento da colheita, uma vez que o milho está com preços e rentabilidade menores.

Segundo o empresário, o plantio de soja vai ocupar 100 mil hectares. Na chamada “safrinha”, semeada após a colheita de soja, o milho deverá se espalhar por 50 mil hectares, enquanto outros 30 mil serão dedicados ao sorgo. Na Terrus, o salto inicial veio com a aquisição da Insolo, que agregou 70 mil hectares ao grupo no fim da década passada, mas a expansão continua, com aquisições ou arrendamentos. As terras próprias representam hoje 80% da área total.

Faria contou que a Terrus/Insolo busca agregar valor à sua produção com fertilizantes orgânicos – cerca de 20 mil toneladas serão produzidas pelas aves da Granja Viana nesta safra – e defensivos biológicos (usados em 180 mil hectares, normalmente para complementar as aplicações de químicos). Também nessa frente, adiantou, é que estão alguns dos mais importantes planos de diversificação de seus negócios.

Continua depois da publicidade

DIVERSIFICAÇÃO

O projeto mais maduro é o de contar com um terminal portuário, com berço de atracação e shiploader, para tornar o escoamento de grãos para exportação mais eficiente. Não há nada fechado ainda, mas o porto que chama mais a atenção de Faria é o de Itaqui, no Maranhão. “Em dez anos, Itaqui, que já lidera as exportações de ferro, poderá ser líder também em grãos”, afirmou. Nesse caso, disse Faria, o investimento deverá ser realizado pela Terrus, sem parceiros.

As negociações com possíveis futuros parceiros são para abrir uma nova e promissora divisão de negócios, que é a produção de biocombustíveis – seja biodiesel de soja, seja etanol de milho ou as duas coisas. “Estamos conversando com possíveis sócios, porque não dominamos o mercado de distribuição de combustíveis”, disse. Outro plano de Faria é colaborar – e ser remunerado -, com produção agrícola, com o processo de descarbonização da matriz energética brasileira.

Fernando Lopes

Cobriu o setor de energia e foi editor do semanário Gazeta Mercantil Latino-Americana até 2000. Foi editor de Agro no Valor Econômico até fevereiro de 2023.