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Com CRI de R$ 793 milhões, Votorantim Cimentos reforça caixa para ciclo positivo

Emissão obteve demanda 1,4 vez maior, o que garantiu um custo de dívida menor nas duas tranches

Rikardy Tooge

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A Votorantim Cimentos (VC), líder do mercado brasileiro, levantou R$ 793,2 milhões com a emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e conseguiu um reforço importante de caixa antes do fim do ano e diante de um ciclo mais favorável para a construção civil no próximo ano. A operação também reforçou o interesse do mercado pela companhia, que encara o IPO como uma estratégia de longo prazo.

A CFO da Votorantim Cimentos, Bianca Nasser, diz que a empresa percebeu que havia oportunidades para captação local e iniciou a operação ainda em novembro. Apesar de um timing pouco usual, a VC conseguiu uma demanda inicial de R$ 980 milhões pelo papel, o que permitiu um “fechamento das taxas” e oferta firme por R$ 793,2 milhões, 13% acima da estimativa inicial. “Era uma boa oportunidade que nos permitiu gerenciar o nosso passivo ainda a um custo competitivo”, reforça a executiva ao IM Business.

A emissão ocorreu em duas tranches, uma prefixada e outra atrelada ao IPCA, também levando em conta o ciclo de queda de juros. “Ao iniciarmos a prospecção, vimos que havia procura por títulos pré-fixados em razão da queda da Selic”, explica Leonardo Luna, gerente de tesouraria e relação com investidores da empresa. A transação foi liderada pelo UBS BB e coordenada pelos bancos BV, Bradesco BBI, Itaú BBA e Santander.

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Sob essa estrutura e uma demanda 1,4 vez superior, a Votorantim Cimentos levantou R$ 170,4 milhões e reduziu em 100 bps o custo do título prefixado para 11,51% ao ano com vencimento em 10 anos. Já a segunda tranche, com vencimento em 12 anos, diminuiu o custo da dívida em 200 bps, para IPCA + 6,3% ao ano e R$ 622,9 milhões de captação. Ao final da emissão, a Votorantim Cimentos fez um swap para o CDI, o que lhe garantiu uma dívida de CDI + 0,73%, considerada competitiva pelo management.

O recurso levantado na transação será utilizado para o fluxo de caixa, uma característica da administração da empresa, que prioriza uma estrutura de capital mais conservadora, dentro da lógica do “liability management. A CFO reconhece que a transação dá ainda mais fôlego para a empresa entrar no próximo ano em um cenário que se desenha mais favorável para a indústria de cimentos.

Com um programa de obras de infraestrutura no Brasil e Estados Unidos, duas das principais operações da companhia, acompanhado da queda de juros nesses mercados, há uma perspectiva de maior procura pelo insumo. “Nosso objetivo é deixar nosso balanço equilibrado para aproveitar as oportunidades. Foi assim que fizemos aquisições no passado e ainda mantivemos uma alavancagem controlada”, acrescenta.

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Bianca Nasser, CFO da Votorantim Cimentos (Divulgação)

Vale lembrar que alavancagem não foi um problema para a Votorantim Cimentos este ano. No fim do terceiro trimestre, a companhia tinha uma relação entre dívida líquida e Ebitda de 1,5 vez, 0,26 vez menor do que o observado em igual período de 2022. Com o quarto trimestre na reta final, a expectativa é de que o índice encerre o ano em um patamar ainda menor.

Bianca lembra ainda que contribuiu para a emissão do CRI o fato de a Votorantim Cimentos ser investment grade em escala global e local pela Fitch, além de possuir, desde maio deste ano, registro categoria “A” na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que demonstra ao mercado maior governança.

Esse registro também deixa a porta aberta para uma oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês), que é um plano da companhia para a longo prazo, mas a CFO reforça que não há pressa para isso. “Essa captação deixou nossa estrutura de capital ainda mais robusta e não traz nenhum senso de urgência a curto prazo”, reforça.

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Nos nove meses de 2023, a Votorantim Cimentos registrou receita líquida de R$ 20,1 bilhões, crescimento de 4% em relação ao mesmo período do ano passado. O Ebitda ajustado cresceu 21% no mesmo comparativo, para R$ 4,29 bilhões, com margem de 21% e lucro líquido de R$ 1,37 bilhão, mais do que o dobro do registrado em 2022.

Ainda nesta terça-feira (19), a VC registrou na CVM uma oferta de R$ 500 milhões em debêntures. Os recursos levantados com a transação, prevista para encerrar na sexta-feira (22), serão utilizados para o resgate antecipado da sexta e oitava série de debêntures emitidas pela companhia.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br