Com caixa reforçado, Viveo voltará às compras (mas não tão cedo)

Empresa de produtos e serviços hospitalares levantou quase R$ 800 milhões em follow-on e não descarta deal com a Elfa

Rikardy Tooge

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A Viveo (VVEO3) se encontra em uma posição privilegiada dentro do setor de saúde. Enquanto empresas de planos e hospitais sofrem com margens apertadas e uma resistente “ressaca” pós-covid, a companhia, que atua na oferta de produtos e serviços hospitalares, aumentou a geração de caixa e o lucro no segundo trimestre do ano. Não bastasse o desempenho operacional, a Viveo ainda está com o bolso cheio após levantar R$ 778,4 milhões por meio de uma oferta subsequente de ações (“follow-on”).

Os recursos serão usados na tese de expansão que sustenta o negócio e que viabilizou tanto o último follow-on quanto sua oferta pública inicial (IPO), em 2021. Nos últimos três anos, a Viveo já adquiriu 25 empresas – e não vai parar por aí. O CEO da empresa, Leonardo Byrro, deixou claro que a empresa irá retomar sua agenda de M&As, estacionada há quase um ano. No entanto, dificilmente as aquisições voltarão em 2023.

“Nós estamos com um pipeline robusto de aquisições, mas nosso objetivo para 2023 é consolidar o que já foi adquirido. Queremos absorver ao máximo as sinergias desses negócios antes de ir novamente às compras”, explica Byrro ao IM Business. “O mercado é dinâmico, pode ser que alguma negociação amadureça mais rápido, mas nossa intenção é retomar nossa agenda de aquisições no ano que vem”.

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Leonardo Byrro, CEO da Viveo: empresa seguirá com aquisições (Divulgação)

A última compra da Viveo ocorreu em agosto de 2022, com a aquisição da Neve Hospitalar por R$ 66,5 milhões. Desde então, a empresa focou em arredondar a operação. No primeiro semestre deste ano, a companhia capturou pouco mais de R$ 44 milhões em sinergias. O retorno sobre o capital investido (ROIC, em inglês) alcançou 24,1% no segundo trimestre.

Um negócio que poderia reinaugurar a agenda de M&As, na visão do mercado, seria uma possível fusão com a Elfa Medicamentos, empresa do Pátria Investimentos.

Especula-se que os recursos do follow-on poderiam ser utilizados para viabilizar uma transação entre as empresas, que formaria uma gigante na área de distribuição de medicamentos. Questionado, Byrro não diz nem que sim e nem que não, mas afirma que o racional por trás do deal faria sentido para a estratégia da Viveo.

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“Nós fizemos duas aquisições que foram transformacionais para o nosso negócio, a Profarma e a Expressa [distribuidoras de medicamentos]. É uma área em que a consolidação faz sentido. Se tivermos oportunidades, com condições de mercado e de valuation, vamos fazer novos M&As nesse segmento”, afirma. “É um mercado muito fragmentado ainda, temos cerca de 20% de participação e temos condições de avançar”.

Além da distribuição de medicamentos, o CEO demonstra interesse nas teses de serviços, que são produtos de maior valor agregado, como bolsas de medicamentos para hospitais, e também a venda de materiais descartáveis.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br