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Busca pelo corpo ‘aesthetic’ deve levar mercado de emagrecedores a mais US$ 100 bi até 2030

Kinea vê público endereçável para farmacêuticas como Novo Nordisk e Lilly maior que a média do mercado

Rikardy Tooge

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O mercado já está bem otimista com o potencial de escala de remédios ligados ao emagrecimento. Mas a Kinea está ainda mais. Em relatório divulgado nesta quinta-feira (21), a casa vê um importante potencial de crescimento para Novo Nordisk e Eli Lilly, fabricantes de medicamentos como Ozempic e Mounjaro, respectivamente. O racional é que esses remédios vão ganhar tração para além dos obesos – público principal do produto – e alcançar escala no público insatisfeito com os quilinhos a mais.

“Esses medicamentos passam a ser vistos cada vez mais como uma ‘dieta’ facilitada”, resume Mariana Campos, analista de equity research da Kinea Investimentos. “Não é só saúde: existe uma pressão social, seja pelas redes sociais ou indústria da moda, na busca pelo corpo socialmente aceito.”

Como referência, uma pesquisa recente feita no Reino Unido indicou que apenas 20% das pessoas estão satisfeitas com o próprio corpo, enquanto mais de um terço tem uma visão negativa sobre o seu “shape”. Some-se a isso a escalada da população obesa no mundo. A Federação Mundial de Obesidade (IASO, na sigla em inglês) estima que, na atual trajetória, o planeta terá cerca de 1 bilhão de obesos. No Brasil, 30% da população é considerada obesa. Nos Estados Unidos, esse percentual chega a 40%.

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Por lá, a Kinea observou forte crescimento na prescrição de Ozempic, chegando a mais de 300 mil receitas semanais – com espaço para mais. O tratamento nos EUA necessita de pedido médico e o custo gira em torno de US$ 1 mil. Por outro lado, os planos de saúde, vendo os benefícios do emagrecimento na redução de gastos com tratamentos cardiovasculares, começam a custear parte do tratamento, pagando cerca de 60% do remédio. Essa é uma alavanca. Outra é que o tempo médio de tratamento vem crescendo. Se, antes, o uso de Ozempic e afins durava seis meses, a tendência é que possa chegar até dois anos no futuro.

Ozempic: medicamento alavancou valor de mercado da Novo Nordisk (REUTERS/George Frey/File Photo)

“Em resumo, se a população alvo dos Estados Unidos buscar tratamento de oito meses em média, considerando aproximadamente 50% de queda no preço atual e um tratamento limitado a 4% da renda anual de cada pessoa, chegamos a um mercado potencial de mais de US$100 bilhões em 2030”, prossegue Mariana. O número vai além do otimismo do mercado, que projeta algo em torno de US$ 70 bilhões no início da próxima década.

Projeções à parte, fato é que o mercado está animado com o potencial dos medicamentos. A dinamarquesa Novo Nordisk passou a ostentar neste mês o título de empresa mais valiosa da Europa, com valor de mercado superior a US$ 420 bilhões, ultrapassando a LVMH, dona da Louis Vuitton. O efeito Ozempic também é observado na economia da Dinamarca, que viu engordar o fluxo de dólares para o país com reflexos em seu Produto Interno Bruto (PIB).

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As vendas dos emagrecedores da Novo Nordisk e da americana Eli Lilly já chegam a US$ 21 bilhões por ano e a tendência é que as duas farmacêuticas sigam nadando de braçada nos próximos anos, projeta Mariana Campos. O motivo é a grande barreira de entrada para outras fabricantes, como a Pfizer, em aprovar seus próprios medicamentos. A expectativa é que um competidor desses produtos chegue ao mercado a partir de 2026.

“E as incumbentes já estão pesquisando e desenvolvendo medicamentos mais modernos. Então, elas tendem a seguir na frente dos concorrentes”. Outro fator que pesa é que as patentes do Ozempic e Mounjaro vencerão apenas na próxima década. Apesar de ver um cenário bom para Novo e Lilly, a analista da Kinea vê mais potencial para a dinamarquesa. “É uma empresa que tem maior experiência na molécula, é a maior produtora mundial de insulina (base do medicamento) e tem um potencial de upside mais interessante”, avalia.

Mesmo assim, as empresas não deixam de ter potenciais riscos. Um deles é que são medicamentos recentes, datados de meados de 2017, e algum efeito colateral de longo prazo ainda não monitorado pode ser sempre um detrator para a tese.

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Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br