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Bem Brasil: como uma pequena produtora de batatas alcançou um faturamento bilionário

A indústria surgiu em 2006, em Minas Gerais, mas ganhou tração durante a pandemia e com a popularização das airfryers

Mariana Amaro

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Como em muitas indústrias, a pandemia foi um divisor de águas para o setor alimentar. “Antes disso, a Bem Brasil, agroindústria que produz batatas pré-fritas e congeladas, tinha um foco em restaurantes: 70% do faturamento vinha de lá e apenas 30% do varejo. Hoje, varejo e food service dividem a margem de contribuição na companhia meio a meio e o faturamento, em 2022, bateu em R$ 2,6 bilhões.

Parte desse sucesso é atribuída, justamente, ao aumento de consumo de batatas pré-fritas e congeladas em residências, durante a pandemia – e à popularização das airfryers, o eletrodoméstico que “frita” alimentos com uso de ar quente. “AirFryer foi muito importante para este aumento de consumo residencial, o que puxou o nosso resultado”, resume Dênio Oliveira, CEO da companhia, e convidado do podcast Do Zero ao Topo desta quarta-feira (30).

Apesar do sucesso que parece repentino, a história da família Rocheto, proprietária da Bem Brasil, e sua relação com tubérculos começou há muitos anos. A família já plantava batatas na década de 1940 e os irmãos João Emílio, Celso e José Paulo, tinham a intenção de continuar a produção familiar, mas também quiseram dar outro passo: migrar do agronegócio para uma agroindústria. “A batata in natura oscila muito de valor. Ao migrar para uma indústria, a empresa conseguiu transformar o produto final em um de maior valor agregado – e com menor oscilação de preço e resultado”, diz Oliveira.

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Esbarram na primeira dificuldade: o próprio produto. “A batata da indústria é diferente daquela que é vendida no supermercado: precisa ter menos água. É isso que faz com que ela precisa de menos óleo”, afirma o CEO. Por isso, os irmãos precisaram ir em busca da ‘batata ideal’ e trazê-la para o Brasil.

Também foi preciso ajustar a época de plantio para garantir a quantidade necessária de batatas para a produção em todos os meses do ano. “Isso foi ajustado ao longo do tempo. Hoje, plantamos em março, abril e maio para colher a partir de junho até novembro. O produto final sofre menos interferência de chuva dessa forma e conseguimos armazenar 400 mil toneladas do produto in natura para ter batatas fritas o ano todo”, afirma Oliveira.

Até o desenvolvimento da operação teve suas dificuldades particulares. “Ninguém mais fazia isso no Brasil e tudo precisou ser desenvolvido na própria empresa”, afirma Oliveira.

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Com os primeiros obstáculos superados, em 2006, foi colocada em funcionamento a primeira linha de produção de batatas pré-fritas, em Araxá, Minas Gerais. Em 2010, uma nova linha, com maior capacidade, foi instalada. Cinco anos depois, a empresa conquistou outros territórios: abriu uma nova unidade (uma vez e meia maior que a primeira planta) no também mineiro município de Perdizes, há 60 quilômetros da primeira planta. “Com isso, a empresa dobrou a produção em 2017”, afirma o executivo.

Em setembro de 2018, a empresa virou uma S/A de capital fechado e Dênio Oliveira foi chamado para o cargo recém-criado de CFO. Dois anos depois, depois de um processo de sucessão, assumiu o cargo de CEO. “A família entendeu que era a hora de fazer uma sucessão e a profissionalizar a gestão. Mas eles continuam muito próximos”, conclui. Hoje, dois dos irmãos ainda são produtores e fornecedores de 70% das batatas que a Bem Brasil processa – os outros 30% são de outros fornecedores.

Desde então, nos últimos cinco anos, a companhia mais que dobrou de tamanho: vendia 160 mil toneladas e passou a 370 mil toneladas; faturava R$ 800 milhões e passou a ter um faturamento de R$ 2,6 bilhões; e abriu mais uma linha de produção com capacidade para alcançar 500 mil toneladas. Para suportar esse crescimento, a companhia buscou capitalização por meio de emissão de dois CRAs e um CRI e investiu cerca de R$ 1 bilhão. IPOs e entrada de fundos de investimentos ainda não fazem parte dos planos da companhia. “É uma empresa familiar, de capital fechado, que quer continuar assim no médio prazo. Queremos crescer mas com o próprio caixa da empresa”, afirma Oliveira.

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A estratégia de crescimento inclui uma mira na exportação: um plano que começou a ser traçado em 2020 mas foi deixado, temporariamente, de lado. “Hoje, 3% da nossa receita vem de exportação para o Peru, Paraguai, Bolívia, Uruguai, Estados Unidos e Taiwan”, resume. A expectativa é que a participação das exportações alcance 10% da receita.

A história do passado e os próximos passos da Bem Brasil estão no episódio publicado nesta quarta-feira (30). O programa está disponível em vídeo no YouTube ou em áudio nas principais plataformas de streaming como ApplePodcastsSpotifyDeezerSpreakerGoogle PodcastCastbox e Amazon Music.

Sobre o Do Zero ao Topo

O podcast Do Zero ao Topo entra no seu quinto ano de vida e traz, a cada episódio, um empreendedor(a) ou empresário(a) de destaque no mercado brasileiro para contar a sua história, compartilhando os maiores desafios enfrentados ao longo do caminho e as principais estratégias usadas na construção do negócio.

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O programa já recebeu nomes como o empresário Abílio Diniz; Rodrigo Galindo, chairman da Cogna; Paulo Nassar, fundador e CEO da Cobasi; Mariane Morelli, cofundadora do Grupo Supley; Fernando Simões, do Grupo Simpar; Stelleo Tolda, um dos fundadores do Mercado Livre; Luiz Dumoncel, CEO e fundador da 3tentos; José Galló, executivo responsável pela ascensão da Renner; Guilherme Benchimol, fundador da XP Investimentos; e contou dezenas de histórias de sucesso. Confira a lista completa de episódios do podcast neste link. 

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Mariana Amaro

Editora de Negócios do InfoMoney e apresentadora do podcast Do Zero ao Topo. Cobre negócios e inovação.