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Após subir 40% no ano no campo, preço do arroz dá sinais de queda

Valores atingiram recorde histórico em janeiro, mas aumento da oferta e exportações em queda começam a pressionar o mercado

Alexandre Inacio

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Os preços do arroz seguem elevados no Brasil. Em janeiro, o valor médio pago aos produtores está 40% maior que o registrado no mesmo mês de 2023. Em janeiro do ano passado, as indústrias pagaram, em média, R$ 91,45 pela saca do cereal. Agora, são R$ 128,83.

O preço alto é uma resposta do que tem acontecido no mercado internacional. Em julho do ano passado, a Índia proibiu as importações de sua principal variedade de arroz, depois de o governo ver o abastecimento interno ameaçado pelas chuvas de monção fora de hora, que reduziram a oferta no segundo maior produtor mundial.

Na primeira quinzena deste ano, os preços pagos aos produtores de arroz no Brasil atingiram o patamar mais elevado da série histórica do Centro de Estudos em Economia Aplicada (Cepea/USP). A saca chegou a R$ 131,44.

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Desde o pico histórico, registrado no dia 9 de janeiro, houve queda de 5%, mas ainda dentro de um patamar consideravelmente acima da média. Ontem, o levantamento do Cepea que a saca estava sendo negociada a R$ 124,95.

A expectativa é que a tendência de queda persista. O plantio do cereal está praticamente concluído e a colheita segue em ritmo acelerado, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Contudo, uma percepção mais clara de recuo nos preços deverá acontecer apenas a partir do fim de fevereiro.

No mês que vem, o Rio Grande do Sul inicia a colheita de sua safra. O Estado responde, sozinho, por pouco mais de 70% da oferta nacional, e a expectativa é que sua produção aumente mais de 10% neste ciclo 2023/24.

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Os últimos dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que os gaúchos colherão 7,66 milhões de toneladas. Para o Brasil, a estimativa é de uma oferta da ordem de 10,7 milhões de toneladas.

Mesmo com a recente queda de preços no mercado interno, os valores praticados continuam bastante atraentes para os produtores, e o cenário colaborou para a queda das exportações.

Em dezembro, os embarques brasileiros de arroz caíram 81%, para praticamente 53 mil toneladas. No acumulado do ano, a queda chega a 16,4%.

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Ao consumidor, os preços do arroz seguem em curva de alta desde agosto do ano passado. Ainda que não tenha sido o principal item da alta dos alimentos em geral, o cereal tem aumentado sua contribuição para a inflação nos últimos meses.

O último dado do IBGE para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referente a dezembro de 2023, indica uma alta de quase 6% nos preços do arroz. Esse foi o patamar mais elevado do ano passado.