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Aegea acelera investimentos na Corsan após privatização conturbada

Após idas e vindas, investida de Itaúsa e GIC assumiu empresa gaúcha em julho com o compromisso de investir R$ 15 bilhões nos próximos 10 anos

Rikardy Tooge

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A Corsan pisou no acelerador nos últimos meses para colocar em curso seu plano de R$ 15 bilhões de investimentos nos próximos 10 anos. A antiga estatal gaúcha do saneamento agora faz parte do Grupo Aegea, empresa que conta com investimentos de Itaúsa, Equipav e do Fundo Soberano de Cingapura (GIC, em inglês). Desde julho, a Aegea comanda o negócio, após um conturbado processo de privatização promovido pelo governo do Rio Grande do Sul.

“Foi uma virada de chave imediata e nosso primeiro trabalho foi não deixar o abastecimento parar”, recorda Leandro Marin, vice-presidente de operações regionais da Aegea. “Em um segundo momento, colocamos em prática um projeto de 100 dias com obras de impacto em todas as nossas regiões atendidas.”

De julho até agora, a Corsan realizou 356 obras nos 317 municípios gaúchos atendidos pela companhia, que tem como jóia da coroa a região metropolitana de Porto Alegre – vale lembrar que a capital do Rio Grande do Sul não é atendida pela empresa –, em um investimento de mais de R$ 100 milhões nesse período.

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Entre as obras de impactos, estão 115 melhorias de infraestrutura, 91 obras de perfuração ou melhoria de poços, 70 manutenções em reservatórios, outras 70 obras de extensão da rede e 10 melhorias em adutoras. Ao todo, entre pagamentos pela empresa e investimentos, Marin estima que a Aegea já investiu R$ 3 bilhões na companhia gaúcha. Para fazer frente às despesas desses primeiros meses, a Corsan concluiu nesta semana uma captação via debêntures de R$ 1,5 bilhão.

Corsan (Foto: Divulgação)

“Precisaremos fazer algumas captações nesses 10 anos para ter uma cadência de recursos que cumpram nosso plano de investimento”, reforça o executivo. Nesta emissão, serão três as prioridades da companhia: a renegociação dos contratos de concessão com as cidades, em que a Corsan deverá oferecer contrapartidas adicionais, recursos para a operação do dia a dia e revitalização dos ativos e, por fim, cerca de R$ 500 milhões serão destinados ao programa de demissão incentivada na empresa.

O vice-presidente da Aegea lembrou que há um acordo feito antes mesmo da mudança de controle da Corsan de que os 5,5 mil funcionários da empresa de saneamento terão 18 meses de estabilidade em seus empregos ou uma indenização proporcional ao período, caso fechem um acordo de demissão voluntária. Até o momento, 2 mil funcionários aderiram ao programa e 1,2 mil já pactuaram sua saída, enquanto outros 800 ainda estão sob avaliação – o objetivo, reforça Marin, é não desequilibrar setores da empresa, especialmente os de operação.

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Leandro Marin, vice-presidente de operações da Aegea (Divulgação)

Além disso, a nova Corsan corre para organizar seu passivo judicial. Leandro Marin afirma que a antiga estatal possui mais de 20 mil processos judiciais e que há um diagnóstico em curso para avaliar os custos. “Ainda não temos como provisionar toda a questão judicial porque temos muitos processos”, explica.

A Aegea arrematou a Corsan há quase um ano, em 20 de dezembro de 2022. A proposta de R$ 4,15 bilhões não enfrentou concorrência, embora fosse um ativo desejado pelo mercado. O motivo é que a alta judicialização do certame afastou as empresas e arrastou o desfecho da desestatização – prova disso foram os seguidos atrasos para a assinatura do contrato, que ocorreu apenas em 7 de julho deste ano.

O vice-presidente da Aegea explica que a situação caminha para um desfecho nos tribunais ainda no primeiro trimestre do ano que vem, quando o plenário do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS) decidirá pela questão. Em votações anteriores a respeito da privatização da Corsan, a tese a favor da desestatização contou com apoio de cinco dos sete conselheiros. “Eu diria que, institucionalmente, a questão está pacificada, mas ainda falta essa última questão jurídica”, acrescenta Leandro Marin.

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Além da Corsan, a Aegea possui ativos de saneamento em outros 14 estados brasileiros, sendo a Águas do Rio, que assumiu duas das três áreas da Cedae no Rio de Janeiro, um dos principais. De janeiro a setembro deste ano, a Aegea registrou receita líquida de R$ 10,4 bilhões, crescimento de 63% em relação a igual período de 2022 e Ebitda de R$ 4,3 bilhões, alta de 66% no mesmo comparativo.

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Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br