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ADM reestrutura divisão de nutrição animal para crescer no mercado brasileiro

A empresa americana se consolida como uma das maiores no setor de nutrição animal do mundo. No Brasil, o avanço também é expressivo

Fernando Lopes

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A americana ADM, uma das maiores empresas de agronegócios do mundo, concluiu em junho mais uma etapa da estratégia que pôs em marcha nos últimos anos para avançar no mercado brasileiro de nutrição animal, um dos maiores do mundo. As mudanças incluem reestruturação de parque fabril e renovação de portfólio.

Embora tenha sofrido uma desaceleração no primeiro semestre deste ano, o segmento, que costuma apresentar margens elevadas, é um dos que mais crescem nos negócios da tradicional trading de grãos e rendeu à empresa um faturamento global que se aproximou de US$ 4 bilhões em 2022.

Segundo Stella Natrielli, presidente da divisão PET & Animal Nutrition da ADM para o sul da América Latina, a “transformação operacional” da múlti nessa área no Brasil ganhou tração com a separação entre pets (cães e gatos) e animais de produção. E envolveu em 2022 a otimização e a integração de fábricas. Em junho passado, foi concluído um reposicionamento que tornou a marca ADM a principal no mercado de nutrição animal.

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A otimização e o reposicionamento tornaram-se necessários após a aquisição da Neovia por 1,5 bilhão de euros, concluída no início de 2019. A empresa pertencia à central francesa de cooperativas InVivo. A transação fez da ADM uma das maiores empresas de nutrição animal do mundo. Particularmente no Brasil, onde a múlti já havia feito diversas aquisições e a Neovia contava com 13 fábricas, o avanço foi expressivo.

“Estávamos com centenas de marcas, o que significava centenas de ofertas de produtos. Agora temos uma marca principal e foco na entrega de soluções aos nossos clientes, com produtos, serviços e suporte técnico”, disse a executiva ao IM Business.

Segundo Stella Natrielli, presidente da divisão PET & Animal Nutrition da ADM para o sul da América Latina, o novo posicionamento tornou a marca ADM a principal no mercado de nutrição animal (Foto: Divulgação)

Com o enxugamento da estrutura, a ADM passou a contar com nove fábricas no ramo de nutrição animal no país, distribuídas por São Paulo (duas), Pernambuco, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná, Goiás, Rio Grande do Sul e Rondônia. As unidades produzem rações prontas, premix (voltado a grandes frigoríficos e integrações) e ingredientes ativos.

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A empresa é líder em vendas de rações para peixes no Brasil, com destaque para camarão, e é forte também nas vendas de produtos para gado de leite. Puxam a divisão no país, ainda, a comercialização de premix (mistura de minerais, vitaminas, aminoácidos e aditivos) para aves. No mapa das vendas, as regiões Sul e Centro-Oeste são as mais importantes, e a ADM agora quer crescer no “Matopiba” (confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).

Resultados

A ADM não revela os resultados da divisão PET & Animal Nutrition no Brasil ou na América do Sul – do país há exportações para Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela –, mas, dado o protagonismo brasileiro no segmento de proteínas animais em geral, sabe-se que têm grande peso no total mundial.

No segundo trimestre deste ano, as vendas globais da companhia na área de nutrição em geral (humana e animal) alcançaram US$ 1,853 bilhão, ante US$ 2,003 bilhões no mesmo período de 2022. Em nutrição humana, o lucro operacional permaneceu praticamente estável em US$ 184 milhões, mas em nutrição animal houve queda de US$ 56 milhões para US$ 1 milhão, atribuída à redução da contribuição dos aminoácidos, queda da demanda mundial e estoques elevados, sobretudo no ramo de pets.

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Incluindo todos os negócios, a ADM encerrou o segundo trimestre com vendas globais de US$ 25,2 bilhões, 7,7% menos que entre abril e junho do ano passado. O lucro líquido da empresa caiu 25%, para US$ 927 milhões. Essa queda foi diretamente influenciada pelo recuo dos resultados na área de processamento de soja.

Rações no Brasil

Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), a produção total de rações alcançou 20,5 milhões de toneladas no primeiro trimestre, e a previsão é de crescimento de 2% em 2023 como um todo, para cerca de 84 milhões. De janeiro a março, segundo a entidade, houve queda das vendas para a bovinocultura de corte e de leite, estabilidade nos mercados de suínos e frango de corte e crescimento em aquacultura, poedeiras e pet food.