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Acordo com a Vale viabiliza a longevidade da operação da Anglo American no Brasil, diz CEO

Vale passa a deter 15% de participação no capital da Anglo American Minério de Ferro Brasil, que opera o sistema de produção chamado Minas-Rio

Ivo Ribeiro

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A mineradora Anglo American fez um movimento estratégico, com visão de longo prazo, ao fechar um acordo nesta quarta-feira (21) com a Vale envolvendo seu negócio de minério de ferro no país. Para Ana Sanches, CEO da subsidiária brasileira desde dezembro de 2023, o “acordo viabiliza a longevidade das operações de minério de ferro da companhia no Brasil”. A executiva, que está no grupo há 12 anos, viu  o carregamento e partida do primeiro navio com o produto da companhia, em outubro de 2014.

Segundo o acordo anunciado ontem pelas duas companhias, a Vale aporta suas reservas de minério que ficam na Serra da Serpentina, em Conceição do Mato Dentro (MG), mais US$ 157,5 milhões e passa a deter 15% de participação no capital da Anglo American Minério de Ferro Brasil, que opera o sistema de produção chamado Minas-Rio. Os recursos minerais da Vale na Serpentina, com alto teor de ferro, somam 4,3 bilhões de toneladas.

Em entrevista ao IM Business nesta manhã, Sanches destacou o aspecto dos recursos incorporados no Minas-Rio, que vão enriquecer a qualidade do minério a ser produzido no futuro, bem como o tipo do mineral, que é friável (menos duro), mais fácil e de menor custo de beneficiamento depois que é lavrado. “Passaremos, após as aprovações dos órgãos regulatórios (Conselho Administrativo de Defesa Econômica-Cade e Agência Nacional de Mineração-ANM), a ter um único corpo mineral”. informa. 

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Saches, admite, que há potencial para uma expansão do negócio de minério de ferro hoje no Brasil. Mas ressalva: “Vamos aguardar primeiro as aprovações, previstas para o quarto trimestre de 2024, e os estudos de preliminares e finais de viabilidade [econômica e técnica] que poderão demorar até cinco anos”.

O Minas-Rio é um sistema de produção que envolve operações de mina e beneficiamento em Conceição do Mato Dentro, um município na região central de Minas com 23 mil habitantes, a 167 km de Belo Horizonte. Elas estão conectadas a  um mineroduto de 529 km que vai até o Porto do Açú, no litoral do Estado do Rio. Lá, a polpa de minério que chaga pelo duto é filtrada e secada no site do terminal próprio. A capacidade existente hoje é 26,5 milhões de toneladas por ano ano, podendo crescer para 31 milhões de toneladas de minério por ano. São 9 mil funcionário, diretor e indiretos. 

Do terminal no Porto Açu, o produto final, chamado de pellet-feed, com teores de ferro, 67% e 68% – muito cobiçado pelas usinas de aço do mundo -, é embarcado em grandes navios para clientes (siderúrgicas) de grandes mercados – China, Japão, Coreia do Sul e outros países do Sudeste asiático e Oriente Médio. A Europa é também um grande importador de minério de ferro.

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Os recursos minerais da Vale envolvidos na transação ficam a cerca de 12km das operações de beneficiamento da Anglo American. São reservas com teor médio superior às remanescentes da companhia para o futuro – 40% contra 32%, conforme apresentação feita pelo grupo ontem a investidores em ações da multinacional, sediada em Londres. A Anglo American informou que a combinação de ativos “tem considerável potencial para dobrar” o tamanho da Anglo Brasil em minério de ferro. Ou seja, atingir cerca de 60 milhões de toneladas por ano.

Sanches ressaltou as várias possibilidades que os estudos futuros, após as aprovações regulatórias, vão definir, tanto de otimização das operações de produção quanto de logística abertas pelo acordo com a Vale. Conforme anunciado pela Anglo, o mineroduto poderá ser duplicado no todo ou em parte (até cruzamento com linha ferroviária da Vale, que já transporta seu minério para o porto de Tubarão, em Vitória). Com isso, no futuro poderão ser utilizadas essas alternativas para transporte e embarque do produto.

“O acordo é positivo por vários aspectos. Um deles é que permite permanecer na região um único produtor, que já conhece e tem vínculos com as comunidades, que também já têm um relacionamento com a empresa. Só vai reforçar a continuidade do nosso trabalho”, comenta a executiva. Além do caráter do negócio, que otimiza o plano de extração dos recursos e que gera ganhos de custos. “Vamos continuar produzindo um produto de alto teor de ferro e com baixo teor de contaminantes (sílica, alumina e outros) na fabricação de aço.

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No futuro, com potencial expansão do Minas-Rio e a depender das condições de negociações, a Vale poderá duplicar sua fatia no negócio para 30%. Até lá, a empresa receberá quantidade de minério correspondente a 15% da produção da Anglo American Brasil, provavelmente a partir de 2025, após os avais ao acordo. Neste ano, a companhia prevê fazer entre 23 milhões e 25 milhões de toneladas. 

Um dos grandes investimentos que a empresa está fazendo hoje, dentro de seu compromisso de atuação segura e de proteção ao meio ambiente [exigências da lei após desastre da barragem de Brumadinho, da Vale], é a instalação de um sistema de filtragem de rejeitos. Com investimentos de R$ 4 bilhões, essa unidade, dentro da área de beneficiamento, vai retirar a água do rejeito, que será encaminhado para uma área de disposição a seco e compactado. “Vamos cobrir 80% de todo o rejeito gerado  na nossa operação a partir do início de 2026”. afirma a executiva.

 No início deste ano, as operações da empresa no  Brasil (minério de ferro e níquel) receberam o selo do padrão IRMA (Initiative for Responsible Mining Assurance), que garante, após análise de mais de 400 itens, que é realizada uma mineração segura pela empresa candidata. Segundo a Anglo, são entidades independentes, entre as quais ONGs, governos e compradores de commodities minerais. “Somos a primeira mineradora de ferro e níquel do mundo a receber esse selo”, afirma Sanches. 

IM Business

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