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A Planta Inc. e o retrofit “a la Carbonara” no Centro de SP

Gestora avança na revitalização de prédios históricos da capital paulista e pretende chegar a 15 imóveis em seu portfólio até o fim do próximo ano.

Rikardy Tooge

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Guil Blanche recorre à cozinha italiana para exemplificar o que sua gestora imobiliária, a Planta Inc., vem promovendo no centro da cidade de São Paulo. Especializada na revitalização de prédios históricos, utilizando a técnica do retrofit, a Planta entrega nesta sexta-feira (27) seu quinto e mais icônico prédio na região, o edifício Renata Sampaio Ferreira, construído como prédio comercial na década de 1950 e que a partir de agora será um local para 93 unidades residenciais.

“O retrofit desses prédios é o spaghetti alla Carbonara do mercado imobiliário. É uma receita simples, com poucos ingredientes, mas que exige muita técnica”, explica Blanche, em entrevista ao IM Business. “Parece simples, mas é extremamente complexo, e nós nos especializamos nisso, em um só ‘prato’, por assim dizer. No fim das contas, a Planta Inc. é um restaurante só de carbonara, mas aquele perfeito.”

Criada em 2019, a Planta surgiu com o objetivo de surfar a onda da reocupação da região central de São Paulo, movida em grande medida por iniciativas ligadas à economia criativa. Atualmente, a empresa trabalha com projetos na Vila Buarque, região próxima a pontos famosos da capital paulista. É o caso do edifício Copan, inaugurado em 1966, e de alguns dos restaurantes mais badalados da cidade, como A Casa do Porco e o Cora – sendo este último um restaurante instalado no primeiro prédio recuperado pela gestora, o FSMJ.

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“A Vila Madalena, dos anos 2000 para cá, está inviável para a economia criativa, ficou uma região cara por causa do boom imobiliário”, afirma. Quem atraiu esse público, diz Blanche, foi a Vila Buarque. Ele diz que esse bairro vive dois fenômenos: o grande número de imóveis subutilizados e abandonados que podem ser convertidos em residência, e a migração da juventude, com o objetivo de empreender e morar. “A Planta vem então para responder essas demandas”, acrescenta.

Fachada do Edifício Renata Sampaio, no centro de São Paulo (Divulgação)

Blanche afirma que o Renata Sampaio Ferreira foi o maior desafio da Planta. O edifício, considerado um dos símbolos remanescentes da arquitetura moderna paulista, projetado pelo arquiteto Oswaldo Bratke (1907-1997), foi tombado pela Prefeitura em 2012, juntamente com o Copan e o antigo Hilton Hotel, dois dos cartões-postais da cidade. O retrofit exigiu investimentos próximos a R$ 70 milhões.

Ele conta que o primeiro desafio foi conseguir converter um prédio tombado, antes ocupado por escritórios, em residências. “Foi algo complexo”, diz. Mas houve também uma preocupação relacionada à localização. “O edifício fica em um local espetacular, na frente do Copan, uma esquina importante da cidade e, portanto, deveria ter um complexo de hospitalidades acima do normal”, diz o fundador da Planta.

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Com unidades residenciais que vão de 25 a 284 m², o novo velho edifício terá um espaço gastronômico com um café com a mistura da boulangerie francesa e a culinária brasileira, um bar de jazz que terá uma acústica projetada para os amantes da música e um restaurante de culinária francesa tocado pelo chef Patrick Bragatto.

Com a entrega do Renata Sampaio, a Planta Inc. passa a ter cinco prédios de seu portfólio, de oito imóveis, já entregues ao mercado. Até 2024, a gestora projeta entregar mais três edifícios requalificados na região da Vila Buarque e Bela Vista e mais de 500 unidades residenciais e lojas nas fachadas ativas. Com a obra finalizada, a gestora aluga todo o imóvel a um operador – no caso a multinacional Blueground, que fica responsável pela locação individual das unidades residenciais – nenhum apartamento é vendido.

Guil Blanche, fundador da Planta Inc. (Divulgação)
Guil Blanche, fundador da Planta Inc. (Divulgação)

Capitalizada por dois fundos imobiliários com cerca de R$ 400 milhões sob gestão, a gestora pretende encerrar o ano com 10 imóveis na carteira e, em 2024, chegar a 15 prédios – alguns deles fora da Vila Buarque. Os FIIs, atualmente fechados em formato de club deal, prometem aos investidores cerca de 20% ao ano de taxa interna de retorno (TIR).

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Além da Planta Inc., que cuida do desenvolvimento imobiliário dos ativos, o grupo conta com uma vertical de operações (P.ops.), que atua para atrair restaurantes e comércios para o entorno dos prédios revitalizados, e outra de investimentos (P.Inv.), essa responsável por estruturar os planos de negócios e captar recursos.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br