Publicidade
A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro foi impedida de acessar a sala de perícia e necropsia do Instituto Médico-Legal (IML), no Centro do Rio, onde estão sendo realizados os exames nos corpos dos mortos na megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha. A ação na última terça-feira deixou 119 mortos, quatro deles policiais.
Segundo o órgão, a presença de defensores públicos durante as necropsias é considerada fundamental para garantir transparência e fiscalização dos procedimentos. Nesta quinta-feira, a entrada dos agentes foi autorizada apenas até o pátio e outras áreas do prédio, sem permissão para acompanhar os exames.
A medida gerou preocupação entre familiares e entidades de direitos humanos, que temem a falta de controle externo sobre as perícias.
Planejamento financeiro
Baixe gratuitamente!

Denúncia que embasou operação no Rio de Janeiro aponta métodos de tortura do CV
Apontado como gerente do tráfico na Gardênia Azul, ‘BMW’ participa dos ‘tribunais do tráfico’ e define execuções

Mais da metade dos mortos em megaoperação no RJ já passou por necropsia, diz IML
Corpos estão sendo identificados e liberados para famílias; atendimento às vítimas foi transferido para posto do Detran próximo à unidade
A Defensoria informou que instalou uma van no pátio do IML para oferecer apoio jurídico e psicológico às famílias das vítimas, que aguardam a liberação dos corpos.
No local, parentes relatam angústia e desinformação. Muitos ainda não conseguiram identificar os corpos dos familiares ou confirmar se eles estão entre os mortos, desaparecidos ou presos.
Regras da ADPF, diz a polícia
Em nota, a Polícia Civil informou que o acesso ao IML “está limitado aos policiais civis e membros do Ministério Público. A Polícia Civil está cumprindo todas as regras estabelecidas pela ADPF 635. O trabalho é desenvolvido por peritos oficiais da Polícia Civil, e acompanhada por peritos independentes do Ministério Público. Esta é uma rotina técnica e o ambiente é controlado. Todas as informações constarão nos autos do processo e ficarão disponíveis para todas as partes envolvidas”.
Continua depois da publicidade
Além do estacionamento do Detran, as equipes da Defensoria foram divididas entre o Complexo da Penha e o Hospital Getúlio Vargas. Segundo a defensora Mirela Assad, que coordena a atuação de mais de 40 funcionários do órgão, na estrutura provisória instalada ao lado do IML, o objetivo foi garantir que nenhum familiar ficasse sem orientação ou suporte jurídico.
De acordo com a defensora, o atendimento vai continuar nos próximos dias, já que o resgate de corpos ainda está em andamento.
A Defensoria informou que também enviou um ofício à chefia da Polícia Militar solicitando as imagens das câmeras corporais e a identificação dos agentes que participaram da Operação Contenção, para “garantir a preservação das provas”.