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Vai para Paris, Londres, Tóquio? Tome uma cachacinha por lá…

Marvada, branquinha,dita-cuja,quebra-goela,pinga... Em cada região do País ela tem um nome diferente, um apelido, um codinome. Amiga de escravos e senhores de engenho, gera emprego, prazer e renda há séculos. Sinal dos tempos, hoje em dia brasileiro toma vinho e cachaça e europeu cachaça e vinho. Ainda mais agora que começam a surgir verdadeiras obras de arte extraídas do Engenho: Alma brasileira, qualidade mundial!"Ô trem bão, sô!"
Por  Paulo Panayotis
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Vai para Paris, Londres, Tóquio? Tome uma cachacinha por lá…

145, Knightsbridge, Londres,. Restaurante e cachaçaria Mocotó. Brasileiríssimo símbolo nacional encravado na Gran Bretanha. “Un capirinã”! Era mais um gringo se rendendo ao nosso mais original produto: a cachaça! Mais uma caipirinha! With cachaça, please! Com cachaça, por favor! O ano era 2007. Desde então, a cachaça brasileira roda o mundo.

A “marvada”pelo mundo

Foi mais ou menos nesta época que aconteceu, no exterior, o “bum” da cachaça, da marvada, da pinga, do nosso mais tradicional produto. Como rastilho de pólvora, se espalhou pelo mundo civilizado, varreu a China, conquistou o Japão.  “Cultura nacional tipo exportação, pensei comigo mesmo naquela época… vai levar muito turista estrangeiro para o Brasil”…Estava fazendo uma reportagem sobre “brasilidades” na Europa.  Era correspondente internacional de uma grande rede de TV brasileira. Desde então passei a encontrar as mais conhecidas marcas de cachaça nos mais longínquos pontos do planeta. O Mocotó não resistiu ao tempo. Mas a cachaça, esta sim!

La Madame “cachaçá”

Tal qual vinho para os franceses, cachaça para os brasileiros sempre foi fonte de cultura, renda, diversão, paixão. Com uma diferença: os franceses fazem marketing do produto deles há séculos. Nós só aprendemos a valorizar nossos melhores produtos há poucos anos. Era o tal “complexo de vira-latas” consagrado pelo Nelson Rodrigues. Segundo ele, tudo o que é nosso, brasileiro, nacional, é ruim. Melhor é o dos gringos!

Abandonamos Nelson Rodrigues

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Há pouco mais de uma década o tal do “complexo rodiguiano” tem se mostrado digamos, ultrapassado. E a cachaça é o mais claro sinal disto.. Mas que diabos tem a ver isso tudo, pensam vocês, com turismo? Afinal, esta coluna não é para falar de viagens? Voltemos aos franceses. Base importantíssima da economia e da cultura, o vinho produzido por lá não precisa de apresentação. Frequenta mesas nobres, ricas, cultas, pobres. E gera riqueza cultural e econômica há séculos. Sem falar do charme que é tomar um belo vinho francês! Trés chic!

Velha cachaça, novo Brasil

O mesmo começa a acontecer no Brasil. Depois da onda das “caipirinhas” com cachaças de baixa qualidade, entramos em outra fase. A das cachaças premium. Bebidas que incorporam qualidade extrema, charme, apelo intelectual, cultural e gastronômico. Vai me dizer que nunca ouviu aqui no Brasil a expressão “boa cachaça é melhor que wiskie”! Pois assim está se tornando o hábito de tomar a  “marvada”.

Gouveia Brasil
Restaurante português Bela Sintra, São Paulo. O melhor “portuga” do Brasil. Junho de 2015. Escoltada com bolinhos de bacalhau, queijo de cabra e patês finos, chega a mesa a “Gouveia Brasil”. Antes, uma degustação . O “máster somelier’( mestre cachaceiro) Armando Del Bianco,  sobrenome Italiano e forte sotaque mineiro, vai apresentando a “bichinha”.  “Jequitibá, carvalho e amburana. Estas são as madeiras brasileiríssimas onde envelhece nossa cachaça” ensina ele. De aromas sublimes, o blend, a mistura das  três, dá origem a uma das melhores cachaças que já tive o prazer de experimentar.

Figuraça!

Os “gringos” vão assassinar para comprar esse produto, penso comigo mesmo. “Não quero produzir mais  uma cachaça: quero lançar uma grife. Por isso, não tenho pressa. “ Figuraça, Roberto Brasil Vieira, produtor desta “marvada” premium, começa a fazer hoje no Brasil o que os franceses fazem há séculos. Cria uma grife com apelo mundial.  Tem história, cultura e gastronomia envolvidas. A família produz cachaça há mais de um século de forma artesanal. Receita para o sucesso. Publicitário de profissão, músico por vocação e cachaceiro por paixão, são figuras assim que levam o Brasil brasileiro para fora das nossas fronteiras. Mais! Geram emprego e renda. Inicialmente no País. Futuramente no resto do mundo. Melhor! Levam o que temos de “mais bão” para o mundo. Fomentam o turismo. Estimulam a curiosidade dos gringos.   
Sepultam, assim, nosso antigo preconceito de cachorro vira-latas!  “Bão demais sô!”

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Restaurante Mocotó e as primeiras cachaças em Londres | Crédito: Paulo Panayotis e Celina Germer


Charlote de Aves com molho de Uva | Crédito: Paulo Panayotis e Celina Germer


Cachaça premium, o wiskie brasileiro | Crédito: Paulo Panayotis e Celina Germer


Roberto Gouveia Brasil(esq) antes de tomar uma cachacinha | Crédito: Paulo Panayotis e Celina Germer


Harmonização bem brasileira | Crédito: Paulo Panayotis e Celina Germer

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