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O que esperar do Banco Central na próximas reuniões? 3 importantes mensagens foram dadas

Reunião do Banco Central trouxe importantes sinalizações para os próximos passos da política monetária.
Por  Stephan Kautz
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Em sua última reunião, o Banco Central anunciou a manutenção da taxa Selic em 6,5%, sem viés, em linha com o esperado pelo consenso dos economistas. Porém, mais importante do que a decisão em si, a sinalização para os próximos passos parece ainda mais relevante, dado que a taxa de juros permanece em patamar estimulativo, e mesmo sem as incertezas eleitorais e uma depreciação cambial tão forte como a verificada, haveria necessidade de normalizar a taxa Selic.

O Banco Central passou 3 mensagens importantes em sua última comunicação pós-decisão. A principal frase divulgada pelo BC foi a seguinte: “O Copom reitera que a conjuntura econômica ainda prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural. Esse estímulo começará a ser removido gradualmente caso o cenário prospectivo para a inflação no horizonte relevante para a política monetária e/ou seu balanço de riscos apresentem piora.”

Quais são as mensagens embutidas nesse parágrafo? Primeiro, a política monetária poderá ser alterada em qualquer reunião daqui para frente, dado que “esse estímulo começará a ser removido…”. No entanto, não é o cenário base do Banco Central subir a taxa de juros já na próxima reunião dado que para que isso ocorra, é necessária uma deterioração adicional no cenário base. Como as projeções do Banco Central utilizam uma taxa de câmbio de 4,15 com o dólar, somente depreciações adicionais significativas, que afetem as expectativas de inflação, serão motivo para alta na taxa de juros. Finalmente, qualquer movimentação na taxa de juros será gradual, sem a necessidade de choques, ou seja, somente uma catástrofe levaria o Banco Central a iniciar um ciclo de normalização da política monetária com um forte aumento na taxa Selic.

Leia mais: Próxima decisão do Copom ocorrerá 3 dias após 2º turno da eleição presidencial

Essas mensagens parecem corretas com o ambiente atual, de alta incerteza. Os próximos passos da política fiscal serão relevantes para dizer como a política monetária deverá se comportar, dado que um ajuste muito forte nos gastos reduziria a demanda doméstica e abriria espaço para o Banco Central postergar o início das altas. Ao mesmo tempo, uma política fiscal frouxa, sem um projeto de estabilização da dívida pública poderia levar a novas depreciações cambiais e aumento do risco pais, demandando uma reação da política monetária.

O Banco Central age corretamente em se manter alerta e flexível sobre os cenário, e estará buscando sinalizações e informações em duas fontes principais, nos candidatos e eleitos (dado que a próxima reunião será logo após o 2º turno da eleição) e a reação dos mercados, tanto na taxa de câmbio quanto nas expectativas de inflação para os próximos anos, que por enquanto permanecem inalteradas. A definição que o Banco Central busca é sobre o timing e o tamanho do ajuste necessário. Oxalá o Banco Central permaneça independente no próximo governo para definir de maneira técnica e isenta.

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