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PT esconde Lula pela primeira vez na sua história

O blog levantou os tuítes de Haddad nos últimos 30 dias: foram 78 menções a Lula nos 12 dias anteriores ao primeiro turno e 3 nos 17 dias completos desde então; a média diária caiu a cerca de 3% do que era comum no segundo turno. Essas e outras evidências mostram uma novidade das eleições 2018: pela primeira vez na história, Lula se tornou um fardo para o PT e é escondido pelo partido.
Por  Pedro Menezes
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Em todas as campanhas presidenciais da Nova República, o nome de Lula foi citado o tempo inteiro pelo PT. Nas primeiras 6 eleições, ele foi o candidato. Dilma usou e abusou o ex-presidente como cabo eleitoral. A campanha de Haddad só seguiu a regra no primeiro turno. Nas últimas semanas, o candidato do PT escondeu o fundador e histórico líder do partido.

Não se sabe quanto vai durar. De todo modo, já é um dos acontecimentos históricos das eleições 2018.

Abaixo, reúno 4 evidências que justificam a afirmação.

Evidência 1: Haddad parou de citar Lula nas redes sociais

Para escrever esse texto, levantei os últimos 30 dias de tuítes de Fernando Haddad. Destes 30, 12 são antes do primeiro turno, 17 são depois e 1 é o próprio dia do primeiro turno (7 de outubro).

Entre 25 de setembro e 6 de outubro, foram 78 menções a Lula em 12 dias. O nome do Haddad acompanhava sempre um aposto avisando quem é o “candidato de Lula”. No segundo turno, até o dia 24 de outubro, foram apenas 3 menções em 17 dias.

Só a véspera do primeiro turno teve 13 menções a Lula, mais do que o quadruplo do espaço reservado ao ex-presidente em todo o primeiro turno. A média de 6.5 menções/dia cai para 0.235 menções/dia. Ou seja, Lula era quase 30 vezes mais frequente no primeiro turno.

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Os dados completos estão no gráfico abaixo:

graficolulaehaddad

Evidência 2: Haddad parou de visitar Lula no segundo turno

Ao longo do primeiro turno, segunda era dia de Haddad visitar Lula. A última visita foi em 8 de outubro, um dia após o primeiro turno.

Segundo o relato de Marina Dias e Catia Seabra na Folha de São Paulo, foi o próprio Lula quem “liberou seu herdeiro político (..) de fazer visitas semanais a ele em Curitiba”. Ou seja, em parte o PT esconde Lula também porque Lula concordou com isso – talvez o próprio tenha dado a ordem.

O fato é que Haddad parou de visitar Lula no segundo turno. A ordem é evitar qualquer associação entre criatura e criador. Exato oposto do que fez o PT nos últimos pleitos. Sinal dos tempos

Evidência 3: No Roda Viva, Haddad citou JK, ao invés de Lula, como seu ídolo na história do país

No Roda Viva (vídeo aqui), Ricardo Lessa pergunta se Haddad tinha “um ídolo na história do país”. Haddad tem. Todo mundo sabe quem é. Foram cerca de 20 segundos tentando evitar a resposta. Quando veio, se limitou a quatro palavras: “vou citar o Juscelino”. Haddad não deu explicações.

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O desconforto foi nítido e virou assunto nas redes sociais. Haddad frequentemente cita Lula como melhor presidente de todos os tempos. Por que Juscelino ultrapassou o ex-presidente recentemente?

A resposta mais provável é que ele não ultrapassou, mas Haddad adota a estratégia consciente de não idolatrar Lula.

Evidência 4: Haddad fez um novo jingle sem citar o nome de Lula

O PT começou a campanha de 2018 com o seguinte refrão no jingle:

Chama, chama que o povo quer
Chama, chama que o homem dá jeito
Chama que é bom
É Lula nos braços do povo (Lula, livre)

Chama, chama que o povo quer
Chama, chama que o homem dá jeito
É o Brasil feliz de novo

Quando a pseudo-candidatura de Lula foi indeferida pelo STF, o jingle mudou bem pouco. Com alguns ajustes na letra, ficou assim:

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Chama, chama que o povo quer
Chama, chama que o 13 dá jeito
Chama que é bom
Lula é Haddad é o povo (Lula, livre)

Chama, chama que o povo quer
Chama, chama que o 13 dá jeito
É o Brasil feliz de novo

A partir do segundo turno, o jingle perdeu todas as menções a Lula. O refrão ficou assim:

Eu quero Haddad aê
Felicidade aê
Meu presidente é minha voz
Eu quero Haddad aê
E tamo Junto aê
Pelo Brasil, por todos nós

Alguém percebeu qual foi a principal mudança?

Subitamente, o PT percebeu que Lula já não era tão popular e seria impossível ganhar a eleição sem votos antipetistas. Resta saber se a mudança súbita vai dar certo.

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Pedro Menezes Pedro Menezes é fundador e editor do Instituto Mercado Popular, um grupo de pesquisadores focado em políticas públicas e desigualdade social.

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