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As lições aprendidas no pior dia da bolsa desde 2008, contadas por 8 gestores

O clima de incerteza é uma preocupação entre os entrevistados, mas alguns aproveitaram a distorção de valuation gerada para ir às compras 
Por  Rafael Souza Ribeiro
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

SÃO PAULO – Sem dúvida nenhuma, esse mês vai ficar na história da bolsa brasileira como um dos mais paradoxais. Saímos de “Everybody loves Brazil”, com as expectativas alinhadas para o teste do topo histórico do Ibovespa e a percepção de risco afastada com o encaminhamento das reformas, para o caos gerado pela “bomba” que atingiu o governo Temer e fez com que o “circuit breaker” fosse acionado pela primeira vez desde 2008 na quinta-feira (18), dia que culminou em uma queda de 8,8% e o maior volume financeiro da história da nossa bolsa.

São nestas horas de sair do modo “euforia” para “medo” em um piscar de olhos que a maioria dos investidores corre para encerrar suas posições a qualquer preço, a fim de “estancar a sangria” o mais rápido possível. Afinal, o prejuízo não é só financeiro, como também psicológico: não é fácil ver o próprio patrimônio diminuir substancialmente em um dia.

Mas qual a grande lição que podemos tirar dessa semana histórica do mercado? O InfoMoney conversou com oito gestores de fundos de ações do País, que juntos são responsáveis por administrar cerca de R$ 25 bilhões. São gestores de diferentes estilos, desde os mais conservadores e com histórico bem longínquo de sucesso, como investidores que têm se destacado com performances espetaculares nos últimos anos. Essa diversidade é justamente para tirar as mais variadas lições deste episódio.

Não pode relaxar!
Quando está tudo indo como o planejado, é muito comum o investidor esquecer das variáveis de risco e relaxar vendo seu patrimônio crescer a cada dia. Mas aí vem um pregão como de quinta-feira e esse “céu de brigadeiro” fica totalmente nublado. Para evitar essa ingrata surpresa, o investidor deve estar sempre ligado aos riscos de sua carteira.

Neste sentido, Henrique Bredda, gestor da Alaska Asset Management que administra cerca de R$ 500 milhões, faz o alerta: “esteja preparado e instrua o seu cotista para possíveis dias de 1 desvio padrão anual de variação”. Traduzindo: se um fundo de investimento que tem volatilidade de 5%, ele pode perder 5% em um dia. “Essa lei, aproveitando o momento atual do País, também vale para todos: não há retorno sem risco”.

A lição de Bredda não é a toa, já que o fundo que ele gere, o Alaska Black, representa bem esse nível de volatilidade: em 2016, ele foi disparado um dos melhores fundos de ações da plataforma da XP Investimentos, com ganhos superiores a 100% (o Ibovespa, benchmark natural do mercado de ações, subiu 39% no mesmo ano). Em 2017, o fundo acumula incríveis 40% de ganhos antes da trágica quinta-feira, quando em apenas um dia o fundo teve queda de 27%. Nos últimos 12 meses, a valorização ainda beira a faixa dos 70%.

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Cenário merece cuidado
Com um perfil diferente de Bredda, Florian Bartunek é gestor da Constellation Asset, que possui R$ 2,8 bilhões em patrimônio administra a fortuna de bilionários como Jorge Paulo Lemann. Bartunek cita um velho ditado para explicar o que aconteceu com o mercado na última semana: “passarinho que pula muito quer levar chumbo”. O gestor disse que não fez muita coisa na quinta-feira, “apenas algumas trocas, pois em alguns momentos os valuations relativos ficaram distorcidos”. Mas nada que alterasse drasticamente a composição do fundo, pois “ainda cedo para entender o impacto nos resultados das empresas”.

Confira a entrevista que Florian concedeu à InfoMoneyTV.

A cautela também é a palavra de ordem de Breno Guerbatin, gestor do Studio Investimentos, que atualmente administra cerca de meio bilhão de reais. Segundo Guerbatin, “quanto mais fortes são as instituições de um país, mais sentido faz ser corajoso quando outros tem medo”. Contudo, “no Brasil, momentos de estresse devem ser acompanhados com cautela redobrada”, alerta o gestor.

Indo às compras
Como disse Bartunek, a queda do mercado distorceu os valuations das empresas e alguns gestores aproveitaram a queda para reforçar sua posição em bolsa. Esse foi o caso de Fábio Alperowitch, gestor da Fama Investimentos, que atualmente administra R$ 1,3 bilhão: “aproveitamos a queda em nosso favor, comprando posições que gostávamos a preços atrativos”.

A mesma estratégia foi utilizada por Paulo Weickert, gestor da Apex Capital, cujo PL (Patrimônio Líquido) total atualmente é de R$ 4,1 bilhões. Weickert aproveitou a queda para rebalancear o portfólio a fim de “preservar capital e aproveitas oportunidades de investimento em empresas de qualidade e com vantagens competitivas a preços atraentes”.

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Marcos Peixoto, gestor da XP Gestão que atualmente administra R$ 8,8 bilhões, aproveitou o dia para comprar o setor de Papel & Celulose, no caso Suzano (SUZB5) e Fibria (FIBR3), papéis que o gestor afirma que “já gostava do fundamento, mas tinha receio de ter posição maior” por conta da expectativa de queda para o dólar. “Com esse receio indo embora, fiquei mais confortável de ter posições maiores no setor”, destaca Peixoto.

É para comprar mesmo?
Enquanto uns foram com ímpeto às compras, Guilherme Affonso Ferreira, um dos principais investidores da bolsa brasileira e gestor do Teorema, não identificou boas oportunidades para reforçar sua posição em meio ao movimento de queda acompanhado.

Segundo ele, o fundo estava com uma grande posição em caixa, cerca de 25%, pois “a crença na recuperação brasileiras era cautelosa, porque ainda existem muitos obstáculos a serem superados”. Logo pela manhã, conta o gestor, fizemos uma “wish-list” dos papéis para comprar, mas apenas duas empresas entram nos critérios de compra estipulados por Ferreira. No final do dia, “acabamos comprando menos de 2% dos 25% que tínhamos disponibilizados”, finaliza o gestor.

 Confira a entrevista que Guilherme concedeu à InfoMoneyTV.

“Canja de galinha não faz mal a ninguém”
Como dito nos primeiros parágrafos, o investidor sempre deve estar alerta com os riscos de mercado. Neste sentido, Alexandre Sabanai, da Perfin Investimentos, gestora que administra R$ 6,6 bilhões, estava bastante preparado: “no período anterior ao stress político, o mercado criou um consenso positivo em torno da aprovação da reforma da previdência e isso gerou uma boa oportunidade para comprar “puts” [opções de venda] baratas de Ibovespa”.

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Vale lembrar que a valorização da “put” de uma determinada ação está diretamente ligada à desvalorização do ativo objeto, já que, como a opção já te garante o direito de vender a um preço estabelecido, quanto mais a cotação desta ação ficar abaixo do “strike”, mais atrativo para o detentor da opção ficará o direito de exercê-la.

O ganho da opção da venda, segundo o gestor, “deu muita tranquilidade para analisar e decidir um aumento de posição relevante que foi investido nas empresas de alta qualidade” que o fundo tem como alvo.

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