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Analistas mostram maior ceticismo enquanto ação atinge máxima histórica: até onde vai a RD na bolsa?

No mês de maio, três casas de análise cortaram recomendação para a RADL3, mas as ações seguiram em trajetória de alta
Por  Lara Rizério
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

SÃO PAULO – Três cortes de recomendações desde o início do mês e a perspectiva de que os números não serão mais tão brilhantes como um dia já foram. Porém, desde então, as ações já subiram 3,5%, em linha com os ganhos do Ibovespa no período e alcançaram máxima histórica na véspera. 

Trata-se da RD (RADL3) – ex-Raia Drogasil -, que passou a ser vista com maior ceticismo pelo mercado no início do mês, principalmente levando em conta o valuation das ações. 

Contudo, os papéis da companhia voltaram aos R$ 70 na última segunda-feira e, no intraday, superaram a máxima histórica registrada em 1 de novembro de 2016, quando a ação RADL3 bateu os R$ 70,92. Na máxima intradiária, o papel chegou aos R$ 71,16 (+2,09%), fechando a R$ 70,20 (+0,50%). Nesta sessão, o dia é de leve queda para os ativos. 

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Vale destacar que, desde novembro, quando as ações RADL3 superaram a máxima histórica, os papéis enfrentaram fortes oscilações na bolsa na bolsa. Os papéis passaram a ter uma trajetória de baixa, chegando a casa dos R$ 58,00 em dezembro de 2016, recuperando-se para depois chegaram na casa dos R$ 65,00 em fevereiro. Porém, em meados de fevereiro, o ceticismo voltou após o balanço do quarto trimestre de 2016 (veja mais clicando aqui) e as ações chegaram a R$ 56 em meados de março. Contudo, nestes dois meses, os papéis já avançam cerca de 25%, voltando a ser negociada na casa dos R$ 70,00.

Agora, após essa expressiva alta, muitos analistas consideraram que talvez fosse a hora de pisar no freio, mesmo levando em conta os números sólidos da companhia a cada trimestre. 

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Revisões de recomendação

Em 3 de maio, os analistas do Bradesco BBI reduziram a recomendação para as ações, apontando a desaceleração do crescimento e uma nova ameaça competitiva. O banco destacou que as vendas desaceleraram de alta de 12,2% no primeiro trimestre de 2016 para 6,1% no mesmo período deste ano. Além disso, houve uma desaceleração do Ebitda de 8,4% em 2016 a 8,1% em 2017, levando a uma redução nas estimativas e pressionando o valuation.  

A desaceleração das vendas nas mesmas lojas ocorre, de acordo com os analistas, da diminuição do tráfego por loja madura, associada às epidemias de zika e gripe no ano passado que não se repetiram esse ano, “bem como a canibalização proveniente da abertura de novas lojas”, apontam Luciano Campos e Marcus Sena, do Bradesco BBI.

Além disso, o Bradesco BBI apontou para o que seria uma “nova ameaça competitiva”. A RD reconheceu que as vendas no segmento de HPC (Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos) sofreram certa pressão devido à concorrência com outros canais, como “cash & carry” (atacado de autosserviço), especialmente nas categorias mais básicas. Assim, o aumento da capilaridade das lojas e o melhor sortimento de produtos do “cash & carry” podem representar um novo risco. 

Em seguida, foi a vez do HSBC reduzir a recomendação da RD no último dia 8, apontando que as ações da companhia oferecem um potencial limitado, enquanto destacam preferência pela Hypermarcas, que tiveram a recomendação elevada pelo banco de manutenção para compra no mesmo relatório. 

 Já no dia 10, foi a vez no Santander reduzir a recomendação para os papéis da companhia, também destacando a forte valorização nos últimos dois meses. O preço-alvo, de R$ 74,00, representa um baixo potencial de valorização de 5,4% em relação ao fechamento da última segunda-feira.

De acordo com o analista do Santander João Mamede, apesar de considerar a RD um veículo de investimento de alta qualidade, em vista da sua melhor execução na categoria de varejo, equipe de administração experiente e amplas oportunidades de crescimento (com fatia de mercado de 12,5%), a ação está atualmente negociada a uma relação preço sobre lucro esperado para 2018 de 30,5 vezes. “Ou seja, vemos a maioria dessas qualidades precificadas”, aponta Mamede. 

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Qualidades persistem

Assim, mesmo os analistas mais céticos com o desempenho da ação mais à frente seguem vendo as perspectivas para a empresa como positivas. De acordo com o Santander, apesar das margens sob pressão pelos aumentos mais moderados nos preços dos medicamentos (3,1%, em média, contra 12,5% em 2016), “os ventos desfavoráveis de curto prazo” não alteram a opinião positiva para o futuro.

Segundo Mamede, a RD será capaz de minimizar a pressão mais negativa por meio de uma melhor gestão de categorias e queda nas despesas com vendas, gerais e administrativas. “A nosso ver, há continuidade para as oportunidades da empresa no longo prazo e esperamos aumento de participação de mercado nos próximos anos”, aponta o analista. 

Enquanto isso, os analistas do Bradesco BBI reforçam: “é importante ressaltar que não vemos qualquer problema nos fundamentos ou risco iminente para o modelo de negócios da RD. No entanto, esperamos que o novo ritmo de crescimento e os novos riscos pesem sobre o desempenho das ações nos próximos seis a doze meses”. 

Levando em conta esse cenário, as projeções se dividem sobre se o fôlego da RD na bolsa acabou ou se ela ainda tem mais espaço para subir. No dia 8, mesmo dia em que o HSBC cortou a recomendação para os papéis, o JPMorgan reiterou a recomendação overweight, com preço-alvo de R$ 78,00. Os analistas do banco americano incorporaram no modelo as últimas estimativas macroeconômicas, em meio à expectativa de menor inflação e taxa de juro. O preço-alvo foi reduzido em R$ 2,00, mas os analistas do banco seguem com recomendação positiva para os ativos, dada a perspectiva de resultados sólidos. 

“Vemos a RD como a empresa melhor posicionada para se beneficiar
das sólidas perspectivas de longo prazo do mercado brasileiro de farmácias, beneficiando-se do envelhecimento da população do potencial de consolidação, apoiado por seu modelo de sucesso na abertura de lojas, execução superior e balanço sólido (sem alavancagem) e geração de fluxo de caixa livre”, apontam os analistas do JPMorgan. 

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Desta forma, muitos analistas de mercados seguem com recomendação equivalente à compra para a RD – apesar das recomendações de manutenção terem aumentado. De acordo com compilação feita pela Bloomberg com 13 casas de análise que divulgaram relatórios em abril sobre a companhia, 5 possuem recomendação neutra e 8 recomendação de compra, com preço-alvo de até R$ 80,00 para os ativos. 

A RD tem enfrentado o ceticismo do mercado sobre o quanto ela ainda conseguirá entregar nos seus próximos balanços. Enquanto muitos consideram que o fôlego da empresa acabou na bolsa, outros seguem apostando no poder de fogo da companhia – e contam com a ajuda da economia e da demografia brasileira para tanto. 

 

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Lara Rizério Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.

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