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Rogério Ceni e a velha dúvida: todos podem ser líderes?

A primeira competência a ser desenvolvida por alguém que decide se transformar em líder é a coragem. Sem ela, nenhuma outra é necessária ou será suficiente.
Por  Silvio Celestino
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A primeira competência a ser desenvolvida por alguém que decide se transformar em líder é a coragem. Sem ela, nenhuma outra é necessária ou será suficiente.

Rogério Ceni foi um dos maiores atletas de seu tempo e deixou sua marca na história como o maior goleiro-artilheiro de todos os tempos. Foi um ato de coragem escolher um grande time como o São Paulo para iniciar sua carreira de treinador.

Entretanto, ao ser promovido para o cargo, não conseguiu obter os resultados desejados. O que teria saído errado?

Ainda é muito cedo para dizer qualquer coisa a respeito da carreira de treinador de Rogério Ceni. Mas gostaria de usar sua história recente para refletir sobre um fato que ocorre com frequência nas empresas: às vezes, um profissional que é nota 10, ao ser promovido, torna-se um líder nota 1.

Isso é motivo de muita frustração, tristeza e incerteza quanto ao futuro do indivíduo.

A causa disso é que as competências necessárias para liderar não são as mesmas demandadas de uma pessoa em sua função operacional. Portanto, o indivíduo precisa ser transformado em líder, e isso requer método para ser feito.

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A maioria das pessoas acredita que liderança é uma competência nata, e, por isso mesmo, ou alguém nasce líder ou não terá chances de sucesso como tal. Liderança, contudo, é um dos temas de que há mais livros, conhecimento, conceitos e práticas reconhecidas para ser aplicadas no desenvolvimento daqueles que desejam aprender a liderar. É claro que nem todos podem se tornar líderes, por conta de problemas comportamentais e, principalmente, psicológicos, mas, ao contrário da crença, é possível, sim, transformar pessoas em líderes.

Todavia, quando as pessoas, em um país ocidental como o Brasil, são indagadas sobre quem serão os líderes políticos ou empresariais, a resposta é rápida e errada: aqueles que se comunicam melhor e têm mais carisma. Somente em culturas em que há essa crença infeliz é que pessoas como Lula chegam à Presidência, ou empresários e executivos como os envolvidos na Operação Lava Jato se tornam dirigentes empresariais. Se houvesse um mínimo de reflexão consciente a respeito dessa pergunta, a resposta correta seria uma só: quem deve ser o líder é o indivíduo mais preparado para isso.
O preparo para a liderança requer conhecimento, conceitos, melhores práticas e experiência. Não há como exigir menos que isso daqueles que terão a responsabilidade por pessoas, operações e negócios. Sem nos esquecermos daqueles que serão responsáveis por decisões políticas, é claro.

Assim como Rogério Ceni treinava exaustivamente as melhores técnicas para cobrar falta e pênalti, o indivíduo que deseja aprender a liderar deve se aprimorar continuamente nos elementos mencionados.

Desse modo, as empresas e o País estarão em melhores condições quando aceitarem que liderança é um tema cuja complexidade somente pode ser compreendida pelo estudo constante, consistente e permanente por parte dos indivíduos. Querer liderar pelo carisma, intuição e experiência é a fórmula para o desastre no longo prazo, principalmente quando o indivíduo for de má índole. O mesmo desastre que vivemos hoje na liderança política e empresarial no Brasil.

Vamos em frente!

Silvio Celestino É coach de gerentes, diretores e CEOs desde 2002. Também atende a executivos que desejam assumir esses cargos. Possui certificação e experiência internacional em coaching. Foi executivo sênior de empresas nacionais e multinacionais na área de Tecnologia da Informação. Empreendedor desde 1994.

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