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Salvação do maior banco da Alemanha é o pesadelo de emergentes: aumentar os juros globalmente

Só para elucidar a dimensão do potencial problema, o DB tem hoje mais de 43 trilhões de euros em exposição a derivativos
Por  Marcelo López
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Deutsche Bank, o maior banco privado da Alemanha, está com problemas. Isso não é novidade para os leitores desse blog, já que há mais de três anos venho anunciando o risco sistêmico que representa o banco alemão.

Só para elucidar a dimensão do potencial problema, o DB tem hoje mais de 43 trilhões de euros em exposição a derivativos, de acordo com seu último balanço publicado. Isso é o equivalente a 11 vezes o PIB da Alemanha. Ou seja, se o banco cair, ele vai levar muita gente com ele.

O banco vem tentando se reerguer há tempos, com demissões, corte de operações, eliminação de trades pouco rentáveis ou com prejuízos, tentativa de fusão com o segundo maior banco do país, o Commerzbank e, nesse último final de semana, com a criação de um “banco ruim” (bad bank), para descarregar 60 bilhões de euros em “derivativos tóxicos”.

Se a parte ruim fosse somente 60 bilhões de euros, isso não seria um problema. O problema é o próprio DB, cujas ações vêm despencando nos últimos anos e que, de acordo com “grafistas de renome”, tem um suporte muito forte na zona de 0,00 euros. Piadinhas à parte, é importante enxergar a situação como um todo, numa perspectiva mais abrangente.

O banco central europeu está prevendo mais corte na taxa de juros. E ele não está sozinho. No final do ano passado, para quem se lembra, a convicção era de que o Fed subiria os juros três vezes em 2019 e que o programa de QT (quantitative tightening, ou aperto monetário) ficaria em piloto automático.

Assim que o mercado desmoronou, o Fed mudou de curso radicalmente. Como eu sempre brinco, o duplo mandato do Fed não é inflação controlada e pleno emprego, mas sim o Dow Jones e o S&P 500.

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Há agora, segundo especialistas do mercado, 80% de chances de um corte de juros do Fed esse ano. Só que o Fed não vai conseguir inflar essa bolha ad eternum. Derradeiramente a inflação, que já aparece em bonds, ações, imóveis, obras de arte e criptomoedas, vai aparecer também no supermercado, afetando diretamente a população mais pobre, que tem menos exposição aos ativos inflados.

Estamos vendo um aumento na dívida mundial que já está em nível recorde em praticamente todas as modalidades, como a corporativa, governamental, estudantil, hipotecária, de automóveis e de cartão de crédito, por exemplo. Os 10 anos de juros baixos fizeram com que todos recorressem a dívidas.

Mais dinheiro barato vai simplesmente aumentar o risco do sistema, ao invés de resolvê-lo. O Japão está aí para comprovar. O que o mundo precisa é de juros mais altos, para salvar os fundos de pensão e bancos como o Deutsche. É um remédio amargo, porém muito necessário. Infelizmente, não é isso que vai acontecer.

Ressalto mais uma vez a importância de se ter proteção. O ouro é um ativo valioso em tempos de stress nos mercados. Era dinheiro há 3 mil anos, é dinheiro hoje e será dinheiro no futuro. Os bancos centrais sabem disso e compraram 43 toneladas em abril.

Em 2019, o volume acumulado de compras já chega a 270 toneladas e o movimento está sendo liderado por Rússia e China – dois países em disputa com os EUA e o dólar. Os russos são estrategistas natos e os chineses são os reis da paciência e do pensamento de longo-prazo. É prudente segui-los nessa estratégia.

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Marcelo López Marcelo López tem certificação CFA, é gestor de recursos na L2 Capital Partners, com MBA pelo Instituto de Empresa (Madrid, Espanha) e especialização em finanças pela principal escola de negócios da Finlândia (Helsinki School of Economics and Business Administration). Atuou como Gestor de Carteiras e de Fundos em grandes gestoras internacionais, tais como London & Capital e Gartmore Investment Management.

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