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Cannabis: só doidão investe

Cannabis é um mercado difícil, cheio de percalços e desafios, com regulamentação pesada e investimentos altos em produção e P&D
Por  Marcelo López
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Como o título do texto indica, o investimento não é para qualquer um. Estou falando da Tilray, uma empresa incorporada no começo desse ano e que já vale quase US$ 20 bilhões no mercado, segundo a Bloomberg, ou mais que uma American Airlines ou Newmont Mining.

Não tenho nada contra uma empresa valer muito em um curto espaço de tempo, desde que haja uma justificativa fundamentada para isso que não seja hype. Para os menos familiarizados esse termo designa uma promoção exagerada de uma pessoa, ideia ou produto, com promessas irreais. Infelizmente, hype é quase tudo o que eu consigo enxergar nessa empresa.

A começar pelo setor, cannabis, que está chamando a atenção dos investidores da mesma maneira que as criptomoedas fizeram no ano passado, com extrapolações mirabolantes e teorias de agitação (disruption) em vários segmentos que quase deixariam a Tesla para trás (é bom explicar que não há competidor à altura da Tesla nesse quesito).

A Tilray faturou US$17,5 milhões nos seis primeiros meses desse ano e teve prejuízo de US$18 milhões. Apesar disso, o valuation da empresa está na estratosfera, com quase US$20 bilhões de valor de mercado, ou, se anualizarmos o faturamento (sem crescimento), a empresa está sendo negociada por um inacreditável múltiplo de 555 vezes a sua receita.

Como já mencionei em outro post, entendo que o mercado de cannabis seja de crescimento por vários motivos, mas para que a empresa venha a valer US$20 bilhões em um mercado estimado de US$150 bilhões, muita coisa teria que acontecer.

Várias pessoas estão entrando na ação por acharem que o mercado de cannabis é como o mercado de software, que se move rapidamente e com grande escalabilidade – mas não é! Cannabis é um mercado difícil, cheio de percalços e desafios, com regulamentação pesada e investimentos altos em produção e P&D. Mais uma vez, eu sei das oportunidades e do potencial do mercado, com desenvolvimento de novos produtos, bebidas, energéticos e remédios, mas a empresa está sendo negociada para entregar a perfeição e, nessa altura do campeonato, sabemos que isso nunca ocorre.

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A ação está sendo negociada hoje a US$240 (chegou a US$300) e gostaria de lembrar que os fundadores, que supostamente sabem mais sobre essa empresa do que qualquer outra pessoa no mundo, venderam uma parte da empresa a US$17. Isso já nos diz bastante do quanto eles acham que vale o negócio. Vou ter que concordar com os fundadores e achar que o preço está absurdo nesses níveis.

Ainda espero uma grande volatilidade no preço da ação e estamos no meio de uma euforia, similar a que atravessamos no ano passado com as criptomoedas. O mercado é de hype e está negociando as ações de acordo com notícias que saem da empresa e não com parâmetros de valuation normais. Não será um trade simples e é necessário ter estômago para aguentar. Mas acredito que será somente uma questão de tempo para que o preço se ajuste. Só espero que o tempo passe rápido.

Esse texto não constitui uma recomendação de investimento. Nenhuma decisão deve ser tomada com base nas informações aqui contidas.

O autor está engajado na venda a descoberto ou compra de puts do ativo mencionado nessa publicação para carteira proprietária ou de clientes sob sua gestão.

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Marcelo López Marcelo López tem certificação CFA, é gestor de recursos na L2 Capital Partners, com MBA pelo Instituto de Empresa (Madrid, Espanha) e especialização em finanças pela principal escola de negócios da Finlândia (Helsinki School of Economics and Business Administration). Atuou como Gestor de Carteiras e de Fundos em grandes gestoras internacionais, tais como London & Capital e Gartmore Investment Management.

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