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Qual Brasil você quer para o futuro?

Vote para que seu interesse seja representado e monitore seu candidato nos próximos quatro anos para que ele continue te representando. Se ele não for eleito, reconheça: saber perder é uma virtude
Por  Felipe Berenguer
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

A ansiedade acabou. Finalmente, milhões de brasileiros irão exercer seu direito e dever de votar nos representantes que irão compor as casas legislativas e o executivo brasileiro nos próximos quatro anos (oito, no caso do Senado).  

Quem começou a acompanhar todo o processo eleitoral, principalmente desde maio, sabe das idas e vindas que esse incomum pleito foi capaz de provocar nos investimentos, na economia e na racionalidade como um todo.

Independentemente do resultado, estamos diante de uma eleição que quebrou várias premissas da ciência política e possivelmente ficará marcada como a votação mais desatinada da história da democracia brasileira.

Para além do que já aconteceu esse ano – greve dos caminhoneiros, tempo de TV e rádio pouco efetivo nas campanhas, Lula inelegível, atentado ao Bolsonaro, voto útil (e inútil) para todos os lados –, podemos esperar, a partir do resultado, novas surpresas.

É provável que o número de votos não-válidos seja o maior dos últimos 15 anos e que o Congresso Nacional tenha uma das menores renovações políticas comparado à qualquer outra eleição. O mais irônico é que, cinco anos atrás, tomávamos as ruas demandando justamente novos ares para a política.

Para coroar, apesar de ser extremamente improvável, podemos até nos surpreender com um presidente eleito em primeiro turno. Jair Bolsonaro vem em forte crescente, mas ainda depende da transferência de votos de outros candidatos para ele. Por enquanto, o candidato do PSL aumenta suas intenções de voto ganhando votos dos indecisos e, em menor escala, dos candidatos perto de seu espectro, como Álvaro Dias e João Amoêdo.

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Voltando ao legislativo – esquecido pelo povo, mas tão importante quanto o presidente –, estudos apontam que as eleições de 2018 devem ficar abaixo da média histórica em matéria de renovação política na Câmara dos Deputados. As novas regras eleitorais (principalmente o horário eleitoral reduzido e o novo modelo de financiamento de campanhas), privilegiaram aqueles que já têm mandato e buscam a reeleição.

Enquanto a média de renovação das eleições de deputados entre 1990 e 2014 foi de 49% (segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), esse ano o percentual ficará entre 35 e 40%.

Mas quanto são os que buscam a reeleição? A porcentagem daqueles que almejam se reeleger no mesmo cargo ou mudar da Câmara para o Senado ou vice-versa é de expressivos 85%.

Novamente, o incentivo para manter seus cargos tem a ver com a nova legislação política aprovada nos últimos anos. O fundo eleitoral e o fundo partidário – principais fontes de financiamento dos partidos – são divididos de acordo com as cadeiras de cada partido e, a partir de 2020, coligações serão proibidas. Dessa forma, disputar o legislativo virou elementar para a sobrevivência de alguns e fortalecimento de outros partidos.

Por isso, meu apelo aqui é para que os eleitores deem o mesmo peso e energia que dão para a escolha do presidente e governador para debater e escolher os candidatos ao poder legislativo. O sistema político brasileiro é o presidencialismo de coalizão em que, não obstante de estar longe do parlamentarismo, o executivo tem certo grau de dependência do legislativo. Prova empírica disso foi o governo Dilma II.

Para além da renovação, também é preciso combater outro grave gargalo que, na minha opinião, atrasa a política brasileira. Cada um é livre para votar em quem quiser e defenderei esse direito até a morte, mas os dados denunciam: somente 13% do Congresso Nacional é composto por mulheres, em um país onde elas são maioria (51% da população total).

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Isso nos coloca em 152º no ranking mundial de parlamentares mulheres em exercício e fere a democracia representativa. O país já tem cotas para mulheres nas candidaturas (mínimo de 30% por partido ou coligação), mas isso se mostrou insuficiente pela falta de apoio financeiro dos partidos e coligações às candidaturas do gênero feminino.

Vote, portanto, alinhado com um projeto de país que você acredite. Vote após conhecer seus candidatos e estudar suas propostas. A política, ao contrário do que muitos acreditam, é espelho da sociedade – por isso que o nosso sistema leva o nome de representativo.

Se a população não vota ou vota sem interesse ou com amargura, cria-se um vácuo para aqueles que governam em prol de interesses próprios e não para o bem comum. Vote para que seu interesse seja representado e monitore seu candidato nos próximos quatro anos para que ele continue te representando. Se ele não for eleito, reconheça: saber perder é uma virtude.

Que o voto sempre seja uma lição de cidadania, e não ódio. Que o Brasil, independente dos resultados, prospere nos próximos 4, 10 e 50 anos.

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