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A crise e as lições do Lehman Brothers

A maior crise financeira mundial desde o “crash de 1929 e a Grande Depressão“ completou 10 anos neste mês de setembro, com um impacto muito grande devido à maior globalização dos ativos financeiros
Por  Eduardo Guimarães
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Dez anos depois, hoje irei relembrar a crise financeira das hipotecas imobiliárias (sub-prime) nos EUA, que culminou na falência do banco Lehman Brothers durante a fatídica crise de 2008.

Crise Global

O grande símbolo desta crise foi o Lehman Brothers, mas a crise era global e envolveu outras grandes instituições: i) Bear Stearns, socorrido pelo banco central americano (Fed) e comprado pelo JP Morgan; ii) Merril Lynch, que foi comprada pelo Bank of America por um dólar por ação; iii) companhia de seguros AIG e; iv) Fanie Mae e Freddie Mac, empresas de crédito imobiliário nos EUA.

A maior crise financeira mundial desde o “crash de 1929 e a Grande Depressão” completou 10 anos neste mês de setembro, com um impacto muito grande devido à maior globalização dos ativos financeiros pelo mundo.

Como eu vi a crise financeira de 2008

Em 2008, eu trabalhava em banco de investimento e era analista sênior de ações na corretora do Banco Fator. A seguir, vou compartilhar a minha experiência e a minha visão sobre este evento singular do mercado financeiro.

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Primeiro, a euforia: abril de 2008

30 de abril de 2008, quarta-feira, apenas mais um dia normal no mercado de ações. Eu tinha saído para almoçar com outros dois analistas da Fator. Na volta do almoço, ao passarmos pela mesa de operações da corretora percebemos uma gritaria, uma euforia em pleno pregão. O que havia acontecido?

A razão da euforia era que naquele dia o Brasil havia recebido o título de grau de investimento pela agência de avaliação de rating Standard & Poor’s. Finalmente o Brasil havia entrado para o seleto clube dos países com baixo risco do mundo desenvolvido.

No dia 30 de abril, o Ibovespa fechou em alta de 6,3%, com aumento de mais de 4 mil pontos, para 67.868 pontos.

O happy hour foi bem animado neste dia e a euforia era geral nos mercados, com muita liquidez e com os principais mercados acionários em alta pelo mundo.

Depois, a depressão: setembro de 2008

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No dia 15 de outubro de 2008, uma quarta-feira, eu não saí para almoçar. Decidi comer na minha mesa e pedi um lanche natural do famoso Bolado’s. No meio do dia, o Ibovespa chegou a cair mais de 15% e o circuit breaker foi acionado duas vezes durante o pregão.

O clima na mesa de operações da corretora era de espanto, medo e muito nervosismo. Os “mesários” (nome carinhoso que demos para os traders) estavam em depressão, bem longe da euforia do grau de investimento de apenas quatro meses atrás. A área reservada ao café virou praticamente uma área reservada aos fumantes.

O Ibovespa fechou em queda de 11,4% no dia 15 de outubro de 2008 aos 35.069 pontos. No dia 22 de outubro, o Ibov caiu mais 10,5%, chegando aos 35.069 pontos, fundo do poço da Bolsa de Valores brasileira nos últimos anos.

Circuit breaker

Outubro de 2008 foi considerado um dos piores meses da história do Ibovespa, com acionamento do circuit breaker em quatro dias no mesmo mês.

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Mas o que é, afinal, o circuit breaker? É um mecanismo da Bolsa de Valores que paralisa totalmente todas as negociações no mercado acionário durante 30 minutos quando o Ibovespa atinge a queda de 10% no mesmo dia. Na reabertura dos negócios, se a queda no índice chegar a 15%, os negócios são suspensos por mais uma hora.

O circuit breaker foi acionado pela última vez na bolsa de valores no dia 18 de maio de 2018, o infame “Joesley Day”, quando explodiram as graves acusações contra o governo Temer. Neste dia, o Ibovespa fechou em queda de 8,8%, chegando aos 61,597 pontos.

Uma aula sobre risco

Eu sempre digo que quando as ações caem bastante, os investidores aprendem o que é risco e o que é beta. No dia do Joesley, o Ibovespa chegou a cair mais de 10% e alguma ações com beta mais alto chegaram a cair quase 30% durante o pregão.

Top 5 filmes sobre a crise financeira de 2008

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Eu gosto muito de listas dos cincos melhores: ações, cervejas, praias, bandas de rock, livros e filmes.

Para finalizar esta coluna, segue uma lista top 5 filmes para quem quiser entender melhor sobre a crise financeira de 2008, por ordem de preferência. Os filmes explicam de maneira anedótica e simples como aconteceu a maior crise financeira moderna desde a bolha da internet de 2001 e a segunda-feira negra de 1987.

1) Trabalho Interno (vencedor do Oscar de melhor documentário de 2009);

2) A Grande Aposta (Big Short, em inglês, baseado no excelente livro homônimo do autor Michael Lewis);

3) Wall Street, O Dinheiro Nunca Dorme (segundo filme do clássico Wall Street com o famoso Gordon Gekk, interpretado pelo Michael Douglas);

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4) Grande Demais Para Quebrar, análise sobre a concentração bancária nos EUA;

5) Margin Call, O Dia Antes do Fim.

Pretendo falar mais sobre bolhas no mercado financeiro, e na próxima coluna o tema será a alta do principal índice da Bolsa de Valores americana (S&P500) nos últimos 10 anos.

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