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Ou se negocia ou não se respeita a democracia

Cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Cláudio Couto diz que próximo presidente deve respeitar a legitimidade do Congresso para governar
Por  Um Brasil
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

O candidato que for eleito presidente nas eleições deste ano terá que saber lidar com duas circunstâncias características da política brasileira para governar: fazer alianças com representantes de posicionamentos diferentes dos seus e respeitar a legitimidade dos congressistas. É o que diz o cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Cláudio Couto, em entrevista ao UM BRASIL, em parceria com o InfoMoney.

De acordo com Couto, esses fatores são mais fortes na política brasileira em função da fragmentação partidária que compõe o Congresso Nacional. Por isso, afirma que, para governar, o presidente deve negociar e reconhecer que deputados e senadores também foram eleitos, de modo que seus mandatos são tão legítimos quanto o do chefe de Estado.

“Qualquer presidente que vier a governar não vai ter maioria automática no Congresso. Acontece que esse Congresso vai ter sido eleito pela população e terá legitimidade democrática. Portanto, se o presidente quiser aprovar as coisas no Congresso, vai ter que conversar com a maioria que foi eleita pelo povo tanto quanto ele”, ressalta.

“Só que vai precisar compor a maioria. Para compor, precisa saber o seguinte: aquele indivíduo que está representando a população tem um posicionamento diferente do seu. Então, o único jeito de se obter o apoio dele é cedendo alguma coisa. Mas não está cedendo só para ele, está cedendo para o posicionamento que ele representa. É uma solução sem saída: ou você negocia ou você não respeita a democracia”, completa o cientista político.

Sobre o pleito deste ano, Couto comenta que, embora mais pulverizado e incerto, a estrutura tradicional da política deve seguir fazendo a diferença. Com isso, afirma que o horário político, que vai ao ar no rádio e na TV de 31 de agosto a 4 de outubro, ainda terá impacto sobre os eleitores.

“A partir desse momento, vai ser possível observar até que ponto essa política nos moldes tradicionais produz algum efeito. Eu suponho que, tendo em vista o histórico, tende a produzir efeito, sim. É muito difícil um candidato com 48% do tempo não crescer”, salienta.

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Desse modo, acredita que é possível uma eventual disputa presidencial de segundo turno novamente entre candidatos do PSDB e do PT.

“É uma eleição diferente das anteriores do ponto de vista que há mais pulverização e incerteza, mas as velhas estruturas ainda funcionam. Uma amostra disso: todos os candidatos outsiders sumiram. Dizíamos um tempo atrás que essa era uma eleição mais propícia para outsiders, mas um por um eles foram desaparecendo”, frisa o professor da FGV.

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