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Quem precisa ganhar com a política externa é a sociedade

O coordenador do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional da USP, Alberto Pfeifer, e o coordenador da graduação em Relações Internacionais do Ibmec/RJ, José Niemeyer, discutem o papel do Estado na condução da política comercial brasileira
Por  Um Brasil
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O Estado brasileiro precisa ter uma postura mais contundente no que diz respeito à política externa do País, de maneira que possa inserir as empresas nas cadeias globais de comércio e, com isso, colher benefícios para a população. Esse é um resumo do debate promovido pelo UM BRASIL entre o coordenador do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional (GACInt) da USP, Alberto Pfeifer, e o coordenador da graduação em Relações Internacionais do Ibmec/RJ, José Niemeyer.

Na discussão, os entrevistados ressaltaram a necessidade de o governo brasileiro conduzir a política externa de maneira estratégica, além de não negligenciar as vantagens naturais do País e flexibilizar o papel do Ministério das Relações Exteriores (MRE) quanto às negociações com importadores.

“O interesse da política externa, ou da política comercial, não está no exterior. O interesse está em relação à sociedade brasileira, que precisa ganhar com ela”, afirma Niemeyer.

O coordenador do curso de Relações Internacionais do Ibmec/RJ complementa dizendo que o mundo passa por um período “nefasto”, no qual “vivemos tempos de muita contração, muita competição e muita fragmentação do sistema internacional”, e que o Brasil precisa ampliar suas relações externas.

“Não dá para ficar preso em acordos de integração regional que são, no mínimo, contraditórios. O Mercosul é algo que prende o Brasil à América do Sul, que não é a região mais rica do mundo, para se fazer comércio. O Brasil pode se manter no bloco e talvez recompor, junto dos outros membros, uma outra agenda para melhorar [o fluxo do comércio internacional]”, salienta.

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De acordo com Alberto Pfeifer, o Brasil precisa assumir as vantagens que têm no setor de commodities agrícolas em relação aos demais países e aperfeiçoar os negócios na área, além de investir em tecnologia para desenvolver práticas mais eficientes nesse ramo.

“Nossa agenda deve ser de continuidade com aprofundamento. Continuidade no sentido de que a nossa dinâmica de exportações, calcada hoje em commodities agrícolas, é uma vantagem comparativa e competitiva”, assegura. “Temos de continuar investindo em ciência e tecnologia como fizemos ao longo de décadas – e temos exemplos de parques tecnológicos da Petrobras, a Embrapa, todo o sistema de pesquisa e inovação do agronegócio brasileiro – e igualmente na capacidade empresarial brasileira”, completa Pfeifer.

Segundo ele, o Estado brasileiro também precisa fazer um outro trabalho neste momento, que é o de recuperar a imagem do empresariado brasileiro, bastante arranhada após seguidas denúncias de corrupção com o setor público.

“Quero sublinhar algo que nós perdemos em um passado recente e que era um elemento da nossa expansão externa e temos que recuperar, que é exatamente essa projeção do empresariado brasileiro. Infelizmente, em decorrência de problemas de corrupção, perdemos muito dessa capacidade que desenvolvemos por duas décadas com as construtoras brasileiras e com a própria Petrobras. A recuperação da nossa capacidade de penetração no mundo por meio do empresariado é algo que nós precisamos realizar, e acho que o agronegócio volta a ter um papel fundamental quanto a isso por ser, hoje, um setor completamente privado”, reitera.

 

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