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País precisa dobrar investimentos em infraestrutura nos próximos 25 anos

Segundo a sócia da Oliver Wyman, Ana Carla Abrão, e o diretor de infraestrutura da Marsh, André Dabus, Brasil investe menos do que o suficiente para manter a capacidade atual
Por  Um Brasil
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Para conseguir se desenvolver plenamente, o Brasil precisa dobrar a taxa de investimentos em infraestrutura pelos próximos 25 anos. Contudo, os esforços do País nessa área atualmente são menos do que o suficiente para manter a estrutura disponível em funcionamento.

Essa é a análise da sócia da consultoria Oliver Wyman Brasil, Ana Carla Abrão, e do diretor de infraestrutura da empresa de gestão de riscos e seguros Marsh Brasil, André Dabus, em entrevista ao UM BRASIL em parceria com a InfoMoney.

Atualmente, o País investe em infraestrutura o equivalente a 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com os entrevistados, para manter a capacidade atual pelos próximos 20 anos, é necessário aumentar essa taxa para 3,2%.

“O Brasil, nos últimos 20 anos, cresceu pouco, e, do ponto e vista de produtividade, estamos estagnados. Para recuperar a nossa capacidade de investimentos, precisamos ter ganhos de produtividade”, afirma Ana Carla.

Segundo a doutora em Economia e sócia da Olyver Wyman, a infraestrutura atual do País é “precária e escassa”. “É necessária uma taxa de investimentos de 3,2% para manter a infraestrutura que temos hoje, não depreciá-la. Mas, para chegar aonde temos de chegar, devemos dobrar os investimentos em infraestrutura pelos próximos 25 anos para ter, de fato, um estoque de infraestrutura que atenda à população brasileira e traga os ganhos de produtividade que buscamos”, comenta.

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O diretor de infraestrutura da Marsh Brasil, André Dabus, ressalta que uma das dificuldades de se investir no Brasil é a instabilidade das regras dos contratos com o setor público. Atualmente, uma empresa de infraestrutura segue, em geral, quatro leis para realizar seus projetos: Lei de Licitações, Lei de Concessões, Lei das Parcerias Público-Privadas e Lei das Estatais. Mas, mesmo assim, a avaliação de risco, parte fundamental no processo de decisão de um projeto, costuma ser comprometida por alterações em contratos em andamento.

“Em um país como o nosso, carente de infraestruturas urbana e social, é muito importante que a gente tenha condições de entender qual é o caminho para tração desses investimentos. Pode ser por meio de empresas brasileiras ou de fora investindo no Brasil. Independentemente da origem do investimento, é fundamental melhorar a percepção da capacidade de absorção dos riscos que estão envolvidos nesses projetos”, salienta Dabus.

Também comentando sobre a falta de previsibilidade de regras, Ana Carla destaca que isso compromete que o País tenha projetos de longo prazo. Além disso, ela ressalta que políticos em cargos públicos costumam trabalhar com o objetivo de enaltecer seus mandatos, preterindo, assim, as prioridades do País.

“Precisamos alterar e melhorar substancialmente as nossas capacidades de planejamento e de priorização de projetos. Esse papel que o governo precisa desempenhar, que é de coordenação dos investimentos, de priorização das áreas, é fundamental. O País sofre com essa deficiência ao longo de muito tempo”, completa Ana Carla.

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