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Pesquisas no fim de agosto “erraram” últimas 4 eleições presidenciais

De 2002 a 2014, intenções de voto na segunda metade de agosto apontavam resultados diferentes do que se viu nas urnas. Em todos os casos, pesquisas colocavam tucano fora do segundo turno, o que não ocorreu.
Por  Pedro Menezes
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

As pesquisas Ibope e Datafolha dessa semana deixaram uma pergunta no ar: quão importantes esses resultados são? Para responder à pergunta, confrontei as pesquisas realizadas na mesma época de agosto nas últimas 4 eleições – 2002, 2006, 2010 e 2014. Em todos os casos, as pesquisas erraram o resultado do primeiro turno.

Como critério, observei sempre a primeira pequisa Ibope e Datafolha na segunda quinzena de agosto, comparando com o resultado final, em votos válidos. Todos os resultados tem como fonte a base de dados do Poder360.

Há uma boa notícia para os tucanos nos números. Em 3 dessas 4 eleições, o candidato do PSDB melhorou seu resultado consideravelmente.

Em 2002, Serra estava cerca de 20 pontos percentuais atrás de Ciro Gomes, mas terminou com 12 p. p. de vantagem. As intenções de voto no final de agosto daquele ano sugeriam Lula e Ciro no segundo turno, mas foi Serra quem perdeu no fim de outubro.

Quatro anos depois, em 2006, a diferença entre Lula e Alckmin rodeava os 30 pontos percentuais, mas foi de apenas 7 nas urnas. A vitória de Lula não ocorreu no primeiro turno, como previsto.

Já nas últimas eleições, eram mais de 20 pontos percentuais pró-Marina que se transformaram em 12 a favor de Aécio, que disputou o segundo turno com Dilma.

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As eleições de 2010 foram as únicas em que um tucano não cresceu muito após o fim de agosto. Serra teve um ponto percentual a menos do que no Ibope, mas dois pontos percentuais a mais no Datafolha. Nesse caso, foi Marina quem cresceu quando a campanha pegou fogo, com uma votação 15 pontos percentuais maior do que no Ibope e 20 maior do que no Datafolha, considerando as intenções na segunda quinzena de agosto.

Ainda assim, as pesquisas apontavam vitória de Dilma no primeiro turno em 2010. Naquele ano, ocorreu segundo turno entre ela e Serra.

No caso do PT, os resultados mostram dois exemplos de melhora entre as pesquisas e o resultado final (2002 e 2014), mas dois exemplos de piora (2006 e 2010).

De todo modo, as pesquisas serviram para apontar quem seria o vencedor das eleições. Em todos os anos, o líder do primeiro turno nas pesquisas do fim de agosto foi também o presidente eleito.

Isso significa que algum dos líderes de 2018 será o próximo presidente? Certamente não. Todos os bons motivos para crer que esta é uma eleição atípica estão aí. Se resta alguma dúvida no eleitor, lembre que há dois líderes distintos nas pesquisas, ainda que um esteja inelegível.

A imprevisibilidade da campanha esse ano abre espaço para variações ainda maiores entre as intenções de voto de hoje e o resultado no início de outubro. Isso não significa que Alckmin certamente crescerá como os tucanos dos últimos pleitos, mas certamente há algo a se aprender nesses números.

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Por fim, vale ressaltar que esse não é exatamente um “erro”. As pesquisas no fim de agosto não tem como objetivo apontar o resultado das eleições, mas sentir como estão as intenções de voto naquele momento, o que sempre pode mudar.

Pesquisas são importantes, mas guiar-se apenas por elas é um erro básico que nenhum analista político pode cometer. Abaixo, deixo os resultados completos do levantamento:

Intenções de voto no Datafolha entre 15 e 16 de agosto de 2002:

  1. Lula – PT (41,1%)
    Ciro Gomes – PPS (30%)
    Serra – PSDB (14,4%)
    Garotinho – PSB (13,3%)
    Zé Maria – PSTU (1,1%)

Intenções de voto no Ibope entre 17 e 19 de agosto de 2002:

  1. Lula – PT (42,7%)
    Ciro Gomes – PPS (31,7%)
    José Serra – PSDB (13,4%)
    Anthony Garotinho – PSB (12,2%)

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Resultado do primeiro turno de 2002:

  1. Lula – PT (46,44%)
    José Serra – PSDB (23,19%)
    Anthony Garotinho – PSB (17,86%)
    Ciro Gomes – PPS (11,97%)

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Intenções de voto no Datafolha entre 21 e 22 de agosto de 2006:

  1. Lula – PT (57%)
    Geraldo Alckmin – PSDB (29,1%)
    Heloísa Helena (12,8%)
    Cristovam Buarque – PDT (1,16%)

Intenções de voto no Ibope entre 15 e 17 de agosto de 2006:

 Lula – PT (56,6%)
Geraldo Alckmin – PSDB (25,3%)
Heloísa Helena (14,5%)
Cristovam Buarque – PDT (1,2%)

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Resultado do primeiro turno de 2006:

  1. Lula – PT (48,61%)
    Geraldo Alckmin – PSDB (41,64%)
    Heloísa Helena (6,85%)
    Cristovam Buarque – PDT (2,64%)

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Intenções de voto no Datafolha em 20 de agosto de 2010:

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  1. Dilma – PT (54,7%)
    José Serra – PSDB (34,9%)
    Marina Silva – PV (10,5%)

Intenções de voto no Ibope entre 24 e 26 de agosto de 2010:

  1. Dilma – PT (60%)
    José Serra – PSDB (31,8%)
    Marina Silva – PV (8,24%)

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Resultado do primeiro turno de 2010:

  1. Dilma – PT (46,91%)
    José Serra – PSDB (32,61%)
    Marina Silva – PV (19,33%)

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Intenções de voto no Datafolha entre 28 e 29 de agosto de 2014:

  1. Dilma – PT (40,7%)
    Marina Silva – PSB (39,5%)
    Aécio Neves – PSDB (17,4%)

Intenções de voto no Ibope entre 23 e 25 de agosto de 2014:

  1. Dilma – PT (40,5%)
    Marina Silva – PSB (34,5%)
    Aécio Neves- PSDB (22,6%)

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Resultado do primeiro turno de 2014:

  1. Dilma – PT (41,59%)
    Aécio Neves – PSDB (33,55%)
    Marina Silva – PSB (21,32%)

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Pedro Menezes Pedro Menezes é fundador e editor do Instituto Mercado Popular, um grupo de pesquisadores focado em políticas públicas e desigualdade social.

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