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Do naufrágio ao porto seguro: mercado debate cenários para o futuro da política

No que me concerne a área política, em meio a tamanha crise e incertezas, um dos pontos centrais do evento foi o questionamento sobre o que nos aguarda nas próximas eleições
Por  Erich Decat
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

por Erich Decat*

Foram três dias de intensa circulação de informação pelos corredores, salões e plenárias. A dinâmica era tamanha que se trocava o dia pela noite e poucos notavam o passar das horas. A Expert 2017 foi marcada não apenas pelo seu tamanho e número record de visitantes, mas sobretudo pelo conteúdo ali disseminado.

No que me concerne a área política, em meio a tamanha crise e incertezas, um dos pontos centrais foi questionamento sobre o que nos aguarda nas próximas eleições.

Como não havia uma barraca de videntes na feira e diante do atual quadro na política, essa resposta não pôde ser dada de imediato. Algumas premissas, contudo, foram colocadas.

A respeito de uma candidatura do ex-presidente Lula, o coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol, lembrou que, em média uma decisão em segunda instância leva cerca de 10 meses, isso, sem contar um possível pedido de vista. Ou seja, em tese, dá tempo, sim, para Lula disputar as próximas eleições, antes de ser julgado em segunda instância e eventualmente ser considerado como Ficha Suja, o que o tornaria inelegível por oito anos. Esse prazo para o julgamento também foi lembrado pelo jornalista Vladimir Netto, autor do livro “Lava Jato — O Juiz Sergio Moro e os Bastidores da Operação Que Abalou o Brasil”.

Apesar dos receios de alguns, principalmente em razão das últimas pesquisas apontarem Lula liderando a disputa de 2018, o fato de o petista poder ser candidato foi defendido, contudo, fervorosamente, pelo prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB). “É melhor que esse sem vergonha dispute as eleições e perca as eleições em outubro do ano que vem, a ser vitimizado e martirizado como alguém que deixou de disputar uma eleição porque teve uma intervenção seja pelo Judiciário, seja por outro qualquer. Temos que vencer o Lula nas urnas”, disparou Dória. Apesar da euforia causada com as declarações, ele ressaltou várias vezes que não é candidato. Pelo menos por agora. “É cedo para falar de eleição, mas não é tarde para falar de Brasil”, considerou.

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Falando também de Brasil, subiu no palco principal da Expert o apresentador Luciano Hulk, considerado como “novo”, pelo ex-presidente Fernando Henrique e que pode surpreender numa eventual candidatura presidencial. Com um discurso emocionante sobre sua experiência na queda da aeronave e com história de pessoas mais humildes colhidas pelo Brasil, o apresentador defendeu a necessidade da criação de novas lideranças, que tenham entre suas virtudes a ética e o altruísmo. Curiosamente, características presentes no seu discurso de apresentação, quando falou de sua trajetória até ali.

Sobre o presente ou mais especificamente sobre a permanência do presidente Temer na cadeira, coube ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, fazer algumas considerações. Para ele, apesar das investidas do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que deverá apresentar denúncia contra o presidente nas próximas horas, Temer, por enquanto, permanece. O ministro ressaltou que o STF deverá atuar no afastamento de fatores de instabilidade. Um exemplo de atuação nesta linha por parte do Supremo citado por ele, foi a decisão da maioria em reconhecer as delações e o ministro Edison Fachin como relator dos processos da JBS. Até aqui o placar está 7 a 0 neste sentido. O julgamento será retomado nesta quinta-feira. “Nos cabe levar o Brasil ao porto ao invés de deixá-lo no naufrágio”.

* Erich Decat, há quase 10 anos, atua na cobertura do dia a dia da política em Brasília. Experiência que foi desempenhada em alguns dos principais veículos de imprensa do País. Entre eles: Blog do Noblat/OGlobo; Correio Brasiliense; Folha de S.Paulo. Desde 2013 trabalha na editoria de política do Jornal Estado de S.Paulo. Ao longo desse período realizou reportagens, bastidores, monitoramento e análises de temas que abrangem não apenas à Política como também à Economia e o Judiciário. É formado em jornalismo pelo IESB com curso de extensão em gestão de equipe pela Universidade de Rennes 1, França.

Erich Decat atua há 10 anos na cobertura política diária em Brasília, passando por veículos como Blog do Noblat/OGlobo, Correio Brasiliense, Folha de S.Paulo. De 2013 até 2017 trabalhou na editoria de política do Jornal Estado de S.Paulo. erich.decat@xpi.com.br

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