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Haddad pode até perder, mas o PT já ganhou

Embora as evidências sugiram o contrário, o PT sairá desta eleição como um dos grandes vencedores
Por  Mario Vitor Rodrigues
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Em termos brandos, o desafio que Fernando Haddad enfrenta nesse segundo turno não é dos mais animadores. Precisa virar quase 18 milhões de votos. E para tanto tem dois caminhos: dizer a verdade, o que significaria admitir o maior assalto aos cofres públicos na história da República e o apoio flagrante a ditaduras sanguinárias, ou continuar seguindo a estratégia petista clássica de negar quaisquer desvios capitaneados pelo Partido.

Trocando em miúdos, ou bem Haddad faz um mea culpa histórico em se tratando de PT, movimento que a essa altura diminuiria ainda mais as chances de uma virada e ainda por cima denotaria um oportunismo inaudito, ou macula de vez a sua imagem de representante moderado da esquerda no debate público.

Convenhamos, não faz muita diferença. O Partido dos Trabalhadores já está marcado na história como a legenda que mais manipulou o sistema para se perpetuar no poder. A cada dia que passa Haddad apenas reafirma que a sua gênese em nada difere daquela habitualmente atrelada aos políticos, e, por fim, Bolsonaro já está eleito.

Pois muito bem, embora as evidências sugiram o contrário, o PT sairá desta eleição como um dos grandes vencedores. E assim será por ter conseguido alcançar o objetivo que lhe era mais precioso após tantos escândalos de corrupção que acabaram culminando em um processo de impeachment: a própria sobrevivência política.

No fim das contas, a estratégia desenhada por Lula de dentro da cadeia deu certo. O partido simplesmente começará o ano que vem com a maior bancada da Câmara, 56 deputados. Quatro a mais do que o PSL de Bolsonaro.

De quebra, o próximo governo enfrentará uma realidade nada alvissareira. Serão tempos duros para a próxima equipe econômica, uma vez que medidas impopulares terão de ser assumidas, sob pena de o país enfrentar um cenário cataclísmico nos anos seguintes.

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Passada a época das bravatas comuns em períodos eleitorais, os bolsonaristas deverão jogar o jogo de sempre. Precisarão negociar. Terão de se sentar e buscar acordos. Fazer acordos incoerentes com o discurso purista tão alardeado por Bolsonaro no afã de vender a própria imagem como a de uma noviça no Bordel.

E o PT estará ali. Não terá retomado a Presidência, algo que de todo modo seria improvável, mas assumirá o papel que desde sempre lhe vestiu melhor, que é o de oposição. Ávido para, em quatro anos, voltar dizendo “eu bem que avisei”.

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