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O rabo e o cachorro – ou como o exterior voltará a influenciar o mercado brasileiro

No curto prazo podemos descolar do exterior, mas no médio e longo prazos seguiremos o mesmo movimento
Por  Eduardo Cavendish
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

No dia seguinte à eleição de Jair Bolsonaro, candidato preferido do mercado, diferentemente do que muitos imaginavam nosso índice de ações terminou o dia caindo 2,24% após ter subido quase 3% no início do dia.
Acredito que foram dois os principais motivos que levaram à esse movimento: realização de algumas posições que foram montadas já esperando a eleição do Bolsonaro (o tal do compra no boato e realiza no fato) e, principalmente, a azedada no humor externo.

Fato é que enquanto vivíamos numa cansativa rotina eleitoral, o mundo vinha piorando gradativamente e conseguimos reduzir os impactos externos dada a agenda positiva para a economia proposta pela campanha do Bolsonaro.

Acredito que no curto prazo podemos descolar do exterior, mas no médio e longo prazos seguiremos o mesmo movimento. Como um bom amigo sempre insiste: “nunca será o rabo que abanará o cachorro, o cachorro sempre abanará o rabo”. Nesse caso o rabo é o Brasil e o cachorro é o externo.

Sendo assim, já que é o externo que temos de nos preocupar vamos analisar o gráfico abaixo que consiste nos ativos comprados para estimular a economia pelos Bancos Centrais das principais economias do mundo como BoC (China), BOJ (Japão), ECB (Europa) e FED (EUA).

O gráfico mostra muito claramente como a redução dos ativos vem ocorrendo de forma rápida. Tal redução vem surtindo o efeito de reduzir a liquidez disponível nos mercados mundiais devido à não rolagem de títulos detidos no balanço dos BCs e, por consequência, aumentar os yields dos títulos (soberanos e privados).
Taxas maiores nos títulos de renda fixa demandam retornos maiores em ativos de risco como ações, que levam à venda desses ativos e migração para a chamada Renda Fixa.

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Entramos na fase de retirada dos estímulos monetários após a grande crise de 2008/2009. Retirada feita de forma muito tardia, diga-se de passagem. Assim como um viciado, os mercados se tornaram viciados em juros baixos e terão enorme dificuldade no processo de normalização das taxas que ainda está longe de ser concluída. Em momentos como esse em que a maré baixa rapidamente que descobrimos “aqueles que estavam nadando pelados”, parafraseando o brilhante Warren Buffett. 

Mantenham o foco no cachorro, não se distraiam com o rabo abanando.

Nesse caso, cão que ladra, morde.

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Eduardo Cavendish Administrador formado pelo Insper, apaixonado por geopolítica e sócio na CIGA Invest. Sempre desafiando o senso comum

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