Queda da Bolsa se deve mais ao receio de recessão global do que à Argentina
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Em uma semana, a bolsa brasileira caiu 4,86%. Os motivos para a queda estão mais relacionados ao cenário externo do que conjuntura interna.
Receio de uma recessão global, captada pela inversão da curva de juros americana, guerra comercial entre China e Estados Unidos e a conjuntura econômico-política da Argentina explicam a queda na bolsa e a alta do dólar no Brasil.
Diante de tantas variáveis, é difícil compreender se a queda na bolsa brasileira está mais ligada ao fator “Argentina” ou ao fator “economia mundial”.
A fim de responder esta pergunta, foi feito um exercício econométrico no qual a variação do Ibovespa é explicada pela variação da bolsa na Argentina e pela variação do S&P500. O exercício foi inspirado num “CAPM adaptado”, no qual a variação de um ativo é explicada pela variação da bolsa. Neste caso, a ideia é verificar o quanto a crise na Argentina afeta a bolsa brasileira, controlando pelos efeitos da economia global.
Os efeitos da economia global seriam captados pelo S&P500. Embora o S&P500 seja um índice da economia americana, ele foi utilizado como uma proxy da economia global. A proxy é válida porque a economia global é altamente influenciada pela economia americana e a bolsa nos EUA representa quase 50% de toda a bolsa no mundo.
Antes de partirmos para o resultado, é importante frisar que não se trata de um artigo acadêmico, mas um exercício econométrico para nos dar alguns “insights” sobre o comportamento da bolsa brasileira. No entanto, mesmo sem o rigor de um artigo científico, procurou-se respeitar as principais premissas econométricas, tornado os resultados válidos.
De acordo com os resultados, tanto a economia global quanto o fator Argentina estão relacionados com a variação do Ibovespa. Isso parece óbvio e apenas confirma o senso comum. No entanto, o que chama a atenção é que a bolsa brasileira é 5 vezes mais sensível a economia mundial do que a bolsa na Argentina, conforme resultados abaixo.
De acordo com os resultados, conclui-se que provavelmente a queda da bolsa e a alta do dólar recentemente no Brasil estejam mais relacionados com a guerra comercial entre China e Estados Unidos e o receio de uma recessão global (coeficiente de 0,471312) do que a crise na Argentina (coeficiente de 0,090241) .
Alan Ghani é economista, PhD em Finanças e professor de pós graduação
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