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Grevistas, entendam por que a reforma da Previdência é boa para vocês

Grevistas, vocês também não estão imunes aos efeitos colaterais de uma não aprovação da reforma da previdência, pelo contrário. Pensem nisso e protestem, mas pelo apoio à reforma da previdência, pelo Brasil, por vocês mesmos
Por  Alan Ghani
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Conforme destaca matéria do InfoMoney (aqui), algumas categorias entram em greve hoje (14) contra a reforma da Previdência.

Embora o direito à greve seja constitucional, isso não significa que a paralisação seja racional.

Provavelmente, muitas pessoas dessas categorias, por falta de conhecimentos em economia, ainda não entenderam que a reforma da Previdência não é uma questão de escolha, mas de urgência; e, sem ela, a situação dos próprios grevistas poderá se tornar muito pior.

Um dos principais motivos para a resistência de algumas pessoas em relação à reforma da previdência é a ideia de que o orçamento do governo é ilimitado, infinito.

Não entendem que o dinheiro do governo advém da arrecadação de impostos sobre a renda gerada na sociedade. Essa renda (salários, lucros, juros, aluguéis, etc.), medida em dinheiro, é igual ao total de bens e serviços finais produzidos no país (PIB). Como a produção de bens e serviços é limitada, a renda também é limitada. Como o dinheiro do governo vem da tributação dessa renda, o orçamento do governo é limitado.

De um modo mais simples: o governo não tem dinheiro infinito para fazer tudo. Pelo contrário, a arrecadação total de impostos não é suficiente para cobrir todas as despesas do Estado, como saúde, educação, previdência, juros da dívida, etc. Nesse caso, o governo emite títulos públicos, emprestando dinheiro da sociedade para fechar as suas contas.

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Acontece que a capacidade de endividamento do governo não é ilimitada. Se nada for feito em relação à Previdência, corremos o risco de o governo não ter recursos para fechar as suas contas, mesmo emprestando dinheiro da sociedade. Nessa situação, o governo escolheria um grupo para dar calote, para conseguir pagar as aposentadorias e as demais despesas.

E quem seria esse grupo? De acordo com economista Paulo Tafner (aqui), seriam os próprios trabalhadores brasileiros, maiores detentores da dívida pública brasileira.

É claro que algumas pessoas mal informadas acreditariam que o calote seria no banqueiro, confundido o banco na pessoa jurídica com o banqueiro na pessoa física.

Um calote nos bancos, também seria um calote na própria população brasileira. Se o banco quebrar, o dinheiro da população simplesmente desapareceria da noite para o dia.

Essa perda de patrimônio da população brasileira seria apenas a consequência direta do calote. As consequências indiretas seriam desemprego, crise econômica e inflação. Para quem duvida, basta olhar o que aconteceu com a Grécia e com a Argentina. É um tombo que demora décadas para o país se recuperar.

Para evitar essa situação catastrófica, que atingiria também os grevistas de hoje, a reforma da previdência é essencial. Primeiro, porque afastaria o risco de um calote da dívida pública. Segundo, porque, ao afastar esse risco, as expectativas melhorariam e os empresários voltariam a investir, conforme argumentado no artigo Por que a reforma da Previdência ajudaria a melhorar o emprego e a renda?. Com a reforma, o país voltaria a crescer, o que significa mais arrecadação para o governo e mais empregos.

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Infelizmente, muitos trabalhadores classistas não entendem que, para seus benefícios continuarem a existir, tem que haver condições econômicas de provê-los.

Se não houver dinheiro, não há direito que garanta esses benefícios. Se duvidam, basta ver o atraso de pagamento de funcionários públicos em alguns estados. Esse atraso de pagamento é apenas uma amostra grátis do que seria a não aprovação da reforma da previdência.

Portanto, grevistas, vocês também não estão imunes aos efeitos colaterais de uma não aprovação da reforma da previdência, pelo contrário. Pensem nisso e protestem, mas pelo apoio à reforma da previdência, pelo Brasil, por vocês mesmos.

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Alan Ghani é economista, PhD em Finanças e professor de pós graduação

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Alan Ghani É economista, mestre e doutor em Finanças pela FEA-USP, com especialização na UTSA (University of Texas at San Antonio). Trabalhou como economista na MCM Consultores e hoje atua como consultor em finanças e economia e também como professor de pós-graduação, MBAs e treinamentos in company.

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