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General Mourão jamais seria eleito sem Olavo de Carvalho

É comum ouvirmos de analistas políticos que a vitória da chapa Bolsonaro/Mourão decorreu do antipetismo, fruto de anos de crise econômica e corrupção. Mas se o fenômeno eleitoral fosse apenas o antipetismo, por que a população não votou majoritariamente em Geraldo Alckmin, Ciro Gomes, Marina Silva ou João Amoêdo? Sem dúvida, o antipetismo foi uma condição necessária para a vitória de Bolsonaro, mas não suficiente. A condição suficiente para a vitória de Bolsonaro/Mourão é o surgimento de uma onda conservadora no Brasil gestada por Olavo de Carvalho
Por  Alan Ghani
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

É comum ouvirmos de analistas políticos que a vitória da chapa Bolsonaro/Mourão decorreu do antipetismo, fruto de anos de crise econômica e corrupção. Mas se o fenômeno eleitoral fosse apenas o antipetismo, por que a população não votou majoritariamente em Geraldo Alckmin, Ciro Gomes, Marina Silva ou João Amoêdo? Sem dúvida, o antipetismo foi uma condição necessária para a vitória de Bolsonaro, mas não suficiente.

A condição suficiente para a vitória de Bolsonaro/Mourão é o surgimento de uma onda conservadora no Brasil – ou Bolsonaro não era percebido como o mais conservador dos candidatos? O ponto é que essa onda conservadora não se deu de maneira espontânea; nem seria possível, uma vez que a imprensa e as universidades – principais formadores de opinião na era moderna – são dominados por ideias progressistas (new left). Portanto, para a ocorrência de uma onda conservadora, seria necessário haver um agente externo capaz de furar toda a hegemonia cultural de esquerda presente no país. Conforme argumentado no artigo Não existiria Bolsonaro presidente sem Olavo de Carvalho, o principal responsável por essa onda conservadora no Brasil se chama Olavo de Carvalho

No artigo, aponto como o trabalho de Olavo de Carvalho foi fundamental para quebrar a hegemonia cultural de esquerda presente nos meios acadêmicos e midiáticos, e consequentemente criar um ambiente fértil para florescer ideais conservadoras. Nesse processo, Olavo de Carvalho influenciou também, direta ou indiretamente, uma geração de formadores de opinião, como Felipe Moura Brasil (Jovem Pan), Alexandre Borges (Jovem Pan), Flávio Gordon (escritor, Gazeta do Povo), Lobão (músico), Nando Moura (crítico musical), Bene Barbosa (especialista em segurança pública), Danilo Gentili (SBT), Allan dos Santos (Terça Livre), Filipe G Martins (Assessor do Presidente da República), Alexandre Pacheco (InfoMoney), que ajudaram a disseminar ideias liberais e conservadoras por toda a sociedade. 

Após a publicação do artigo, recebi algumas críticas de pessoas dizendo que votaram em Bolsonaro/Mourão sem nunca ter ouvido falar de Olavo de Carvalho. Esse tipo de argumento só mostra que um indivíduo desconhece o poder que um intelectual e suas ideais têm sobre a sociedade. Um exemplo ajuda a entender. Muitos sindicalistas nunca leram Karl Marx (e às vezes nunca ouviram falar), mas agem sob a influência de suas ideais. Da mesma maneira, existem milhares de pessoas que apoiam o aborto ou a legalização das drogas sem nunca ter lido os intelectuais defensores dessas práticas. O ponto é que a influência intelectual molda a opinião, valores, comportamentos e ações numa sociedade. Para entender como a influência intelectual altera a cultura, recomendo fortemente a leitura do livro “A Corrupção da Inteligência” de Flávio Gordon. Neste livro, embasado em fontes primárias, você entenderá que a ascensão de Lula seria impossível sem um ambiente cultural e moral corrompido. Da mesma forma te ajudará a entender como Olavo de Carvalho teve influência para a chapa Bolsonaro/Mourão sair vitoriosa.

Aliás, a influência intelectual de Olavo Carvalho para a vitória da dupla Bolsonaro/Mourão é reconhecida inclusive pelo próprio presidente, que fez questão de mostrar, em seu primeiro discurso, o best seller do filósofo, “O Mínimo que você precisa saber para não ser um idiota”. Essa influência, inclusive, teve efeitos concretos. Atualmente, alguns dos seus alunos fazem parte do governo (Filipe Martins, por exemplo) e a escolha do ex-Ministro da Educação, Ricardo Vélez, e o atual das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, teve o aval intelectual do filósofo.

Se, de um lado, essa influência para a eleição de Bolsonaro e indicação de membros de governo é certa, por outro, há dúvidas até que ponto Olavo de Carvalho influencia o governo Bolsonaro. Enquanto a imprensa discute o grau de influência do filósofo sobre o governo, algo é certo: as opiniões de Olavo de Carvalho têm incomodado alguns membros da ala militar, como o General Mourão, por exemplo.

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O ponto central é: por que o general Mourão se incomodou tanto com as críticas de Olavo de Carvalho? Possivelmente porque sabe que as críticas de Olavo têm lastro. No mínimo, é muito estranho o General Mourão desautorizar o ex-presidente toda hora. Mais do que estranho, é antiético. O que chama mais a atenção não é apenas as opiniões progressistas de Mourão (veja todas aqui, segundo reportagem da Folha), mas a sua mudança de opinião de antes da eleição para hoje (veja aqui excelente vídeo de Bernardo P Küster sobre o assunto). Por que Mourão age assim? Não sabemos ainda. Por ora, Olavo de Carvalho tem razão. 

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Alan Ghani é economista, PhD em Finanças e professor de pós graduação.

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Alan Ghani É economista, mestre e doutor em Finanças pela FEA-USP, com especialização na UTSA (University of Texas at San Antonio). Trabalhou como economista na MCM Consultores e hoje atua como consultor em finanças e economia e também como professor de pós-graduação, MBAs e treinamentos in company.

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