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O que o analista político que cravou Bolsonaro X PT há um ano acha sobre o 2º turno

Confira na íntegra a entrevista com um dos maiores analistas políticos do Brasil, Filipe Martins. Depois de cravar o resultado nas eleições americanas, inclusive por estado (acertou 48 de 50), Martins antecipou corretamente há um ano o resultado das eleições no 1º turno no Brasil. 
Por  Alan Ghani
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

  1. Filipe Martins, analista político que cravou o resultado nas eleições americanas, inclusive por estado (acertou 48 de 50), antecipou corretamente há um ano o resultado das eleições no 1º turno no Brasil. Em entrevista ao InfoMoney, Martins diz que as análises tradicionais erraram em não considerar Bolsonaro no 2º turno devido ao “imperialismo do método”, isto é, tentativa de fazer previsões com fatores pré estabelecidos, sem levar em conta o fator humano. Martins também afirma que pela primeira vez o Congresso terá uma bancada forte de direita, liberal na economia e conservadora nos costumes. Por fim, ressalta a grande influência que teve o filósofo Olavo de Carvalho para o crescimento da onda conservadora no Brasil.   

Alan Ghani: Filipe, vários analistas políticos colocavam um segundo turno entre Geraldo Alckmin e Fernando Haddad. Você foi um dos poucos que, com muita antecedência, cravou o resultado. Onde eles erraram? Ou: onde você acertou?

Filipe Martins: Escrevi um artigo em dezembro de 2016 e apontava o Bolsonaro, de um lado, e um candidato do PT, do outro. Neste artigo e numa entrevista para o InfoMoney (aqui), apontei a principal deficiência de análise: o imperialismo do método, que é encaixar todas as eleições dentro de um padrão (estruturas, tempo de TV, máquina partidária, alianças tendências, etc.), sem levar em conta o fator humano. O processo eleitoral é feito de escolhas humanas que vão dar direcionamento às ações. Deve-se levar em conta o momento histórico do país, a sociologia do país, como a população pensa e no que ela acredita. E talvez  a grande diferença foi perceber a singularidade da candidatura de Jair Bolsonaro – abertamente de direita, conservadora e convergente com os valores majoritários da população brasileira – e também a personalidade dele – antifrágil e não querida pela mídia -, que tentava dar voz a essa população sub representada, majoritariamente conservadora, com valores contrários da mídia, da academia e da classe política. Muita gente não conhecia o deputado Jair Bolsonaro. Ele era um fenômeno de internet. Eu dizia que ele cresceria bastante quando ocorresse um encontro natural com seu eleitorado pela TV (encontro orgânico pelos debates e sabatinas, e não pela propaganda eleitoral). A partir do momento que houve esse encontro, na primeira semana de agosto, – e mesmo sendo prejudicado pelo atentado que ele sofreu –  Bolsonaro teve uma subida contínua até o dia da votação.   

2. Alan Ghani: Você acredita que a votação pífia de Geraldo Alckmin se deve ao candidato, ou ao PSDB que está desgastado? De outro modo, se fosse o João Dória, por exemplo, mudaria algo? O PSDB seria mais competitivo, ou não?

Filipe Martins: Eu acreditava que o Dória seria mais competitivo e teria um desempenho melhor (inclusive havia dito que o candidato natural do PSDB seria o Dória); mas não seria suficiente para superar o Bolsonaro, que vai além do antipetismo É alguém com uma agenda propositiva conservadora. Dizia que o Geraldo Alckmin apresentaria dificuldades em disputar com um candidato de direita, além do momento político e o desgaste do processo do Aécio que prejudicariam também o seu desempenho.

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3. Alan Ghani: Muitos candidatos viram seus votos alavancar colando sua imagem em Bolsonaro.  Se esses candidatos tivessem feito um discurso mais à direita, sem se vincular ao Bolsonaro, teriam tido toda essa transferência, ou a figura de Bolsonaro pesa muito?

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Filipe Martins: Teriam sim uma votação maior, mas não nessa magnitude. Eu sempre vi o deputado Bolsonaro como um símbolo aglutinador, pelo carisma da pessoa. Ele gera uma identificação e atrai essas pessoas, não necessariamente pelas propostas que ele defende; embora, claro, haja uma convergência de valores e crenças. A partir dessa atração, ele dá um direcionamento para as ideias. Ele escolheu para as ideias no campo econômico o Paulo Guedes, no campo da cultura, as ideias conservadoras de Olavo de Carvalho. Mas tem candidatos de outros partidos (Paulo Eduardo Martins e Marcel Van Hattem), que não deram tanto destaque ao Bolsonaro, e tiveram votações expressivas.

4. Alan Ghani: Assistimos a uma renovação no Congresso. Somente o PSL tem 52 cadeiras na Câmara dos deputados. Pode-se finalmente dizer que a direita entrou para o cenário político nacional? A tendência para as próximas eleições é de que esse número cresça?

Filipe Martins: Sem dúvida alguma. Agora temos um número enorme de pessoas do PSL e de outros partidos com uma bancada conservadora nos valores e liberal na economia. Existem pessoas com uma ligação orgânica com o movimento conservador, ligadas às forças de segurança (Polícia, Exército ), igreja e empresários ligados à pauta econômica liberal. Há uma boa representação do que é a direita hoje. Na próxima legislatura, tende a aumentar ainda mais.

5. Alan Ghani: Em que medida isso será bom para o país?

Filipe Martins: Além da crise econômica e institucional, talvez a maior crise seja de representatividade. Qualquer pessoa que ousasse falar em nome dos valores e posições majoritárias da população era rapidamente jogada para as margens e chamadas de “extremistas”. Essa população era claramente sub representada. Isso é demonstrado por índices de confiança na democracia, reflexo de uma grande insatisfação com o sistema político. Ao colocar políticos que dão voz para a maior parte da população, resguarda-se a democracia e a representatividade. Isso é saudável para as nossas instituições, gera estabilidade para superar crises e oxigena o debate. Essas ideias e propostas novas liberais (na economia) e conservadoras são pouco conhecidas pela mídia e pela academia, pois ficaram de fora muito tempo. Há uma perspectiva muito positiva para a nação em termos de instituições, de ordem e atuação no exterior.

6. Alan Ghani: A que se deve este crescimento da direita? Não foi da noite para o dia…

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Filipe Martins: Não foi. Vamos considerar novamente o fator humano. Aqui no Brasil não podemos deixar de fora o filósofo Olavo de Carvalho que teve enorme contribuição para isso. No início da década de 90, ele fala que o PT chegaria ao poder e como o partido se comportaria, uma vez que estivesse no poder. Olavo se preparou para isso com cursos e textos, formando uma nova elite intelectual nacional que desse voz às parcelas dessa população sub representada. Em larga medida, isso é fruto de um trabalho começado pelo Olavo e continuado por ele e outros lá atrás.

7. Alan Ghani: Ele influenciou uma geração de formadores de opinião, certo?

Filipe Martins: Sim, sem dúvida. Com o Imbecil Coletivo, ele quebra a hegemonia cultural da esquerda. Depois ele começa formar uma geração de leitores jovens. Em seguida, vem uma segunda geração, que junto com a primeira, tem uma grande influência. Hoje, ele tem alunos que são juízes, diplomatas, deputados eleitos, etc, e é citado em votações no Senado. Isso é fruto de um trabalho pedagógico feito por ele à margem da academia, para formar uma elite intelectual nacional intelectual, mas também de operadores públicos (deputados, juízes, etc.).  Olavo de Carvalho buscou isso e atingiu esse objetivo.

8. Alan Ghani:  Para terminar, qual é sua aposta para 2º turno?

Filipe Martins: Bolsonaro entra como franco favorito, inclusive numericamente. Ele entra no 2º turno com 49 milhões de votos, que equivale a mais votos que o Ciro, Haddad e Alckmin somados. No 2º turno, a abstenção é maior, porque no primeiro tem a votação para deputados e senadores que levam mais gente para as urnas. Hoje, ele poderia ser eleito apenas com esses votos, mas é óbvio que ele não pode contar com essa possibilidade. Para ele chegar numa margem de segurança, ele precisa ter 52 milhões de votos, que seriam somados os votos de  Amoedo e Cabo Daciolo.  

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Acredito que ele terá mais. O Haddad tem uma dificuldade muito maior: ele teria que ter todos os votos da esquerda, e mesmo assim não teria a votação do Bolsonaro. Ele não deve apenas crescer com o eleitorado da esquerda, mas crescer sobre o eleitorado da direita. E o eleitor do Bolsonaro é fiel, engajado e resiliente. Além disso, há alguns indicativos históricos: i. o primeiro colocado sempre venceu no 2º turno, ii bom desempenho em MG vence as eleições, e ele foi muito bem lá, iii distribuição geográfica (RJ, RS e MG), no qual o PSDB não venceu nenhuma das últimas eleições, e Bolsonaro vence nesses estados. Isso faz dele um grande favorito juntamente com a força pessoal dele, antifrágil. Além disso, agora ele contará com uma campanha com mais tempo de TV (7 segundos para 6,5 minutos). O maior tempo de TV ajudará o candidato a diminuir a rejeição, colocar as propostas e atacar o adversário evidentemente.

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Alan Ghani é economista, colunista do InfoMoney, PhD em Finanças e professor de pós graduação.

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Alan Ghani É economista, mestre e doutor em Finanças pela FEA-USP, com especialização na UTSA (University of Texas at San Antonio). Trabalhou como economista na MCM Consultores e hoje atua como consultor em finanças e economia e também como professor de pós-graduação, MBAs e treinamentos in company.

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