Fechar Ads

A falta que faz a valentia de Mário Covas ao PSDB

O PSDB perde eleitores para Henrique Meirelles, Amoedo e Bolsonaro. Enquanto não havia opções, o PSDB tinha um eleitorado cativo que engolia a seco a covardia contra o petismo. Agora há opções. A covardia cobrou seu preço. A fibra e a espontaneidade de um Mário Covas nunca fizeram tanta falta ao partido.
Por  Alan Ghani
info_outline

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

O PSDB paga caro, muito caro, por anos de covardia. Por ter se envergonhado das privatizações em vez de valorizá-las; por não ter aberto processo de impeachment contra Lula em 2005 no mensalão, preferindo adotar o “sangrar sem derrubar”; pelo sumiço de Aécio Neves após as eleições de 2014, mesmo quando tinha toda a popularidade para se tornar líder da oposição (na época não sabíamos que estava na Lava Jato); pelas declarações cheias de “senões”, “poréns” dos seus caciques sobre o impeachment da presidente Dilma, entre outros atos de ponderação excessiva. 

O PSDB perde eleitores para Henrique Meirelles, Amoedo e Bolsonaro. Enquanto não havia opções, o PSDB tinha um eleitorado cativo que engolia a seco a covardia contra o petismo. Agora há opções. A covardia cobrou seu preço. A fibra e a espontaneidade de um Mário Covas nunca fizeram tanta falta ao partido. O ex-governador rasgava o protocolo politicamente correto do PSDB e travava embates homéricos com Paulo Maluf, político com extraordinária retórica. Dava certo, a população gostava. A ousadia de Covas nunca foi tão necessária para derrotar um Bolsonaro. 

Aliás, o atual prefeito de São Paulo, Bruno Covas, neto do ex-governador, reconheceu em entrevista ao InfoMoney (aqui) alguns erros políticos do partido que provavelmente não seriam cometidos pelo seu avô.

Deve ser duro para Alckmin precisar de dezenas de alianças, de apoio do centrão e de tempo de TV para tirar votos de Bolsonaro, candidato sem nenhuma máquina partidária. O sociólogo FHC deve estar tentando entender o fenômeno eleitoral. “Onde erramos?” “Será uma mudança da sociedade?”

Uns diriam que a omissão decorre de um alinhamento ideológico do PSDB com o  PT. Ok, mas mesmo assim há uma disputa real entre eles pelo poder. E o PSDB, do ponto de vista eleitoral, perdeu muitos eleitores pela falta de posicionamento. 

Alckmin poderá ser derrotado pelo mito – não digo de Bolsonaro -, mas o mito de que o povo não se identifica com valores de direita e que a covardia seria uma boa estratégia. Mário Covas saberia disso.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Siga Alan Ghani no Facebook, Twitter (@AlanGhani) 

Quer investir pagando apenas R$ 0,80 de corretagem? Clique aqui e abra sua conta na Clear.

Alan Ghani É economista, mestre e doutor em Finanças pela FEA-USP, com especialização na UTSA (University of Texas at San Antonio). Trabalhou como economista na MCM Consultores e hoje atua como consultor em finanças e economia e também como professor de pós-graduação, MBAs e treinamentos in company.

Compartilhe

Mais de Economia e política direto ao ponto