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Carta aberta ao Movimento #342, da “turminha” do Gregório Duvivier

O texto desmascara as platitudes, frases de efeito e abstrações do vídeo produzido pelo Movimento #342 . Além disso, o artigo aborda o duplo padrão desta turma (crítica a Temer e silêncio nos governos petistas). 
Por  Alan Ghani
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

“Inexplicavelmente”, muitos artistas e acadêmicos se silenciaram durante 13 anos de governo petista. Não se viu nenhum vídeo e nenhuma #hashtag sobre as atrocidades cometidas na ditadura socialista venezuelana apoiada pelo PT, nem sobre a corrupção petista e, muito menos, sobre a farra fiscal da dupla Dilma e Lula que arruinou com a economia do pais, tirando o emprego de 13 milhões de pessoas. Nenhum vídeo em solidariedade a mais de 60 mil pessoas assassinadas por ano no Brasil. Nada! Ouviu-se apenas o silêncio durante 13 anos do governo petista.

Durante 13 anos, a esquerda do Leblon, a turma da linguiça na cachaça, simplesmente despareceu. Fazer piada crítica contra o governo virou preconceito contra pobre, no caso de Lula; e contra mulher, no caso de Dilma, conforme observou o comediante Danilo Gentili em entrevista para o Antagonista (aqui).

Eis que chega ao governo Michel Temer e, de repente, a turma dos inteligentistas – cools de esquerda metidos a intelectuais –  reaparece com seu tom crítico. “É golpe”, “não há provas” e, agora, “intervenção é farsa” se tornaram parte de uma narrativa orquestrada por intelectuais e artistas nas universidades e na mídia (já tem até disciplina sobre o “golpe” nas universidades federais – pagas, é claro, com o seu dinheiro).

É claro que a intervenção no RJ não iria ficar de fora da boca dos descolados do Leblon. Recentemente, o movimento #342 – composto por Gregório Duvivier (sempre), Caetano Veloso, Marcelo Freixo, entre outros – fez um vídeo contrário à intervenção federal no RJ. O vídeo (aqui) é um festival de platitudes, frases de efeito, abstrações e clichês marxistas. Teve de tudo, menos o principal: soluções CONCRETAS para o problema da segurança pública no RJ. Abaixo, algumas frases dos nossos “especialistas” em segurança pública e meu comentário logo em seguida.

Luiz Eduardo Soares (antropólogo): “Os policiais do RJ trabalham em condições sub humanas”.

Meu comentário: Ok, é verdade, mas no que isso invalida a intervenção? Qual é a relação de uma coisa com a outra? Então é só melhorar a condição do policial que a criminalidade vai diminuir? É claro que se deve melhorar as condições de trabalho do policial, mas isso não tem nada a ver com a intervenção. Ironicamente, a classe intelectual, que costuma demonizar o policial e vitimizar o bandido, resolve agora falar em melhores condições para o policial.

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Ignácio Cano (sociólogo especialista em segurança pública): “proposta importante para área de segurança pública: pagamento do RAS (um adicional) para o policial”.

Meu comentário: Primeiro, vamos falar de economia básica. O sociólogo propõe tirar dinheiro de onde para pagá-los? Ou será que ele não sabe que o Rio de Janeiro está falido. Segundo, em seu raciocínio, está implícito que existem crimes no RJ porque o policial ganha mal e por isso não combate o crime corretamente. É isso, então? A violência no RJ se resume a uma questão salarial do policial? Ah, faça-me um favor!

Ibis (coronel reformado): “segurança pública começa com segurança social e redução da desigualdade”.

Meu comentário: É claro que o “clichezão” marxista “desigualdade causa violência”  não poderia ficar de fora. Pois é, a renda cresceu, a desigualdade diminuiu na última década no Brasil, e a criminalidade cresceu. Além disso, há países mais pobres e mais desiguais que o Brasil, onde a criminalidade é menor, explicando que existem inúmeros outros fatores a serem considerados sobre violência urbana, além do lenga lenga da desigualdade social.

And the oscar goes to…

Marcelo Freixo: a gente faz com que a taxa de homicídios seja reduzido (sic), se a gente controlar melhor as ARMAS LEGAIS (grifo meu) e fazer com que as fronteiras possam ser mais bem vigiadas.

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Meu comentário: Os bandidos, por acaso, compram armas no mercado legal ou no ilegal, Freixo? Por acaso, as armas entram no Brasil legal ou ilegalmente? Que tipo de arma, legal ou ilegal, entra por fronteiras não vigiadas? Sua frase derruba sua própria opinião. 

Falaram também em serviços de integração e inteligência – certamente expressões bonitas e de forte impacto -, mas abstratas. A questão é sempre o “como?”, e não apenas soluções genéricas e platitudes abstratas. Pergunto: sem abstrações, qual a ação CONCRETA vocês propõem para reduzir a violência a curto prazo?

Caetano Veloso diz: “segurança é coisa séria, mexe com a vida das pessoas, não pode ser uma jogada”. Caetano, ninguém é ingênuo em acreditar que o presidente Michel Temer fez isso sem interesses eleitoreiros. Uma decisão não é tomada apenas por causas nobres, mas também por interesses individuais, ou não? O governo viu uma oportunidade em minimizar o maior problema do Brasil (ignorado por FHC, Lula e Dilma) e colher frutos em cima disso, é claro. Em política, muitas vezes, as ações certas são tomadas pelos motivos errados, enquanto muitas causas “bem-intencionadas” geram consequências  catastróficas. Nesse caso, pouco importam as intenções, mas os resultados a serem produzidos.

Por fim, destaco que, em parte, a violência é consequência direta da falência cultural brasileira que resultou na decadência moral do país. De um lado, bandidos sem nenhuma piedade para tirar a vida de alguém (esvaziamento do sentido da vida); do outro, “intelectuais” e artistas legitimando os atos criminosos ao tirar todo sentimento de culpa do assassino, dizendo explicita ou implicitamente que ele não passa de uma vítima da sociedade.

O Movimento #342 faz parte desta decadência cultural.

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Alan Ghani É economista, mestre e doutor em Finanças pela FEA-USP, com especialização na UTSA (University of Texas at San Antonio). Trabalhou como economista na MCM Consultores e hoje atua como consultor em finanças e economia e também como professor de pós-graduação, MBAs e treinamentos in company.

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