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Compra da Ford Caminhões pela CAOA: o que há por trás da história?

Uma das maiores transações - se acontecer - no mercado automotivo será de um concessionário comprar a sua fabricante! Estamos falando do grupo CAOA  adquirindo a Ford Caminhões. Mas, o que tem por trás de todo esse jogo?
Por  Raphael Galante
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Caros leitores; digníssimas leitoras: a notícia da semana/mês para o setor automotivo é a possível compra da Ford Caminhões pela CAOA.

A história em si é tão surreal que a gente precisa fazer uma regressão para tentar entender o que está acontecendo, e tentar ler um pouco do que está escrito nas entrelinhas (e, para piorar, foi escrito em aramaico antigo!)

Quando vamos falar do grupo CAOA, a verdade é que temos que falar sobre o dono do grupo. O Doutor (sim, ele é médico) Carlos Alberto de Oliveira Andrade!

Assim como todo ser humano, possuímos qualidades e defeitos. O Dr. Carlos, também. Se ele possui mais qualidades ou defeitos, depende do ponto de vista de quem está analisando. Como o nosso seguro de responsabilidade civil venceu e ainda não renovamos, vou abordar aqui, então, duas qualidades que ele tem e deixar os defeitos para quando renovarmos o seguro!

A principal é que ele é um comerciante nato: o seu faro por negócios – apesar de seus quase 80 anos –, é admirável! Basta lembrar que foi ele quem fez a marca Renault e Hyundai no Brasil. E, recentemente, conseguiu dar um UP na Chery, isso sem esquecer da Subaru e da própria Ford que ele representa.

Sobre estes assuntos, já abordamos aqui, quando a marca Chery começou a despontar no mercado. Na época, fizemos uma analogia (aqui) dizendo que, pela primeira vez, estávamos vendo um raio cair no mesmo lugar por três vezes! EU ACHO QUE EU ERREI! ELE VAI CAIR UMA QUARTA VEZ NO MESMO LUGAR!

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O relacionamento do Dr. Carlos com a Ford é de longuíssima duração. Foi através dela que ele entrou no setor automotivo. Ele provavelmente deve ser um dos concessionários mais antigos da marca (ainda em atuação).

Por isso que, quando um “simples” distribuidor compra a fábrica da montadora que ele representa (estamos falando de uma Ford), precisamos entender todo aquele aramaico antigo que está escrito nas entrelinhas.

Vamos tentar entender a operação:

A Ford vai desativar a fábrica dela, isso é fato. Ela é defasada/ultrapassada; poderia até dizer que a fábrica de SBC é um “elefante branco”, mas o termo mais correto seria uma manada de “elefantes brancos”.

O motor do caminhão muda em 2022 e, por mais que a Ford tenha em seu porfólio o F-Maxx europeu (que é um “baita” caminhão), ele só seria viável para a troca de uns 30% da linha atual, ou seja, para os caminhões semileves; mas os leves e médios (70% da minha linha) não há nova motorização.

Eu acho que o pessoal lá da trumplândia tomou a melhor decisão possível. Na verdade, a única!

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Pois bem, amiguinhos… se o estagiário daqui consegue ter essa visão, você pode apostar que lá no grupo CAOA deve ter pessoas muito mais evoluídas para analisar o cenário.

E aí, é que entra a segunda qualidade do Dr. Carlos: ele não queima/rasga dinheiro assim tão fácil. A única vez que vimos o grupo CAOA queimando dinheiro foi quando mandou um cartão de natal aqui para o estagiário.

A pergunta que a gente fez (ainda faz) é: o que ele está ganhando?

Que ele está comprando a fábrica da Ford nas bacias das almas isso é mais que um fato. Ele também deverá ser o responsável por cuidar da operação de manutenção; vendas de peças e garantia dos caminhões Ford. Ou seja, a Ford pagará para ele uma boa quantia, pela próxima década.

Que ele possa “produzir” o caminhão europeu aqui sobre a licença da Ford, ok… mas, mesmo assim, seria para apenas 30% da linha atual!

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Que ele “costurou” um acordo com os governos estadual e municipal, para “novas benesses”, também deve ter ocorrido.

Mas, ele vai continuar com os pepinos da fábrica e do sindicado (eca!).

E, mesmo assim, nossa conta de padoca ainda não fecha! E o Dr. Carlos não é de queimar dinheiro, repito!

Logo deve ter algo mais, que ainda não foi dito.

Como somos economistas e, assim como o pessoal da previsão do tempo, gostamos de fazer previsões (a briga entre as duas classes é para ver quem erra menos!).

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O que achamos?

No final da primeira quinzena de fevereiro, percebemos que no pátio onde ele movimenta os veículos importados recebidos, apareceram “uns veículos diferentes”.

Foram esses daqui:

Um caminhão Hyundai. Mas não aquilo que ele já vende (o HR ou o HD78), estamos falando de um caminhão pesado.

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E, se o caminhão estava aqui no meio de fevereiro, imaginando o alto grau de agilidade dos coreanos, esse pedido (ou veículos cortesia/demonstração) foram embarcados no começo de janeiro. Ou seja, na melhor das hipóteses, esse cenário já estava sendo construído desde o segundo semestre do ano passado.

E o que vem acontecendo desde o segundo semestre do ano passado?

O pessoal da Hyundai e da CAOA entraram em litígio por causa do vencimento do seu contrato, na produção/importação dos automóveis – a Hyundai Motors Brasil, diretamente ligada à matriz coreana, fabrica a linha HB20 e o SUV Creta, enquanto a CAOA cuida dos importados (New Tucson e Elantra, entre outros). Tanto é que o processo seguiu para uma câmara arbitral em Frankfurt em agosto do ano passado.

Que o Dr. Carlos terá que ser indenizado pela Hyundai, é um fato. O que se discute é o tamanho da conta. Como falei no começo, ele é um comerciante nato. Talvez um novo “business” para ele (como forma de indenização) facilite/agilize o processo para ambos (CAOA e Hyundai), já que esses processos são meio morosos para a conclusão final, e isso mancha demais a imagem da marca.

Agora, ganhar uma fábrica pronta para caminhões com uma rede de concessionárias montada, foi o melhor dos mundos para ele.

Para a Ford, idem! Consigo ganhar uns trocos pelo meu elefante; tenho alguém que vai fazer a manutenção/garantia dos meus produtos e, talvez, ainda possa me livrar de alguns problemas com sistemistas e funcionários além de, quem sabe, ainda manter parte da produção dos meus caminhões.

Concessionários tenderão a ganhar neste cenário, basta trocarem o totem das revendas; parte dos funcionários serão alocados.

Só os governos que devem ter cedido sem grandes contrapartidas…

Nesta projeção, comprar a fábrica de caminhões da Ford faz a conta do Dr. Carlos fechar, e fechar bem….

Lógico que, como disse: isso tudo é uma previsão, apenas um cenário montado com o que estamos coletando. Um dos defeitos que apontam para o Dr. Carlos é que ele “muda de ideia” com muita facilidade…

Mas, se isso acontecer, será o quarto raio caindo no mesmo lugar!

E aí, o que achou? Dúvidas, me manda um e-mail aqui.

Ou me segue no facebook aqui.

=)

Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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