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Previdência e Fed no radar dos investidores brasileiros

Apesar da menor disposição do Fed em subir os juros, a insegurança do mercado com a capacidade do governo aprovar uma reforma da Previdência evita queda maior do dólar.
Por  José Faria Júnior
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Caro leitor,

Nas últimas semanas o dólar/real foi negociado entre R$3,05 e R$3,17 e a grande questão é: esta faixa de negociação ainda terá sobrevida por algum tempo ou o dólar irá ganhar alguma direção, para cima ou para baixo?

Para esclarecer esta questão, vou dividir a resposta analisando o cenário interno (maior peso) e o cenário externo (menor peso).

1-      Cenário interno é binário!

Em minha opinião, o dólar deverá cair se o governo aprovar reforma da Previdência que consiga manter algo em torno de 50% a 60% da economia inicial estimada em R$800 bilhões para os próximos 10 anos. Por outro lado, se o governo não conseguir aprovar esta reforma, o mercado irá reagir de forma negativa, impactando o dólar e também outros ativos, como a bolsa, os juros e os CDS (credit default swap – que podemos entender como “risco Brasil”).

Desde agosto de 2016 eu tenho me posicionado com muito ceticismo com relação a esta reforma. A InfoMoney, entre outros veículos jornalísticos, publicou por diversas vezes nestes últimos meses os meus alertas que o governo seria obrigado a ceder e, por isto, esta seria a primeira e não a única reforma da Previdência. E, não deu outra: o governo começou a ceder e acredito que continuará cedendo para conseguir os votos necessários no Congresso.

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Segundo o Estadão, o placar da Previdência aponta 210 deputados contrários a reforma e apenas 75 deputados favoráveis a reforma. Importante lembrar que há quase 20 dias, quando o Estadão lançou o placar indicando derrota do governo, Mansueto Almeida (Secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda) sugeriu que o placar fosse revisto após a leitura do parecer. Por enquanto, este placar pouco mudou e tudo indica que os deputados irão aguardar os protestos marcados para ocorrer nos dia 28 de abril e 01º de maio para decidirem o que deverão pedir a mais para votar a favor da reforma. Além de cargos, é muito provável que o governo tenha que ceder em mais alguns pontos como manutenção das regras para funcionários públicos que ingressaram até 2003 (com custo estimado de $23 bilhões em 10 anos) e nova redução da idade mínima.

Sobre a idade mínima, Paulinho da Força Sindical protocolou em fevereiro proposta apoiada por 300 deputados para que a mesma fosse de 58 anos para mulheres e de 60 anos para homens. Além disto, pedia regra de transição mais suave e alteração na forma de cálculo. Em linhas gerais, o governo praticamente não cedeu na idade mínima e, acredito, este será o ponto chave para tentar aprovar esta reforma na Câmara e também no Senado.

Desta forma, o que está ocorrendo não é surpresa! Eu posso estar enganado, mas acredito que o governo cederá ainda mais. Em termos de valores, o que penso é o seguinte: a economia atual estimada pelo governo para os próximos 10 anos está em R$600 bilhões, ou seja, 75% da economia projetada de R$800 bilhões. Porém, com a possibilidade de partidos da base do governo liberarem as bancadas para votar (caso do PSB) e as vésperas de uma greve geral, esta economia deverá ser reduzida para algo em torno de R$500 bilhões (60% – um pouco mais ou um pouco menos) para garantir os votos necessários. 

Hipótese principal: se conseguirmos ter a aprovação da reforma ao menos em 1º turno na Câmara no mês de maio, o dólar deverá voltar a testar a sua cotação mínima do ano, de R$3,04.

Hipótese alternativa: se a Câmara rejeitar a reforma, o mercado irá piorar. E, não é somente isto! Se as consequências fossem apenas a piora dos preços dos ativos, o dano seria menor. Mas, as consequências da não aprovação da reforma serão sentidas por todos nós durante muito tempo! O mercado apenas refletirá em seus preços a expectativa de estagnação econômica, desemprego alto e temor de retorno da inflação. Em termos de cotação, o dólar irá romper a região “teto” de R$3,17 e caminhará em direção a R$3,30, que é o atual gatilho de reversão da tendência de baixa de longo prazo do dólar no Brasil.

2-      Cenário externo:

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2.1- Fed ainda benigno.

O Fed parece que caminha para subir os juros apenas mais uma vez neste ano. Ainda é muito cedo para afirmar isto, ainda mais às vésperas de divulgação do pacote fiscal de Trump. Mas, é isto que indica a curva de juros futuros.

O que temos de objetivo até o momento sobre os EUA são dados indicando:

a-     A perda de ritmo do crescimento da economia. Destaco o índice PMI Manufacturing, que é indicador antecedente e mostra que a economia no mês de abril voltou a desacelerar; e também as projeções para o crescimento do PIB do 1º trimestre do ano, que deverá crescer na metade do ritmo do 4º trimestre de 2016;

b-     A redução da inflação. O CPI (inflação do consumidor) subiu em março em ritmo mais fraco que nos meses anteriores.

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2.2- Commodities fracas.

Continuando no cenário externo, vejo risco maior na cotação das commodities. Neste momento, a tendência de alta de longo prazo de um índice que engloba mais de 2 dezenas de commodities (que inclui petróleo, ouro, cobre, alumínio, açúcar, café, milho, soja e outras) ameaça entrar em tendência de baixa de longo prazo, o que seria uma notícia com impacto negativo para o Brasil. Vamos monitorar, mas se confirmar a reversão desta tendência, o dólar tenderá a ficar mais forte.

3-      Conclusão:

 O cenário interno é binário, dependente do êxito da aprovação da reforma da Previdência.

O cenário externo sugere Fed menos inclinado a subir os juros e o resultado do 1º turno da eleição na França proporcionou grande alívio ao mercado. Porém, convém ficar atento porque ainda tem o 2º turno da eleição francesa (as pesquisas indicam Macron na frente); a necessidade de acordo da dívida grega; as questões geopolíticas (Síria, Estado Islâmico e Coreia do Norte); pacote fiscal de Trump (com risco de incluir uma taxa de fronteira); e a eventual fraqueza nos preços das commodities.

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Assim, o dólar/real segue trabalhando no range central de 3,05 – 3,17. Se o Governo tiver sucesso na reforma, poderemos ver o dólar finalmente testando de fato os 3,00. Mas, fique atento caso este cenário principal não se materialize.

Na próxima semana, antes da reunião monetária do FOMC – quarta-feira, dia 03 de maio – iremos conversar mais sobre o Fed e o cenário externo.

Até a próxima semana!

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