Qual é o seu tipo ideal?

Tipo ideal ou tipo puro são termos utilizados como um instrumento de análise. Calma, aqui não apresentarei uma nova ferramenta-ultra-moderna-do-momento para escolha de qual é o melhor investimento ou ação para comprar. Está bem distante – a referência é sobre análises sociológicas de fenômenos sociais.

Já assustou? Fique tranquilo (a), porque não entrarei em campos filosóficos: este não é o ponto, nem a minha especialidade. É que quero demonstrar como a teoria do sociólogo e jurista alemão Max Weber traça um padrão de comparação que nos permite olhar o mundo real de forma mais clara.

A proposta do tipo puro é ser um guia diante de tantos fenômenos que acontecem no mundo real. Ou seja, ele cria tipos ideais (tipologias mesmo para entender a sociedade).

Apesar de que – impressionantemente – eles não corresponder à realidade. Sabe por quê? Na verdade, cada um de nós age como se tivesse o domínio completo de nossas ações e consequências, de forma absolutamente racional… Quando, na verdade, quem tem certeza de tudo?

Essa maneira “pura” não acontece na realidade.

Weber pretendia desenvolver a sua visão da sociologia: “o objetivo do tipo ideal é ressaltar aspectos comparativos, a partir dos quais fazemos observações e criamos hipóteses (ou teorias) sobre a realidade analisada”.

No mundo dos investimentos, o que seria diferente? Não estamos aqui fazendo comparações entre o que é melhor agora ou não? Não estamos criando pressupostos do que é o ideal para nós? Tentando criar tipos ideais de diversificação de carteira universais?

E, para mim, sabe o que todo mundo deveria saber? Que deveríamos usar mais Weber em nossos investimentos.

Na prática, a teoria é outra

Um modelo funciona muito bem para analisar casos concretos, ou ainda, um instrumento para o arranjo da realidade é essencial nos dois casos – na teoria e nos investimentos.

Mas há um tipo ideal?

Na minha percepção, existem alguns tipos puros sim, contudo são nortes para a realidade de cada pessoa. Existe um guia, um tipo ideal, mas o que acontece na carne e osso é bem diferente.

Somos únicos, o que implica em investimentos e carteiras adaptadas a cada personalidade.

Se cada um pensa de uma forma, por que raios deveríamos investir todos iguais?

Devemos respeitar alguns conceitos básicos – sem dúvida alguma -, mas, no fim do dia, cada um deve investir à sua maneira.

O tipo ideal inclui: diversificação harmônica, poupança como um inimigo e um bom colchão de liquidez (ou reserva de emergência, se preferir) para ficar tranquilo diante de qualquer imprevisto.

Existe ao menos uma média em que pontos em comum estão presentes para os mais variados perfis.

Agora, e quanto ao restante?

Aí, meu amigo, cada um sabe a dor de estômago que tolera na hora em que tudo balança. Da Bolsa de Valores aos títulos públicos, os seus rendimentos podem oscilar (e muito), e só você sabe como se sente mais confortável.

Portanto, após a escolha de quais são os produtos financeiros ideais para você, a dosagem de cada um deverá ser uma opção exclusivamente sua.

O mundo é dos praticantes: você só saberá exatamente quanto deve ter, depois que der os primeiros passos no mundo dos investimentos. Caso contrário, será apenas uma bela teoria de tipo puro ideal (sem aplicação na realidade).

Afinal de contas, a melhor maneira de aprender a investir é justamente investindo.

Abro para um adendo. Só não podemos cair nos erros mais comuns dos investidores. Melhor aprender com os outros do que ter que sentir tudo na pele. Razão pela qual gravei uma série de vídeos com os principais erros dos investidores – não deixe de conferir.